Lider do Bloco Democracia e Luta, Ulysses Gomes, defende aumento

Lider do Bloco Democracia e Luta, Ulysses Gomes, defende aumento "digno" para servidores públicos e cobra diálogo de Zema

crédito: Henrique Chendes/ ALMG

A oposição na Assembleia Legislativa trabalha para tentar elevar o índice da recomposição salarial proposto pelo governador Romeu Zema (Novo) para todo o funcionalismo. O argumento é de que um percentual maior que 3,62% é possível e só depende da boa vontade do chefe do Executivo.

 

Segundo avaliação do líder do Bloco Democracia e Luta, deputado estadual Ulysses Gomes (PT), Zema tem aversão ao diálogo, não só com o servidor, mas também com a própria Assembleia Legislativa.

 

 

Ulysses Gomes concedeu esta entrevista ao Estado de Minas sobre o tema que vem mobilizando os servidores. A reportagem também procurou o deputado Cássio Soares (PSD), líder do Bloco Minas Em Frente, o maior da ALMG, que faz parte da base de apoio ao governo Zema, mas ele não concedeu entrevista.

 

EM - Existe chance de ser aprovado um índice maior do que o proposto pelo governador?

Ulysses - Para evitar desculpas esfarrapadas, estamos autorizando que o governo, dentro das emendas propostas, possa dar as recomposições inflacionárias, inclusive, as que ele prometeu durante o período eleitoral. É o mínimo que os servidores esperam e merecem, já que têm esse direito garantido na Constituição. E, pasmem, nem isso o Zema deixa aprovar no Parlamento. O Bloco Democracia e Luta está propondo e sensibilizando os demais deputados e deputadas na Casa para aprovar um índice que contemple, pelo menos, as inflações de 2022 e 2023.

 

 

A oposição pretende obstruir a votação hoje caso não haja acordo sobre um índice maior?

É importante registrar que, durante todo o debate do reajuste, em nenhum momento nós tivemos, por parte da oposição, um processo para atrasar, prorrogar ou obstruir o projeto. Muito pelo contrário. O que fizemos foi um debate político, ressaltando as promessas do governo não cumpridas, os compromissos que o governador Zema assumiu tanto em período eleitoral, quanto em discursos em que dizia valorizar os servidores e, ao mesmo tempo, mostrando as contradições como a que vimos recentemente em que ele provoca os servidores, dizendo que aqueles que não se sentirem satisfeitos podem procurar a iniciativa privada. O que a gente tem feito é o debate político mostrando que, infelizmente, este reajuste proposto é pífio, está abaixo da inflação e a gente procura, com isso, valorizar os servidores, tentando convencer o governo e a sua base aqui na Assembleia de que é preciso melhorar essa proposta.

 

Qual será a estratégia?

Neste momento o projeto já está na fase de encaminhamento e votação no plenário. Apresentamos emendas para melhorar o texto e vamos agora defender um reajuste maior, que valorize os servidores. É isso que temos feito desde o início da tramitação. E, por isso, estamos tentando e precisamos sensibilizar a base do governo, já que o próprio governo se nega ao diálogo, no sentido de mostrar a cada deputada e deputado a importância da aprovação de um reajuste digno para os servidores, que estão no dia a dia atendendo a população.

 

 

Qual o impacto dessa recomposição abaixo da inflação para o servidor e para o governo?

É importante ressaltar esse impacto em dois aspectos: o impacto orçamentário nas contas do governo não chega a R$ 500 milhões ao ano. Um governo que deixou de arrecadar bilhões de reais dando isenção fiscal a empresas e locadoras, que aumentou imposto, com previsão de arrecadar mais de R$ 1,2 bilhão, portanto, teria condições de dar aos servidores pelo menos a recomposição inflacionária. Agora, o impacto direto aos servidores é muito negativo à sociedade. É terrível imaginar que os servidores não estão sendo valorizados e isso possa impactar de alguma forma na desmotivação desses servidores e no seu atendimento final à população. É por isso que temos repetido: Zema está promovendo um apagão, um colapso nos serviços públicos em Minas Gerais. Não à toa os servidores estão adoecidos, desanimados, por isso é hora de um gesto, senão do governo, mas da Assembleia, de reconhecer a importância e valorizar os servidores. E nesse sentido eu pergunto: para onde está indo o dinheiro do aumento de impostos, de isenções fiscais, da dívida que ele não paga, do crime da Vale? É tanto dinheiro que se arrecadou a mais, dinheiro que se abre mão ou passa para outros investimentos, mas não chega até a política pública.

 

 

O governo alega não ter recursos em caixa para pagar um índice maior. Qual sua avaliação?

Zema diz não poder oferecer recomposição salarial por causa da situação fiscal, mas aumentou o próprio salário em 298%, deu isenção fiscal de R$ 1,2 bilhão para seu principal financiador de campanha e segue aumentando os benefícios fiscais, que já passam de R$ 18 bilhões. Zema gasta R$ 7,5 milhões em contrato que tem de buffet de luxo e desembolsa R$ 3,5 milhões para pagar salário de seu secretário. Em resumo, Zema tem prioridades em seu governo, mas, lamentavelmente, essa prioridade não é o povo mineiro, não é o servidor, por isso a nossa luta para melhorar essa recomposição.