Docentes da Universidade do Estado Minas Gerais (UEMG), professores da educação básica e sindicalistas reuniram-se em frente à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) na tarde desta quarta-feira (8/5) em um protesto por melhores salários e contra aumento das taxas do Ipsemg e o desmonte do serviço público. Nos gritos de protesto, o principal alvo era o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), que na semana passada enviou à ALMG um projeto de lei que reajusta em 3,62% os vencimentos de todos os servidores públicos. Esse percentual foi criticado por sindicalistas, sobretudo por ter ficado abaixo da inflação do ano passado, cujo IPCA foi de 4,52%.

 



 

Manifestantes chegaram a imprimir fotos do governador e colocá-las em bonecos, com os dizeres "Minas está à venda". No carro de som, os sindicalistas gritavam que era "inaceitável que a educação mineira continue a ser sucateada, com a extinção de cargos e empregos, e que profissionais não recebam o piso salarial."

 

 

Manifestantes da Educação são contra o governador Romeu Zema

Leandro Couri/EM/DAPRESS

Em uma carta aberta à população, o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (SindUTE), presente na manifestação, afirmou que o texto enviado pelo governador destaca a "desvalorização enfrentada pelos educadores, mas também evidencia o descumprimento da legislação que rege a política salarial da categoria". "O governo Zema descumpre a legislação e nos impõe atuar em diversas frentes de lutas. Portanto, é imperativo que cada um e cada uma de nós contribua ativamente para essa batalha, fortalecendo e aumentando nossa capacidade de enfrentamento aos desmandos do governo Zema. Afinal, nossa luta não é sobre proporcionalidade, é sobre dignidade", diz o texto.

 

 

Em 29 de abril, servidores das forças públicas do estado também protestaram contra as ações do governador, na Cidade Administrativa, sede do governo do estado. Ao final, os manifestantes fecharam a MG-10, que liga a capital ao BH Airport, em Confins. Na segunda-feira (6/4), Zema disse em entrevista à Rádio Jovem Pan que quem achar que o setor público no estado não paga bem pode seguir carreira no setor privado. "Se alguém acha que o setor público não paga tão bem, pode seguir carreira no setor privado", afirmou. O governador havia sido questionado se é possível mudar a "cultura" de "sempre extrair um pouco mais", que uma "elite do funcionalismo" mantém.

 

 

Em conversa com o Estado de Minas, a deputada estadual Lohanna (PV-MG), membro da Comissão de Educação, disse que entende "completamente" a importância desta manifestação. "É essencial apoiar essas demandas para garantir a qualidade da educação e proteger os direitos dos trabalhadores, afinal, o governo Zema é conhecido por seu histórico de ataques à educação pública e aos servidores da área", disse a deputada estadual.

 

 

Já o presidente da Comissão do Trabalho na ALMG, o deputado Betão (PT-MG), chegou a dizer que, se a situação dos servidores públicos de várias categorias está insustentável, a dos trabalhadores da UEMG, em greve, é ainda mais. "Há décadas eles não têm reajuste, não têm plano de carreira, nem infraestrutura de atuação. E é importante falar que o reajuste que Zema enviou à Assembleia, de 3,62%, não chega nem perto do valor da inflação e nem de longe, contempla o valor do piso salarial de pouco mais de 33%", afirmou. 

 

Ipsemg

Também na semana passada, Zema enviou dois projetos de lei que tratam da contribuição dos servidores ao Instituto de Previdência dos Servidores do Estado (Ipsemg). Se forem aprovados, as contribuições individuais podem aumentar em até 81,8%.

 

O governo argumenta que a proposta tem o objetivo de expandir a capacidade de atendimento da rede, modernizar e otimizar a prestação de serviços do instituto. Porém, trabalhadores do funcionalismo público afirmam que o reajuste penaliza as categorias. Atualmente, o Ipsemg possui 825 mil beneficiários em todo o estado.

 

O Estado de Minas entrou em contato com o governo estadual mas não obteve resposta.

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