Nos últimos dois dias, um novo capítulo na briga entre a família Azevedo e a deputada estadual Lohanna (PV-MG) ganhou destaque nas redes sociais. O foco da vez foram as chuvas que assolam o Rio Grande do Sul e as doações encaminhadas aos atingidos.

 

De um lado, o senador Cleitinho (Republicanos-MG) afirmava que policiais estavam apreendendo cargas e barrando as doações por falta de nota fiscal. Do outro, Lohanna rebateu a declaração denunciando o senador por fake news, afirmando que o que estava acontecendo no local era uma multa por sobrecarga em estados vizinhos - Santa Catarina e Paraná - para segurança dos motoristas que dirigiam as carretas.

 



 

No primeiro vídeo, vinculado à conta do senador mineiro, Cleitinho mostrava sua indignação com a apreensão de donativos enviados ao Rio Grande do Sul. A notícia compartilhada por ele foi vinculada ao SBT.

 

 

O programa "Tá na Hora", apresentado por Marcão do Povo, que mistura jornalismo e entretenimento, realizou uma cobertura nas estradas do estado, e, de acordo com uma reportagem de Márcia Dantas, caminhões com doações estariam sendo barrados por fiscalização, por não apresentarem nota fiscal - um boato disseminado em grupos de WhatsApp e nas redes sociais - e por extrapolarem o limite de peso permitido. Na matéria, entrevistados, incluindo um funcionário da Defesa Civil, alegavam ter sido notificados e autuados em R$ 200.

 

Leia também: Cleitinho propõe usar o Fundo Eleitoral para ajudar o Rio Grande do Sul

 

A GloboNews e a Record chegaram a fazer outras reportagens desmentindo a informação. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) também negou as informações em uma nota publicada nas redes sociais, avisando que cargas com donativos não precisam passar por fiscalização em pedágios.

 

A reportagem dizia que uma empresa de pães havia sido barrada. Na rede social X (antigo Twitter), a empresa afirmou que o caminhão foi abordado por excesso de peso e depois liberado para seguir viagem e que os donativos chegaram às pessoas que fazem a distribuição.

 

Leia também: STF forma maioria para restringir políticos em estatais

 

Foi o que apontou a deputada estadual Lohanna, que chegou a gravar um vídeo e divulgá-lo nas redes sociais. Nas imagens, a parlamentar assiste ao vídeo do senador e afirma que ele estava divulgando fake news. A deputada chegou a dizer que estava "denunciando" Cleitinho, o que gerou revolta de outro membro da família Azevedo, o deputado estadual Eduardo Azevedo (PL-MG), que divide os corredores na ALMG com a parlamentar.

 

 

 

Em seu Instagram, Eduardo publicou a íntegra da reportagem do SBT e rebateu a deputada estadual. O vídeo chegou a viralizar e foi compartilhado também pelo coach Pablo Marçal.

 

 

 

Eleições

 

Apesar da atual guerra entre os Azevedos e Lohanna ter o foco nas enchentes no Rio Grande do Sul, a briga entre os grupos políticos tem, na verdade, outro viés: as eleições municipais de Divinópolis, na Região Oeste de Minas Gerais. Atualmente, o irmão de Cleitinho e Eduardo, o prefeito Gleidson Azevedo (Novo), comanda a cidade.

 

Lohanna é a maior rival ideológica de Gleidson Azevedo e, apesar de não ser pré-candidata à prefeitura, chegou a ser cotada para a disputa. Em conversa com o Estado de Minas, ela afirmou que quis fazer a denúncia por entender que a pauta era muito séria, e não por decisões políticas. “Eu achei que o vídeo poderia desestimular as pessoas a doarem. E isso me deixou preocupada. Porque vemos a situação e sabemos como é grave.”

 

Segundo Lohanna, Eduardo age como “pombo-correio” de Cleitinho e a situação foi feita para descredibilizá-la. Ao ser questionada sobre as eleições de Divinópolis, a deputada estadual afirmou que “assumiu um compromisso com Minas Gerais”, e, por isso, não será candidata na cidade. Mas escolheu Laiz Soares (PSD) para seguir seu legado.

 

O Estado de Minas procurou também os irmãos Azevedo. Em resposta, o senador Cleitinho afirmou que sentiu falta de que seu vídeo fosse valorizado não só pela denúncia, mas também pelo Projeto de Lei, de sua autoria, que destina R$ 5 milhões do fundo eleitoral para ajudar os desabrigados no Rio Grande do Sul.

 

“Até porque a missão de um político é servir seu povo. O melhor momento para mostrar esse político é agora, cortar da própria carne. Eu já estou pronto pra fazer isso, por isso que fiz o projeto. E conto com o apoio de todos.”

 

Ao ser questionado sobre Lohanna, o senador decidiu que não responderia às perguntas.

 

Já o prefeito Gleidson Azevedo afirmou que a tentativa de Lohanna é desmoralizar sua família. "O foco é esse. Ela só aparece nas redes sociais falando mal de mim. Os vídeos com mais visualizações são nesse sentido."

 
O EM deixa aberto o espaço para Eduardo Azevedo. Ele foi procurado pela reportagem, mas ainda não respondeu.

 

Investigação

 

A Polícia Federal vai investigar parlamentares e influencers que estariam divulgando desinformações (fake news) sobre ações dos governos federal, estaduais e municipais nas enchentes do Rio Grande do Sul. O pedido de abertura da investigação foi feito pelo Ministério da Justiça e Segurança e inclui nomes como o senador Cleitinho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e também o do coach Pablo Marçal.

compartilhe