A polarização entre a esquerda e direita, que, desde 2018, pauta a política no país, vem perdendo força na sucessão municipal da capital mineira. De acordo com analistas políticos, o confronto desses campos, em Belo Horizonte, terá efeito neutralizador do potencial de ambos diante do racha nos dois extremos. Hoje, o campo da direita e da esquerda tem, cada um, três pré-candidatos, abrindo espaço para uma força do centro político. Até mesmo os apoios do presidente Lula (PT) e do antecessor, Bolsonaro (PL) estão empacados.


O nome do centro poderá até se coligar com partidos de direita ou de esquerda, mas sem uma vinculação direta. No estudo feito, os analistas avaliam que o deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos) deverá surgir como favorito nos próximos cenários. Apesar de filiado a um partido de direita, Tramonte não se identifica com essa matriz ideológica nem defende valores extremados e radicais, a exemplo da pauta de costumes.


Antes de confirmar a pré-candidatura a prefeito, os institutos de pesquisa o consultavam e, como ele não assumia, tiravam seu nome da lista dos pretendentes. A partir de agora, ele irá figurar na relação. “Você vai ver quando meu nome for consultado”, avisava ele. Diante da popularidade que construiu como apresentador de programa de TV, os analistas calculam que ele sairá da condição de não citado para a de favorito.

 

 

Record já admite saída

Ao renovar contratos comerciais sobre o programa Balanço Geral, a Record Minas tem alertado os investidores que o apresentador Mauro Tramonte poderá deixar o veículo no dia 30 de maio. Como determina a lei eleitoral, pré-candidatos devem sair do ar quatro meses antes da eleição.

 

Ao contrário dele, quando Carlos Viana, ex-apresentador, dizia ser pré-candidato do Senado, em 2018, a emissora não vacilava e avisava que ele estaria fora na data legal. Para assumir a pré-candidatura, Tramonte estabeleceu três condições: liberação da TV Record, aval da proprietária da emissora, a Igreja Universal, e o apoio e financiamento partidário da direção nacional do Republicanos. Atendido, o deputado se prepara para tentar virar prefeito neste ano.



Fuad reclama de isolamento


Já outro nome do centro político, o prefeito de BH, Fuad Noman (PSD), não está conseguindo aprumar sua pré-candidatura à reeleição. Por conta disso, anda reclamando de isolamento político. De origem técnica, o prefeito vem acumulando dificuldades desde que assumiu a face política.

 

Os caciques do partido, o ministro Alexandre Silveira e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, admitiram apoiá-lo, mas sumiram do estado e a capital. Outro aliado, o deputado federal Luis Tibé (Avante e outros partidos) saiu da base por falta de acordo.

 

Gazeteiros em ação

Pesquisa do instituto mineiro Quaest, feita entre os dias 29/04 e 20/05, adianta que 80% dos deputados federais estarão muito envolvidos com as eleições municipais, esvaziando o plenário em Brasília a partir de julho. O sumiço deverá afetar a votação de projetos do governo Lula. Situação semelhante vai se repetir na Assembleia Legislativa de Minas e de outros estados.

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