A indecisão de Lula em relação às eleições municipais de Belo Horizonte ganhou mais um capítulo. Com cinco ministérios no governo federal, o PP, Republicanos e União Brasil não apenas não apoiaram candidatos do PT em grandes capitais, como também se aliaram ao PL de Jair Bolsonaro em alguns municípios considerados prioritários para o ex-presidente.
Sem decidir entre Rogério Correia (PT) e Fuad Noman (PSD), a capital mineira corre o risco de apresentar os mesmos cenários observados em São Paulo, Salvador e Porto Alegre, onde pelo menos um desses três partidos se uniu aos bolsonaristas contra os petistas.
Em BH, o Republicanos já deixou de lado a aliança ministerial. O partido lançará Mauro Tramonte para a corrida eleitoral. O deputado estadual e apresentador de TV, inclusive, já deixou a Record TV para se dedicar à campanha.
Quanto ao União Brasil, o vereador Álvaro Damião deve ser o vice na chapa de Fuad Noman, que tenta a reeleição e pode ser um dos candidatos de Lula.
Por outro lado, o PP, que anteriormente tinha parceria com Fuad, deve apoiar a candidatura do senador Carlos Viana (Podemos). O partido está negociando nos bastidores a inclusão de Luisa Barreto (Novo) como vice nessa campanha.
Os três partidos lideram ministérios importantes no governo Lula. O União Brasil indicou os titulares do Desenvolvimento Regional (Waldez Góes), Comunicações (Juscelino Filho) e Turismo (Celso Sabino). O Republicanos comanda Portos e Aeroportos (Silvio Costa Filho), enquanto o PP ficou com o Esporte (André Fufuca).
Fato se repete
Belo Horizonte não está isolada quando se trata da falta de apoio aos petistas. Em São Paulo, onde o prefeito Ricardo Nunes (MDB) já tem o apoio do PL, PP e Republicanos e deve também obter o apoio do União Brasil, o PT e Lula apoiam o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP).
Em Salvador (BA), o prefeito Bruno Reis (União Brasil) terá o apoio de PL, PP e Republicanos. Na capital baiana, o PT apoia Geraldo Júnior (MDB). Uma situação semelhante ocorre em Florianópolis (SC), onde o prefeito Topázio Neto (PSD) também deve reunir os quatro partidos para enfrentar o petista Lela Faria.
O prefeito de Maceió, JHC (PL), provavelmente contará com o apoio de PP, União Brasil e Republicanos em sua coligação na capital alagoana. Tião Bocalom (PL), que busca a reeleição em Rio Branco (AC), já tem o apoio de duas dessas legendas, faltando apenas a definição do Republicanos.
Uma exceção é o Recife (PE), onde o prefeito João Campos (PSB), com o apoio do PT, já conta com o Republicanos e União Brasil, e ainda tenta conquistar o PP. Em Fortaleza, o pré-candidato petista Evandro Leitão, presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, tem a promessa de apoio do PP e Republicanos, mas enfrentará Capitão Wagner (União Brasil).
No Rio de Janeiro, o prefeito Eduardo Paes (PSD), que deve ser apoiado pelo PT, já conta com o Republicanos em sua base e tenta ainda uma aliança com o União Brasil e o PP.