O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relembrou nessa terça-feira (11/6) que em um encontro com o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) disse diretamente ao parlamentar que ele e o ex-procurador Deltan Dallagnol (Novo-PR) "roubavam galinhas". A fala é uma referências às críticas feitas pelo ministro sobre a Operação Lava Jato.
A declaração foi dada em sessão da Segunda Turma da corte, enquanto o colegiado julgava uma reclamação da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o encerramento de uma ação de improbidade contra a construtora Queiroz Galvão, em curso na Justiça Federal de Curitiba (PR).
"Eu até em um encontro muito divertido que tive não faz muito tempo com o senador Sergio Moro, tive a oportunidade de dizer isso a ele, viva voz, como é do meu feitio. Disse a ele, usando uma expressão do nosso mundo rural, que há muito tempo eu já falava e denunciava que ele e [o procurador Deltan] Dallagnol roubavam galinhas juntos. É uma expressão lá do meu Mato Grosso. E claro, denunciei isso aqui muitas vezes na bancada. Mas a Vaza Jato, obviamente, veio a tornar isso evidente, como se davam as conversas", declarou o ministro.
Os dois estiveram juntos em 2 de abril. Moro pediu a audiência para abrir canal de diálogo com o ministro e com outros magistrados do STF. Naquele momento, estava em aberto ainda o julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que poderia cassar seu mandato - ele acabou sendo absolvido.
Moro também responde a um inquérito no Supremo Tribunal Federal. Pouco mais de dois meses após o encontro, a Primeira Turma do tribunal aceitou uma denúncia da PGR e tornou o senador réu sob acusação do crime de calúnia por um vídeo viralizado nas redes sociais no qual ele aparece falando a interlocutores sobre "comprar um habeas corpus de Gilmar Mendes".