“Criança não é mãe, estuprador não é pai.” Esse é o grito que ecoava entre os manifestantes presentes na praça do Museu Nacional da República, em Brasília, nesta quinta-feira (13/6). A aglomeração ocorreu a partir das 18h, na noite seguinte à aprovação em regime de urgência do PL 1.904/24, que equipara o aborto de gestação acima de 22 semanas a homicídio.
Com a filha Marina Duarte no colo, a jornalista Lívia Duarte, 38, disse que estava participando da manifestação porque entende que, como mãe, é seu papel participar da discussão sobre direito reprodutivo e segurança sexual.
“Acho importante estar em uma manifestação por um direito que um dia minha filha possa ter garantido. Claro, espero que ela nunca sofra nenhuma violência e que nunca precise recorrer a um aborto, mas no país em que vivemos isso é uma realidade”, afirmou.
Chamado ao centro da roda que se formou no protesto, o deputado distrital Gabriel Magno (PT) se posicionou, e rebateu José Guimarães, líder do governo na Câmara.
“Não adianta a base do governo no Congresso Nacional se omitir neste momento. Esse é um assunto do governo, é preciso que a nossa base, a base do governo Lula, tensione no Congresso Nacional para não permitir que o PL 1.904 avançe”, declarou.
“Pelo amor de Deus, tem que dizer com todas as letras: quem apoia esse PL, ou quem não topa debater esse PL, está do lado dos estupradores. É isso que está em jogo”, argumentou Magno.
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Um dos principais argumentos na manifestação é de que o projeto impõe a reprodução como prioridade, mesmo nos casos em que a gestante está vulnerável, sobretudo, as menores de idade e em casos de estupro. Por conta da penalidade equivalente ao crime de homicídio, prevista para as mulheres que realizarem aborto após a 22ª semana de gestação, os protestantes chamaram o PL 1.904 de “PL dos Estupradores”.
Maria Rita Ricardina, 68, foi presidente do Conselho da Mulher do Distrito Federal há 30 anos, e levantou palavras de ordem aos protestantes. Ela defendeu que os parlamentares devem se organizar para pressionar as comissões de educação e de direitos humanos, para que a questão do aborto seja discutida de forma transversal em toda a sociedade.
“Quem tem hegemonia no Congresso pode votar uma coisa que vai ser contra a população. Infelizmente, o Estado está nas mãos de uma direita extremamente conservadora e autoritária”, opinou.