José Dirceu veio a BH para participar de várias reuniões sobre as eleições no estado. Ele acha um risco a divisão das esquerdas na capital

 -  (crédito: Gladyston Rodrigues/EM/D.A.Press)

José Dirceu veio a BH para participar de várias reuniões sobre as eleições no estado. Ele acha um risco a divisão das esquerdas na capital

crédito: Gladyston Rodrigues/EM/D.A.Press

O ex-ministro José Dirceu (PT-SP), considerado pelo partido como um estrategista no xadrez da política brasileira, defendeu nesta segunda-feira (17/6), em Belo Horizonte, o perdão da dívida de Minas e de todos os estados com a União. "Já falei isso para ele", afirma Dirceu, referindo-se ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, responsável pelas tratativas de renegociação dos débitos dos governos endividados.

 

Dirceu, que está na capital mineira participando de reuniões com lideranças do partido para discutir eleições, também teceu críticas à gestão do governador Romeu Zema (Novo), tido por ele como um candidato “sem potencial” para a disputa presidencial de 2026 e um “político populista” sem uma obra para apresentar ao país.

 

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Para ele, quanto a possíveis candidatos da direita, Zema seria “engolido” pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), pré-candidato a presidente, e não contaria com o apoio de Jair Bolsonaro, que vai indicar o nome do PL, provavelmente o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de malas prontas para a legenda do ex-presidente.

 

Em entrevista ao Estado de Minas, o ex-ministro do primeiro governo Lula, que recentemente teve sua pena no âmbito da Operação Lava Jato extinta pelo Supremo Tribunal Federal (STF), fez ainda uma avaliação da disputa pelas eleições na capital mineira e defendeu a união das forças de centro-esquerda que ajudaram a eleger o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em torno de uma candidatura única “para enfrentar o bolsonarismo onde ele estiver”. “Depois não vamos chorar o leite derramado”, alertou.

 

Perdão da dívida

 

Sobre a dívida de Minas e dos estados com a União, Dirceu diz ter uma posição “herética”. “Eu perdoaria a dívida de Minas e de todos os estados desde que eles colocassem esses recursos todinhos em ciência, tecnologia e infraestrutura”, defendeu.

 

Um dos argumentos contrários a isso, segundo o ex-ministro, é que esse perdão teria que ser lançado como dívida pública. “Mas isso é questão de contabilidade”, defendeu, lembrando que o Fundo Monetário Internacional (FMI), que já foi um grande credor brasileiro, considerava qualquer empréstimo feito pelo estado brasileiro para investimento em desenvolvimento como endividamento. “Nós mudamos isso”, afirma. Para ele, é impossível fazer investimentos no desenvolvimento dos estados com a receita comprometida para quitar dívidas.

 

 

'Político populista'

 

Para José Dirceu, Zema tem perdido popularidade em Belo Horizonte e “caminha para não ser também em Minas Gerais”. “Essa coisa que ele está enfrentando com o salário dele, dos secretários, esse problema da greve e com a segurança mostram que ele é um político populista. Ele não tem uma obra em Minas Gerais que possa apresentar para o país”, afirma. O ex-ministro se referia ao aumento de 298% no salário do governador e dos secretários de estado que o governador aprovou na Assembleia Legislativa ano passado em contrapartida aos 4,67% concedidos ao funcionalismo este ano e que tem gerado críticas e protestos dos servidores, especialmente da área da educação e segurança pública.

 

“O Zema não tem força para 2026. Ele pode ser candidato porque governa Minas e foi eleito duas vezes, mas viabilizar a candidatura dele como candidato das forças de direita, eu não vejo possibilidade”, afirma.

 

Eleições em BH

 

O ex-ministro também considera um risco a cisão das candidaturas de esquerda na capital, hoje divididas entre Rogério Correia (PT) e Duda Salabert (PDT), ambos parlamentares federais. No entanto, ele considera que há chances de uma delas, caso não haja uma união até o fim do prazo para registro de candidaturas, ir para o segundo turno em função da “memória” que o eleitor tem das administrações progressistas que a capital já teve. Mas o embate com a extrema-direita, que deve ser representada na disputa pelo deputado estadual Bruno Engler (PL), deve ser sobre o que o ex-presidente Bolsonaro fez por Belo Horizonte. “Eu quero perguntar para os bolsonaristas o que Bolsonaro fez para Belo Horizonte. Nada”, responde Dirceu.

 

Segundo ele, nesse pouco tempo de governo, Lula já investiu em obras para a cidade e citou, dentre elas, investimentos para mobilidade, construção de moradia popular e ampliação do bolsa-família. Para Dirceu, todos os investimentos podem ser consultados no portal do governo federal e em um site mantido pelo PT, o Casa 13, que detalha investimentos da União por município.