A decisão de Lira ocorreu após reunião dele com líderes partidários -  (crédito: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados)

A decisão de Lira ocorreu após reunião dele com líderes partidários

crédito: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados


Pela primeira vez, desde que assumiu o poder na Câmara, o presidente Arthur Lira se viu numa situação de insatisfação total do colégio de líderes. Nos bastidores, muitos líderes reclamam que, no caso da urgência ao projeto que endurece a lei do aborto, confiaram no presidente e terminaram expostos a uma situação desnecessária, porque Lira decidiu atender Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e o grupo evangélico.

Ou seja, em vez dos partidos, prestigiou uma frente parlamentar. Agora, com essa proposta colocada para escanteio com análise a perder de vista, Lira conseguiu retomar a institucionalidade dos líderes. Eles só esperam que, daqui para frente, esse merengue docinho não desande ao longo do processo eleitoral na Casa. Enquanto Lira estiver com os líderes partidários ao seu lado, como demonstrou até fisicamente na entrevista ontem à noite, permanecerá forte.

 


Em tempo: No baixo-clero e fora dele a avaliação geral é a de que o presidente da Câmara saiu um pouco do script que prometeu quando foi eleito: previsibilidade de pauta, que seria totalmente feita pelos líderes, e comissões fortalecidas. A pauta muitas vezes é conhecida em cima da hora, sem que os projetos sejam conhecidos com antecedência, como o caso da urgência para o aborto; e as comissões foram substituídas por grupos de trabalho. É por aí que muitos opositores do presidente da Câmara afinam o discurso para o futuro.


O senhor dos votos Ao se colocar como possível candidato em 2026, o presidente Lula faz refluir todos aqueles pré-candidatos da esquerda que sonham em sucedê-lo. Ninguém vai se mexer até que o petista dê sinal verde.

 


Instinto presidencial Lula está convencido de que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, é um dos nomes da direita para a Presidência da República em 2026. Aliás, juros à parte, Lula só não citou isso na entrevista à CBN, porque não quis de viva-voz, lançar o nome do potencial adversário.


Cálculos errados Tal e qual os congressistas conservadores não esperaram um movimento tão forte quanto o que se deu contra o projeto do aborto, a turma do Ministério da Fazenda, jamais imaginou uma reação tão forte contra a medida provisória do PIS/Cofins. Em conversas reservadas, técnicos chegaram a mencionar que a MP atingiria no máximo cinco empresas.

 


Três semanas É o tempo que se prevê para fechamento das chapas de candidatos nas capitais. No Rio de Janeiro, por exemplo, o prefeito Eduardo Paes, que concorrerá à reeleição, está pronto para anunciar o nome do deputado Pedro Paulo (PSD-RJ) como seu vice.