De volta a Minas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarca em Belo Horizonte nesta quinta-feira (26/6), para uma série de agendas no estado. De olho nas eleições municipais, o chefe do Executivo federal traz na mala dois objetivos além da série de investimentos ao estado: a última oportunidade de aparecer ao lado dos seus pré-candidatos antes do período eleitoral e reconquistar a base no estado que anda estremecida após diversos desentendimentos com Brasília. Esta é a quarta vez que o presidente vem ao estado desde que assumiu seu terceiro mandato.
Lula deve ser acompanhado pela ministra da Saúde, Nísia Trindade; pela ministra da Cultura, Margareth Menezes; pelo ministro das Cidades, Jader Filho; e pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
A primeira parada do presidente é em Contagem, onde a prefeita petista Marília Campos (PT) tenta a reeleição. Na cidade, Lula vai visitar as obras da Avenida Maracanã, via que vai integrar o município com Esmeraldas, Betim e Belo Horizonte. Cerca de 220 mil pessoas serão beneficiadas.
De acordo com a prefeitura, a via terá 4,5 km de extensão e contará com um corredor exclusivo de ônibus e irá diminuir o tempo de deslocamento entre a região de Nova Contagem até a área central do município. Além disso, a obra irá mitigar os problemas de inundações na cidade, com a implantação de 3,5 km de canal de macrodrenagem do córrego Maracanã/Matadouro e a construção de um parque linear ao longo do leito do córrego.
Na manhã de sexta-feira (28/6), o presidente tem agenda em Belo Horizonte. O evento está marcado para acontecer no Minascentro às 10h. Na capital, a intenção do presidente é fazer uma série de lançamentos do governo federal - assim como fez em abril deste ano - entre investimentos nas áreas de saúde, cultura e infraestrutura urbana. Além disso, serão anunciados o PAC Patrimônio Histórico, um pacto pelo trabalho decente no setor de energia elétrica e mineração, e a assinatura de contratos para obras de linhas de transmissão no valor de R$ 3,5 bilhões.
Em entrevista ao Uol, Lula falou sobre a visita. "O ano passado a gente plantou, semeou a terra, sabe, jogou água, plantou a semente. Esse ano é o ano da colheita. E nós vamos começar a colher tudo aquilo que nós investimos. Eu vou a Belo Horizonte anunciar um monte de investimento em universidade. Eu vou anunciar o maior pacote de linha de transmissão que Belo Horizonte já viu na vida", disse Lula sem entrar em detalhes.
Embora os investimentos em Minas sejam a pauta da visita na capital, outro assunto deve tomar o holofote: o apoio do presidente nas eleições municipais. Isso porque BH conta com a candidatura petista do deputado federal Rogério Correia (PT), mas Lula havia prometido seu apoio a outro pré-candidato, o prefeito Fuad Noman (PSD), que tenta a reeleição. O chefe municipal inclusive deve dividir palanque com ambos, que confirmaram a participação no evento.
Até o momento, Lula não expressou apoio total à candidatura petista. A exclusão de Fuad da sua lista de aliados pode trazer ainda um estremecimento na relação de Lula com o presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD), um dos caciques do partido do prefeito de BH.
Por último, o presidente visita Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, para inaugurar o viaduto Roza Cabinda. A agenda está prevista para acontecer às 15h nesta sexta. A cidade é comandada por outra aliada de Lula, a prefeita Margarida Salomão (PT), que também tenta a reeleição. A viagem do chefe do Executivo nacional à cidade já estava programada há meses, mas precisou ser remarcada ao menos duas vezes.
Juiz de Fora, apesar de ser comandada por uma petista, também foi palco da tentativa de assassinato contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2018. O rival de Lula, inclusive, tem um grande polo bolsonarista no local, mas até o momento, na disputa eleitoral, a direita parece dividida entre duas pré-candidaturas: a da deputada delegada Ione Barbosa (PL-MG) e de Charles Evangelista (Progressistas-MG).
Problemas com a base
Além da agenda oficial, o presidente ainda deve resolver pendências com a base de esquerda. Não é de hoje que a relação de Lula com seus aliados políticos enfrenta turbulências. A falta de diálogo entre o chefe do Executivo e o PT mineiro tem gerado conflitos não só dentro da legenda, como também entre partidos aliados.
O mal-estar causado pelo chefe do Executivo brasileiro - que, na última visita ao estado, sequer conversou com os deputados aliados na Assembleia Legislativa de Minas Gerais - se agravou ainda mais após a visita do ministro da Educação, Camilo Santana.
A foto do ministro sorrindo ao lado do governador e do prefeito de Divinópolis, Gleidson Azevedo (Novo), que é irmão do senador Cleitinho (Republicanos) e um crítico radical da gestão do presidente Lula (PT), caiu como uma bomba entre os militantes que defendem o presidente na região. A insatisfação foi tanta que obrigou a direção da Federação PT-PCdoB-PV a divulgar uma nota oficial de repúdio à forma como o anúncio de parceria foi feito.
O desgaste com a base mineira ainda se intensifica quando se coloca na mesa as ações da tesoureira do PT, Gleide Andrade, nos municípios. Alguns membros do partido vêm reclamando que a petista age em benefício próprio, excluindo candidaturas e privilegiando aliados em busca de uma base própria para 2026. Esta também será uma reclamação que será ouvida pelo presidente durante a visita a Minas.