O pastor Silas Malafaia, apoiador e aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), afirma que ele deveria “dar uma prensa” no afilhado político e governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

 

De acordo com Malafaia, Freitas, que é o principal herdeiro do bolsonarismo e apontado como possível candidato à Presidência em 2026, tem se aproximado do Judiciário e do centro para viabilizar seu caminho ao Planalto, de maneira a deixar Bolsonaro, que ainda acredita na reversão da inelegibilidade, “de escanteio”.

 

 



 

 

Em entrevista à Folha, o pastor conta que um dos pontos que mais o incomoda, juntamente com outros aliados de Bolsonaro, é a proximidade do então principal herdeiro do bolsonarismo com o Secretário de Governo e Relações Institucionais do Estado de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), que tem o partido com três ministérios no governo Lula (PT).

 

 

"Para mim, Bolsonaro tinha que chamá-lo e dizer assim: 'Amigão, você tem que escolher o que você quer. Se você quer ser aliado do Kassab, então segue seu caminho'", afirma o pastor.

 

 

 

 

"Kassab é o chefão do PSD. O PSD votou a favor de incluir Bolsonaro na CPI do 8/1. Como que o Kassab, que é aliadíssimo do governo Lula, tem tanto poder no governo de Tarcísio? Não é uma coisa estranha?", questiona. "Eu aprendi um ditado: amigo de meu inimigo não é meu amigo."

 

 

Em encontro recente em Campinas, em evento de arrecadação de doações para vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul, Bolsonaro recebeu Tarcísio e o considerou “o melhor governador que São Paulo já teve”, “dedicado”, “competente”, além de ter “um grande futuro político pela frente”.

 

 

 

 

Malafaia ainda sugere que o governador não tem sido categórico o suficiente ao negar a possibilidade de concorrer à Presidência da República nas próximas eleições, uma vez que diz publicamente que é candidato à reeleição do Governo de SP: “Quando você viu o Tarcísio dizer que a inelegibilidade de Bolsonaro é um absurdo? Onde ele falou, em que lugar? Nenhum", afirma.

 

 

"Uma coisa é dizer 'eu vou ser candidato à reeleição'. [Outra é dizer] 'eu jamais serei candidato a presidente porque a inelegibilidade de Bolsonaro é frágil e ele tem tudo para ser reestabelecido'. Eu não vi esse esforço na fala dele", conclui.

 

 

 

 

Dessa maneira, as críticas em relação ao governador giram em torno de um posicionamento que se apresenta como “mais palatável” do que a figura de Bolsonaro. Isso porque ele vem criando pontes com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, além de se aproximar de setores mais moderados da política.

 

 

Assim, Tarcísio herdaria votos do bolsonarismo, utilizando a figura de Bolsonaro como cabo eleitoral, sem atuar pela reversão da inelegibilidade do ex-presidente e sem defender os valores ideológicos do grupo.

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