A disputa pela cadeira de prefeito de Belo Horizonte começou a ganhar forma na semana que passou, faltando quatro meses para o primeiro turno das eleições. Em um cenário com dezenas de pré-candidaturas, os partidos anunciaram alianças e a formação de chapas, enquanto negociações sobre os nomes que irão constar nas urnas no dia 6 de outubro aquecem os bastidores da política na capital.

 

Na quarta-feira, Luísa Barreto (Novo) deixou a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão do governo de Romeu Zema (Novo) por exigência da legislação eleitoral. Aliada de primeira hora do governador, ela levou consigo o ex-deputado federal Lucas Gonzalez (Novo), que ocupava o cargo de secretário-geral adjunto, e foi anunciado pelo partido como candidato à vice-prefeitura em uma chapa pura.

 

 


 

O nome de Luísa era especulado em negociações com outros candidatos mais conhecidos do eleitorado. Contudo a candidata de Zema, nas redes sociais, se manifestou rejeitando a possibilidade de ser vice de outros candidatos.

 

O senador Carlos Viana (Podemos), por exemplo, era um dos que havia ventilado o apoio de Barreto. Ainda sem uma chapa definida, o parlamentar é apoiado pelo grupo chamado de Família Aro, com vereadores e deputados ligados ao secretário de Estado da Casa Civil, Marcelo Aro (PP). O Podemos ainda negocia a coalizão em torno de Viana, líder das primeiras pesquisas eleitorais.

 

Na sexta-feira, o presidente da Câmara de Belo Horizonte, Gabriel Azevedo (MDB), anunciou a chapa com o ex-vice-governador Paulo Brant (PSB), que ocupa o posto de pré-candidato a prefeito e vice, respectivamente. O acordo foi costurado entre as direções nacionais dos dois partidos, que se apoiam em BH e Recife, capital de Pernambuco.

 


Martelo não foi batido

No mesmo dia, em café da manhã com jornalistas, o prefeito Fuad Noman (PSD) reforçou que a prioridade de escolha do seu vice é do União Brasil, partido que primeiro anunciou o apoio a sua pré-candidatura. Entre três nomes, um dos cotados é o do vereador Álvaro Damião, mas como ele é um dos principais puxadores de voto nas eleições proporcionais da Câmara, o martelo ainda não foi batido. “Se o União indicá-lo, vou ficar satisfeito”, frisou o prefeito.

 

Fuad ainda busca o apoio do ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD), que mantém o diálogo com diversos pré-candidatos. Com a pré-campanha sendo coordenada pelo ex-deputado federal e ex-secretário dos governos do PSDB no estado, Danilo de Castro, a coalizão de apoio à reeleição do atual prefeito ainda conta com o partido Solidariedade e PRD (fusão do PTB e Patriota).

 

O deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos), também não possui um nome definido para sua chapa, a reportagem apurou que o partido tem buscado um perfil de centro-direita para somar na pré-candidatura. Porém, um dos principais nomes do Republicanos em Minas Gerais, o senador Cleitinho Azevedo, já anunciou apoio à pré-candidatura do deputado estadual Bruno Engler (PL).

 

O candidato do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) também é outro que não possui um vice, mas nos bastidores tem empresários cotados para o posto. Já o presidente estadual do PL em Minas Gerais, deputado federal Domingos Sávio, reforçou à reportagem o compromisso público do partido de caminhar com o Progressistas (PP) em BH e diversas cidades, mas que mantém o diálogo aberto.

 

A relação entre os dois partidos é facilitada pelo ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro, senador Ciro Nogueira (PP-PI), que é o presidente da sigla. “Nós estamos dialogando com partidos que têm mais afinidade conosco do que com a esquerda. Partidos que o próprio eleitor são de centro e centro-direita”, disse Sávio.

 

Fragmentação na esquerda

A esquerda belo-horizontina também se movimenta, mas, até o momento, a união entre os seus principais expoentes não foi concretizada. O que foi visto no final da semana foi uma disputa entre PT, PDT, PSOL e Rede, na busca pelo protagonismo de uma chapa.

 

Na quinta-feira, o deputado federal Rogério Correia (PT) e a deputada estadual Bella Gonçalves (PSOL), se reuniram com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com a mediação das presidentes nacionais das legendas, deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), e a professora Paula Coradi. De lá saiu a união entre os dois partidos em Belo Horizonte, uma vez que já se uniram em São Paulo pela candidatura do deputado federal Guilherme Boulos (Psol-SP) – que inclusive também esteve no encontro no Palácio do Planalto.

 

Neste cenário, a deputada federal Duda Salabert (PDT) e a deputada estadual Ana Paula Siqueira (Rede) ficaram de fora da reunião com Lula e, no sábado, anunciaram uma aliança em prol da candidatura única. O fato é que as duas não podem formar uma chapa se a união de Bella e Rogério for concretizada, porque a Rede é federalizada com o PSOL e necessariamente caminham juntas nas eleições.

 

Em nota, a federação PSOL-Rede reforçou que já definiu o nome de Bella Gonçalves como pré-candidata à prefeitura, e que qualquer manifestação de apoio ao PDT é um posicionamento pessoal. “É importante ressaltar que desde o ano passado, já fizemos diversos diálogos com o PDT e outros partidos sobre uma frente ampla e seguimos nesse propósito. A fragmentação não é o desejo da nossa federação”, escreve.

 

A equipe de Ana Paula Siqueira disse que ela possui autonomia para definir aliança com Duda Salabert, e que segue estritamente a legislação eleitoral. “O movimento BH tem Jeito continua, legitimamente, ouvindo a população e circulando por todas as regiões de Belo Horizonte”, frisou.

 

Prazo para definir candidaturas

Os nomes oficiais dos candidatos a prefeito e vice-prefeito só serão divulgados após as convenções partidárias, marcadas entre os dias 20 de julho e 5 de agosto. Durante o período, filiados e diretores das siglas e federações se reúnem para a definição final, que deve ser oficializada na Justiça Eleitoral até o dia 15.

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