O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conversou nesta segunda-feira (10) com seu homólogo da Rússia, Vladimir Putin, e defendeu uma proposta de negociação para a Guerra da Ucrânia assinada no final de maio por Brasil e China.
De acordo com o Palácio do Planalto, "o presidente Lula reiterou a defesa de negociações de paz que envolvam os dois lados do conflito, em linha com documento assinado pelos assessores presidenciais Celso Amorim e seu homólogo chinês Wang Yi".
Durante viagem a Pequim, Wang e Amorim divulgaram um documento chamado "Entendimentos Comuns entre o Brasil e a China sobre uma Resolução Política para a Crise na Ucrânia". O texto apresenta seis pontos que, segundo os dois países, deveriam ser observados para a construção de um processo de paz efetivo na Ucrânia.
Entre os pontos estão a não escalada dos combates, o aumento da assistência humanitária e a rejeição ao uso de armas de destruição em massa, principalmente as nucleares. Brasil e China também disseram no texto que apoiam a realização de uma conferência internacional de paz "em um momento apropriado" e que seja reconhecida por Rússia e Ucrânia.
O governo ucraniano, liderado por Volodimir Zelenski, discorda da abordagem proposta por Brasil e China.
A ligação entre Putin e Lula ocorreu dias antes de uma conferência de paz que será realizada na Suíça, a pedido de Zelenski, e com a participação de dezenas de países. Os Estados Unidos estarão representados pela vice-presidente, Kamala Harris, e os principais líderes europeus também devem participar.
A China não deverá enviar delegado, e o Brasil terá uma observadora: a embaixadora do país na Suíça, Cláudia Buzzi.
Em comunicado, o Kremlin afirmou que Putin descreveu a Lula o ponto de vista russo sobre a conferência de paz na Suíça. "O presidente da República Federativa do Brasil, por sua vez, manifestou o desejo de contribuir na busca de opções para uma resolução pacífica do conflito na Ucrânia, o que se reflete na conhecida iniciativa conjunta do Brasil e da China nesse sentido", disse a nota.
O governo da Rússia disse no início de maio não ver sentido para a iniciativa.