Organizações feministas realizaram neste domingo (23/6), em Belo Horizonte, a segunda manifestação contra o Projeto de Lei 1904/24 que criminaliza às mulheres ao equiparar o aborto legal ao crime de homicídio, impondo às vítimas uma pena duas vezes maior do que a prevista para os estupradores.  




 

Durante o ato, um boneco do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), foi queimado em frente ao pirulito da Praça Sete, e um grupo de bolsonaristas portando cartazes a favor do aborto e pela castração dos estupradores foi expulso pelas manifestantes.  


Um princípio de tumulto chegou a ser registrado, mas os bolsonaristas acabaram deixando o local por determinação da Guarda Municipal. 


A concentração começou por volta das 9h na Praça Raul Soares e de lá saiu em manifestação pela avenida Amazonas até a Praça Sete. Durante o ato, as mulheres pediram o arquivamento definitivo do PL 1904/24 e a legalização do aborto no Brasil como já ocorre em outros países.

 

Levantamento da ONG Global Centro para os Direitos Reprodutivos aponta que em 77 nações o aborto é permitido desde que haja desejo da mulher. Em outros 12 países ele é permitido por razões socioeconômicas como idade, status econômico e estado civil da gestante e também em casos de estupro e doenças fetais. 


Em outros 47 países ele é permitido apenas quando a gravidez é decorrente de estupro ou o feto possui doenças graves, caso do Brasil, que permite a interrupção da gravidez nessas hipóteses desde 1940. A intenção do PL 1904/24 é revogar essa lei e criminalizar o aborto em qualquer circunstância.  

 

Após uma intensa mobilização nas ruas e nas redes liderada por mulheres em diversas cidades do país,  Lira anunciou o adiamento da votação do projeto para o próximo semestre e defendeu a criação de uma comissão para debater o tema antes de ele começar a tramitar.

 

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