O deputado federal Pedro Aihara (PRD-MG) é o campeão de gastos com alimentação da Câmara. Só nos primeiros seis meses de 2024, o mineiro solicitou o reembolso de R$ 10 mil gastos em bares e restaurantes, valor que inclui tentativas de passar contas que incluem bebidas alcoólicas. Um dos pedidos inclui três chopes consumidos na praia de Copacabana, durante o feriado de Carnaval.
Conforme dados coletados pelo Jornal Estado de S. Paulo, entre 2023 e junho de 2024, Aihara desembolsou R$ 23,6 mil da cota parlamentar com alimentação, que inclui itens de cardápios nos estados de Santa Catarina, Alagoas, Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro, Pará, Paraná e na cidade de Tóquio, no Japão.
Os deputados federais têm direito a uma verba parlamentar da Câmara dos Deputados que varia entre R$ 36 mil e R$ 51 mil. Esse valor é destinado para despesas do exercício parlamentar, a depender do quanto o deputado está longe de Brasília. Dessa forma, assim que o deputado faz uma despesa, ele pega a nota fiscal e a entrega à Casa legislativa, que realiza o reembolso.
Essa verba pode ser utilizada para pagar passagens aéreas, serviços de segurança, combustível, aluguel de carros e ingressos em cursos, além da alimentação, que não tem limite para gasto mensal, apesar de ter restrições para o custeio.
Por meio de seu gabinete, quando procurado pelo Estadão, Aihara alegou que houve um erro técnico da equipe responsável que apresentou as notas com bebidas alcoólicas à Câmara. No entanto, afirmou que é natural que ele tenha gastos em outros estados por ser presidente de comissão e de frente parlamentar.
Dentre as tentativas de custeamento de bebidas pelo governo, está uma nota que inclui três chopes, uma água e um chorizo (um corte de carne nobre), que totalizam R$ 257,04 em um estabelecimento na praia de Copacabana. Deste valor, a Câmara barrou a parcela referente à bebida alcoólica e à taxa de serviço.
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No entanto, em novembro de 2023, o parlamentar pediu o ressarcimento do consumo no Taj Bar, em Curitiba, que totalizou R$ 114,80. Na conta, estavam inclusos um risoto e um Pharmacy Book — bebida à base de rum e uísque. Neste caso, a Câmara reembolsou o valor total.
Outra situação foi quando o deputado comprou, dentre outros itens, uma garrafa de vinho no estabelecimento belo-horizontino AA Wine, que teve o valor reembolsado.
O deputado Pedro Aihara informou que vai pedir correção do pedido de ressarcimento por bebidas alcoólicas.
Com a palavra, Pedro Aihara
Em nota, divulgada, o deputado federal esclareceu os fatos e repudiou as alegações, na qual avaliou de "mentirosas".
"Quanto às alegações de ressarcimento de bebidas alcoólicas, primeiramente, a afirmação de ressarcimento do chopp não é verídica. Afirmar que usei a verba para tal é mentir e distorcer a verdade. O que ocorreu foi um erro de lançamento em apenas quatro notas, que totalizam R$ 305,74, valor este já devidamente devolvido. Levando em consideração que devolvi aos cofres públicos cerca de R$ 400.000,00 no ano passado, tal valor se mostra como um erro isolado e não como algo corriqueiro e intencional", disse o mineiro.
"Todas as alegações são resultado de sensacionalismo, distorção de informações, manipulação de dados e afirmações inverídicas, configurando uma clara ação de perseguição política. Se o foco da reportagem fosse tão somente questionar minhas viagens para fora do meu estado, a omissão proposital das tantas vezes em que viajei a cenários de desastres nos últimos meses e fiquei acampado juntamente com socorristas não teria ocorrido. Por exemplo, nas vezes em que atuei nos resgates no Rio Grande do Sul, ao invés de me hospedar em hotéis e me alimentar em restaurantes utilizando a cota, me hospedei em alojamentos de quartéis, me alimentando sem utilizar a cota. Farei isso novamente quantas vezes forem necessárias, assim como em todas as ações de desastres em que estive presente durante o mandato", seguiu.
De acordo com Aihara, "a perseguição é motivada por minha atuação em projetos de lei e fiscalizações de instituições poderosas."
"Ademais, isso ocorre na iminência da apresentação de um relatório de minha autoria, contendo denúncias graves e detalhadas sobre o desastre-crime em Brumadinho, que afeta grandes lobistas. Nesse sentido, a reportagem é uma tentativa sórdida de me calar.
Essa estratégia de disseminação de informações distorcidas e supervalorizadas visa enfraquecer minha base política e atacar indiretamente os pré-candidatos que apoio, especialmente diante do crescimento político que tenho experimentado nos municípios em preparação para as eleições de 2024. Reafirmo que, em todas as alegações apresentadas pela reportagem, não há qualquer indício de ilegalidade ou usurpação de dinheiro público.
Por fim, a notícia ignorou o fato de que minha utilização da cota parlamentar está abaixo da média nacional e dentro do grupo dos 25% mais econômicos do estado, comprovando minha boa-fé e lisura no uso dos recursos públicos", finalizou.