Na conversa, Bolsonaro nega qualquer irregularidade -  (crédito: Pablo PORCIUNCULA / AFP)

Na conversa, Bolsonaro nega qualquer irregularidade

crédito: Pablo PORCIUNCULA / AFP

Em um áudio divulgado pelo ministro Alexandre de Moraes, o ex-presidente Jair Bolsonaro sugere falar com o secretário da Receita Federal, José Tostes, e o ex-chefe do Serpro Gustavo Canuto sobre o caso de rachadinhas envolvendo seu filho Flávio Bolsonaro, senador pelo PL-RJ. 

 

Na conversa com o ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem (PL), a advogada Luciana Pires, Augusto Heleno, ex-ministro de estado e chefe do gabinete de segurança institucional da presidência, e a também advogada Juliana Bierrenbach, Bolsonaro destaca a necessidade de uma comunicação com o chefe da Receita. "É o caso de conversar com o chefe da Receita", afirmou ele, indicando a relevância do assunto.

Na sequência, a advogada Luciana Pires interveio com um ponto técnico: "Olha, em tese, com um clique você consegue saber se um funcionário da Receita [inaudível] esses acessos lá", ressaltou, alertando que qualquer acesso às informações poderia ser rastreado e ficaria registrado no sistema.

 

O ex-ministro Augusto Heleno, por sua vez, reforçou a importância da segurança na gestão dessas informações. "Tentar alertar ele que ele tem que manter esse troço fechadíssimo. Pegar de gente de confiança dele. Se vazar [inaudível]", aconselhou Heleno, destacando os riscos associados a um possível vazamento de dados.

 

 

 

Buscando soluções, Bolsonaro questionou seus advogados sobre os interesses envolvidos na resolução do problema. "A quem interessa pra gente resolver esse assunto?", perguntou.

 

A conversa cita ainda Canuto, provavelmente Gustavo Canuto, ex-ministro de Bolsonaro e que foi transferido para a Dataprev, também estatal de processamento de dados. 

 

Confira a conversa na íntegra 

00:46:14 JAIR BOLSONARO - É o caso de conversar com o chefe da Receita. Ele tá pedindo é um favor.

00:46:18 LUCIANA PIRES - Não é favor não, presidente.

00:46:19 JAIR BOLSONARO - Ninguém tá pedindo favor aqui. [inaudível] é o caso conversar com o chefe da Receita. O Tostes.

00:46:26 LUCIANA PIRES - E não, não tem chance dele, sai disso aqui não, né [inaudível)?

00:46:28 JULIANA BIERRENBACH - Não.

00:46:29 JULIANA BIERRENBACH - Não, o Tostes não.

00:46:33 ALEXANDRE RAMAGEM - [inaudivel] é o secretário da receita. É o zero dois, não é isso?

00:46:36 AUGUSTO HELENO - Não. O zero um.

00:46:38 JAIR BOLSONARO - É o zero um dos caras. Era ministro meu e foi pra lá. Sem problema nenhum. Sem problema nenhum conversar com ele. Vai ter problema nenhum conversar com o Canuto.

00:46:41 LUCIANA PIRES - Serpro?

00:46:46 LUCIANA PIRES - Então ótimo.

00:46:46 JAIR BOLSONARO - Eu caso conversar com o Canuto?

00:46:48 LUCIANA PIRES - Sim, sim.

00:46:50 LUCIANA PIRES - Com um clique.

00:46:52 LUCIANA PIRES - Olha, em tese, com um clique você consegue saber se um funcionário da Receita [inaudível] esses acessos lá.

00:46:53 AUGUSTO HELENO - Tentar alertar ele que, ele tem que manter esse troço fechadissimo. Pegar de gente de confiança dele. Se vazar [inaudível].

00:47:05 JAIR BOLSONARO - Tá certo. E, deixar bem claro, a gente nunca sabe se alguém tá gravando alguma coisa. Que não estamos procurando favorecimento de ninguém.

00:47:12 LUCIANA PIRES - Não, mas, não. Que não cometa o crime e que investigue.

00:47:15 JULIANA BIERRENBACH - Presidente? Até o próprio GSl.

00:47:18 JULIANA BIERRENBACH - Até o próprio GSI teria.

00:47:20 JULIANA BIERRENBACH - teria atribuição pra isso. Pra fazer essa operação. Por quê? Porque, porque já se tem essa atribuição, mas eu. Eu concordo que pode gerar uma fragilidade, uma exposição, porque [inaudível].

00:47:35 LUCIANA PIRES - [inaudívelj ele sabe por alto dessas nulidades e tá bem tendencioso. Porque, o que que acontece? Em algum momento o Flávio vai ser denunciado! Na verdade, eu consegui brecar isso com um habeas corpus.

00:47:43 LUCIANA PIRES - Tinha, eu vi ninguém, ninguém me perguntou. Eu li a denúncia, tem busca e apreensão até no gabinete do Senado. Têm promotores que não concordam

 

Confira a íntegra do áudio da reunião