O RRF é o samba de uma nota só de Zema para resolver a dívida do estado com a União desde seu primeiro ano de mandato -  (crédito: Ilustração)

O RRF é o samba de uma nota só de Zema para resolver a dívida do estado com a União desde seu primeiro ano de mandato

crédito: Ilustração

Com as eleições municipais às portas, servidores mineiros migram a abordagem contra a base de Romeu Zema (Novo) na Assembleia Legislativa para as campanhas nas bases de cada deputado estadual. Os últimos meses na Casa têm sido marcados por protestos do funcionalismo público nas galerias e corredores, além dos espaços externos da sede do Legislativa do estado.

 

Com uma bateria de projetos impopulares, o Executivo pautou recentemente os parlamentares com propostas de reajuste salarial, reforma na contribuição ao Instituto de Previdência do Estado de Minas Gerais (Ipsemg) e a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF). É justamente essa última matéria que propiciou munição para o novo planejamento da Frente Mineira em Defesa do Serviço Público, que reúne sindicatos de diferentes áreas em todo o estado.

 

Em reunião realizada na manhã de ontem, a frente definiu uma estratégia de comunicação focada em fazer campanhas contrárias aos candidatos a vereador e prefeito nas bases eleitorais de cada um dos 33 deputados que votaram pela adesão de Minas ao RRF na última segunda-feira (15/7). O projeto foi aprovado em primeiro turno em dia marcado por tensão entre o governo e sua base na tentativa de ter quórum e votos suficientes para emplacar o projeto antes do recesso parlamentar, que começa na próxima semana.

 

Em lista elaborada pela frente e enviada à coluna, os servidores apontam cinco redutos eleitorais de cada deputado que votou pela adesão ao RRF e determina um sindicato responsável por coordenar a campanha contra os nomes apoiados pelo parlamentar. Por exemplo, o líder de governo, João Magalhães (MDB), fica sob responsabilidade do Sindicato dos Servidores Públicos do Meio Ambiente no estado (Sindsema), que atuará em Manhuaçu, Simonésia, Matipó, São João do Manhuaçu e Água Boa.

 

O RRF é o samba de uma nota só de Zema para resolver a dívida do estado com a União desde seu primeiro ano de mandato. A proposta impopular só foi votada em primeiro turno na Assembleia nesta semana, enquanto o débito de cerca de R$ 165 bilhões segue em discussão também no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Congresso Nacional. O ingresso no regime prevê a adoção de medidas de austeridade que afetam especialmente os servidores, como a suspensão de futuros concursos públicos e limitação de reajustes salariais a duas parcelas de 3% cada durante os nove anos de vigência do modelo.

 

“Não se trata de um ataque aos deputados, estamos nos defendendo. Estamos na Assembleia todas as semanas lutando contra algum tipo de desmonte. Viemos de uma luta contra um reajuste pífio, depois pelo Ipsemg e agora o RRF. Sabemos que alguns deputados são pré-candidatos e a maioria apoia nomes para as câmaras e prefeituras. Nossa ideia é expor todos. Se houve uma coisa boa sobre a votação em primeiro turno é descobrir quem são as pessoas que estão a favor”, afirmou à coluna Marcelle Amador, diretora estadual e coordenadora do departamento de comunicação do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE-MG). Nas redes sociais, já começaram a circular banners da campanha que trazem os dizeres: “Em breve vão faltar: médicos nos postos de saúde; professoras nas escolas; e policiais nas ruas das cidades. A culpa será do (nome do parlamentar). Candidatos a vereadores e prefeitos apoiados pelo deputado não merecem seu voto!”. (Bernardo Estillac)

 

Gabriel Azevedo


Ansioso para figurar entre os pré-candidatos à prefeitura de BH com mais intenções de votos nas pesquisas, o vereador Gabriel Azevedo (MDB), presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, entrou na mira da Justiça Eleitoral de novo. Ontem, ele foi punido por “propaganda eleitoral antecipada” pela quinta vez. A decisão do juiz da 332ª Zona Eleitoral de Belo Horizonte, Richard Fernando da Silva, determina a retirada de um vídeo nas redes sociais. (Ígor Passarini)


Multado pelo TRE-MG

 

Em abril, o Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) determinou que uma inserção do MDB na televisão fosse removida por ser considerada “promoção pessoal”. Depois, Gabriel Azevedo foi multado pelo órgão por “propaganda eleitoral negativa” contra o prefeito Fuad Noman (PSD), seu desafeto. (IP)


Discurso no papel

 

Em Mariana, para o Dia de Minas, Romeu Zema leu um discurso que se contrapõe aos seus atos como governador de Minas. Enquanto contraria os servidores com o reajuste abaixo da inflação e a proposta de congelamento dos salários por nove anos, ele aproveitou a solenidade para agradecer o trabalho de alguns deles. O texto preparado por sua equipe menciona até a poeta goiana Cora Coralina, mostrando que a gafe sobre a poeta mineira Adélia Prado ainda deixa marcas. Em fevereiro de 2023, após entrevista numa rádio em Divinópolis, o governador ganhou um livro de Adélia Prado de presente. Em seguida, perguntou se ela era funcionária da rádio. (ÍP)


Zema 'revoltado'

 

De olho no dinheiro pela reparação da tragédia do rompimento da barragem em Mariana – tal qual o de Brumadinho que ajudou a sustentar as contas da sua gestão – O governador Romeu Zema se disse “revoltado” com a lentidão das ações, mas disse: “Finalmente, estamos mais próximos de um acordo justo”. Ele ainda relembrou os R$ 37 bilhões recebidos pelo rompimento da Mina Córrego do Feijão. (IP)