Empresas de marketing distribuindo folhetos e cartões; associações de bairros engajadas; subdivisões partidárias mobilizadas; banners e camisetas com a legenda e número de urna gravados; e muitos jingles e marchinhas cantados por apoiadores. Embora a campanha só se inicie oficialmente na segunda metade de agosto, o clima eleitoral já faz parte das cidades desde este sábado (20), quando foi aberto o período das convenções para os partidos visando o pleito municipal de outubro.
Em Belo Horizonte, quem deu a largada foi o PSD de Fuad Noman. O atual prefeito e pré-candidato à reeleição foi o personagem central da convenção realizada entre a manhã e o início da tarde na Assembleia Legislativa (ALMG), Centro-Sul da capital. O evento serviu para a apresentação dos pré-candidatos a vereador pelo partido, mas o esforço central e explícito foi de tornar o nome do chefe do Executivo conhecido e reforçado como opção forte na disputa pela recondução ao cargo.
O caráter institucional da convenção foi reforçado pela ausência de nomes mineiros na política nacional: o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Por outro lado, o presidente estadual da legenda, deputado estadual Cássio Soares, e o nacional, Gilberto Kassab, compareceram. O evento foi atrasado por cerca de uma hora e meia devido à agenda do paulista. Fuad também demorou a chegar e passou antes na convenção do PRD, partido aliado.
Os pré-candidatos a vereador fizeram discursos antes da chegada do prefeito. As bandeiras levantadas foram as mais variadas, como era de se esperar do camaleônico PSD. A exaltação a Fuad, porém, foi o lugar-comum. Entre as falas de cada concorrente pela Câmara, uma mestre de cerimônias convidava o público a seguir Noman no Instagram e fazia propaganda de um WhatsApp institucional da campanha. A mesma anunciou a chegada de Noman repetindo que trata-se do prefeito que mais fez obras na história de Belo Horizonte (sem apresentar números que comprovassem a fala). A estratégia foi estendida à centena de pessoas que ocupava o hall da Assembleia, por onde funcionários circulavam com uma camisa trazendo os dizeres “Segue o Fuad” e um QR code para acessar o número de celular anunciado nos microfones.
Investir no reconhecimento de Fuad parece ser a estratégia inicial da campanha. Faz sentido se levarmos em conta que, em março, mais de 40% dos belo-horizontinos não associavam o som do nome do prefeito a alguém conhecido, segundo pesquisa feita pelo Instituto Opus a pedido do Estado de Minas. Ele, os pré-candidatos a vereador, Cássio Soares e Kassab discursaram em um palco com quatro banners idênticos com uma foto do nome do PSD para a reeleição ao fundo.
A chegada de Fuad ao evento também ilustra a tentativa de criar uma adesão popular ao nome que chegou à prefeitura após a saída de Alexandre Kalil (PSD), que deixou o posto para a malograda tentativa de assumir o Governo de Minas há dois anos. Grupos de apoio de pré-candidatos à Câmara Municipal ensaiaram alguns cantos com métricas desastradas, mas notável esforço para animar a recepção ao prefeito. No cômputo geral, o que se abstrai da convenção de ontem é que já está valendo a disputa e assim seguirá em outros partidos como Novo e MDB, que lançam, respectivamente, Luísa Barreto e Gabriel Azevedo no jogo no próximo fim de semana.
BR-381 na Assembleia
O Movimento Pró-Vidas BR-381 quer incluir o gargalo da estrada na saída de Belo Horizonte na pauta da Assembleia Legislativa (ALMG). Na última semana, o grupo que briga pela duplicação da “Rodovia da Morte” se reuniu com o deputado estadual Celinho do Sintrocel (PCdoB) para viabilizar uma audiência pública na Casa. Conforme anunciado pelo presidente Lula no início deste ano, as obras na saída da capital mineira pela 381 serão feitas pelo governo federal, mas ainda não há sequer um edital para contratação de empreiteiras publicado.
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“Você vai se candidatar?”. Quem passou ontem pela Praça Carlos Chagas, popular Praça da Assembleia, provavelmente foi interpelado por algum questionamento semelhante. Do lado de fora da convenção do PSD que reforçou Fuad como nome à reeleição para a Prefeitura de BH, empresas de propaganda política e comunicação digital aproveitaram a ocasião para distribuir contatos visando a sempre lucrativa temporada de eleições para quem trabalha no setor do merchandising.
Vice indefinido
Consolidado como cabeça da chapa do PSD, Fuad ainda não tem um vice. O discurso mais difundido é que o suplente do prefeito virá do União Brasil, partido mais poderoso entre os coligados. Enquanto o prefeito estava em evento do também aliado PRD antes de chegar à convenção pessedista, secretários e outros membros da PBH disseram à coluna que as negociações ainda estão em andamento, mas que o cenário mais acertado está mesmo nas mãos da legenda oriunda da fusão entre PSL e DEM.