Documentos encontrados pela Polícia Federal (PF) na nuvem de e-mails do ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), atualmente deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), mostram orientações ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para atacar as urnas eletrônicas e questionar a lisura das eleições.
De acordo com a corporação, as recomendações foram escritas pelo próprio parlamentar e também incluem relatos sobre os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Ramagem foi confrontado sobre o material durante depoimento à PF, ocorrido na semana passada. A PF investiga o suposto uso ilegal dos sistemas da Abin para espionar desafetos políticos durante o governo Bolsonaro.
De acordo com o jornal O Globo, Ramagem reconheceu que costumava escrever textos para "comunicação de fatos de possível interesse" de Bolsonaro. No entanto, o parlamentar ressaltou, em depoimento, que não se lembrava se essas mensagens foram passadas adiante.
Em um dos textos, o deputado federal diz que é "impossível" auditar o código-fonte das urnas. Na sequência, traça uma "estratégia" para reforçar uma suposta vulnerabilidade das urnas.
"Por tudo que tenho pesquisado, mantenho total certeza de que houve fraude nas eleições de 2018, com vitória do sr. (presidente Bolsonaro) no primeiro turno. Todavia, ocorrida na alteração de votos", escreveu Ramagem.
No texto, Ramagem também sugere que o argumento da "anulação de votos" não é uma "boa linha de ataque às urnas".
"O argumento na anulação de votos não teria esse alcance todo. Entendo que argumento de anulação de votos não seja uma boa linha de ataque às urnas. Na realidade, a urna já se encontra em total descrédito perante a população. Deve-se enaltecer essa questão já consolidada subjetivamente (...) A prova da vulnerabilidade já foi feita em 2018, antes das eleições. Resta somente trazê-la novamente e constantemente", escreveu.