Embora as convenções municipais tenham começado na semana passada, foi neste fim de semana que o tom das eleições em Belo Horizonte começou a ser definido. Ontem, o prefeito Fuad Noman (PSD), que busca a reeleição, apresentou o vereador Álvaro Damião (União Brasil) como seu candidato a vice. Do outro lado da cidade, Gabriel Azevedo (MDB), presidente da Câmara, fez um discurso repleto de indiretas aos seus rivais e colocações políticas. Durante esta semana, BH receberá as convenções dos partidos PL, Novo, Republicanos, Podemos, PDT e PT, que prometem seguir as estratégias de seus colegas e direcionar os rumos da disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte.
A convenção do PL, marcada para sexta-feira (2/8), traz duas questões importantes. A primeira é a escolha do vice na chapa que lançará o deputado estadual Bruno Engler à corrida eleitoral. Anteriormente, dois nomes foram cotados: o ex-deputado João Leite (PSDB) e a ex-secretária de governo, Luisa Barreto (Novo). Leite recebeu o convite, mas recusou devido à posição do PSDB, que não deseja “coligar com extremistas”. Já Luisa fazia parte do plano de Engler para atrair o governador Romeu Zema (Novo) para a campanha, mas essas articulações não se concretizaram. João Leite deve seguir com Gabriel Azevedo, e Luisa estava considerando se alinhar com Mauro Tramonte (Republicanos), mas precisará reorganizar seus planos após o apoio do ex-prefeito de BH, Alexandre Kalil, à chapa de Tramonte.
O deputado Bruno Engler também não contará com seu maior padrinho político, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), na convenção que marca sua primeira aparição como pré-candidato da ala bolsonarista em BH. Apesar de Bolsonaro ter colocado Belo Horizonte como prioridade, um racha dentro do partido, polarizado pelo presidente Valdemar da Costa Neto, parece ter feito Bolsonaro deixar a capital mineira em segundo plano. Até o momento, ele não tem viagens marcadas para a cidade e já cancelou duas aparições ao lado de Engler.
A convenção do Novo, marcada para sábado (3/8), permanece um mistério. Originalmente agendada para sábado (27/8), a reunião foi desmarcada às pressas após Kalil se juntar aos Republicanos. Nos bastidores, havia rumores de que Luisa Barreto poderia ceder a candidatura para Tramonte. Essa não era a vontade da ex-secretária, que desejava concorrer como cabeça de chapa, mas houve pressão do partido. Surpresos com a notícia de que Kalil agora faz parte do grupo político, o Novo precisará recalcular suas estratégias. O ex-prefeito é considerado rival de Zema e, até o momento, não demonstra interesse em se alinhar ao grupo.
- Confira: Dois tons em duas convenções
Luisa Barreto pode ganhar uma vitória com todo o desdobramento. A secretária tem a vontade de manter seu nome para o pleito. A vontade remete ao desejo de colocar seus projetos ligados à gestão pública em destaque junto à população. A ex-secretária entende que não é popular, mas acredita que a opção de não deixar ela competir pode ter a ver com o fato dela ser uma mulher em destaque. De qualquer forma, por enquanto Luisa deve seguir solo e apadrinhada por Romeu Zema.
Enquanto os líderes do Novo voltam à estaca zero, Kalil deve participar da convenção dos Republicanos marcada para domingo (4/8). O partido apresentará Mauro Tramonte, que lidera as pesquisas eleitorais, como candidato à Prefeitura de BH. O jornalista, agora com o apoio mais disputado nesta eleição, deve ter um vice indicado pelo próprio Kalil. Ainda existe a possibilidade de aliança com o Novo, mas essa opção não agrada o ex-prefeito, que pode começar a tomar as rédeas nos bastidores.
No Podemos, a família Aro, do Progressistas, lançará Carlos Viana na convenção marcada para domingo (4/8). O jornalista trocou de cadeiras com seu suplente, Castellar Neto, braço direito de Marcelo Aro, secretário da Casa Civil do governo Zema e líder do grupo político. Nos bastidores, havia a possibilidade de Luísa Barreto migrar para a chapa de Viana, mas a opção não parece agressiva o suficiente. Outra possibilidade era Viana se apresentar como vice de Tramonte. Ambos são evangélicos e podem conquistar juntos votos do grupo.
No PDT e no PT, a intriga é a mesma. As convenções marcadas para domingo (4/8) devem marcar o fim das articulações para uma unificação da esquerda. Duda Salabert (PDT) e Rogério Correia (PT), ambos deputados federais, desejavam encabeçar chapas que uniriam os partidos da esquerda – incluindo o PSOL e a Rede – para tentar uma candidatura única e competitiva. Até o momento, nenhum dos dois abriu mão da liderança na chapa. Por isso, é esperado que ambos façam suas convenções separadamente, lançando candidaturas próprias. A convenção do PDT, que iria acontecer na última semana, foi cancelada exatamente por esse motivo. Havia esperança nos bastidores de que algo fosse resolvido entre Carlos Lupi e Gleisi Hoffmann, presidentes nacionais das legendas.
Outro ponto dentro do PT é o fato de o presidente Lula (PT) não colocar Belo Horizonte entre suas prioridades. Assim como Bolsonaro, o líder do partido não comparecerá à convenção, como fez em São Paulo e Rio de Janeiro. Embora Lula tenha dado seu apoio a Rogério Correia, não deve ser ativo nas eleições municipais.
Anteriormente, o presidente havia costurado um acordo com Fuad Noman, mas as negociações não avançaram depois que Correia lançou sua candidatura. Nos bastidores, havia um entendimento entre Lula e Rodrigo Pacheco, um dos caciques do PSD, para que o presidente mantivesse a neutralidade em BH.