A Controladoria-Geral da União (CGU) encontrou asfalto com preço superfaturado e de baixa qualidade em pelo menos 10 estados. De acordo com a auditoria, as obras de asfaltamento foram contratadas pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). Os contratos relacionados aos empreendimentos somam R$ 119 milhões em investimentos públicos.
A análise de 24 contratos encontrou indícios de "vícios construtivos" em 15 deles, ou seja, em 62,5% do total. De acordo com as amostras avaliadas, o asfalto precário e com obras realizadas com preços acima do valor de mercado foi utilizado no Amapá, Ceará, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Sergipe, Tocantins, Piauí e em Pernambuco.
Com ajuda de equipamentos especializados, a CGU encontrou sinais de sobrepreço e superfaturamento "pela execução de espessuras médias de revestimento inferiores àquelas especificadas em medição contratual, assim como de redução de desempenho e da vida útil da camada asfáltica, com consequente desperdício de dinheiro público e dispêndio precoce de recursos para a manutenção da via."
No Maranhão, uma das análises apontou que o asfalto construído tinha espessura abaixo da metade da medição prevista em contrato. "As baixas espessuras das camadas do pavimento (...) combinadas com a presença de um lençol freático alto em alguns pontos fizeram com que o pavimento, embora recente, esteja inteiramente perdido em algumas das ruas pavimentadas", aponta um trecho do relatório.
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Além da baixa espessura, também foram encontradas irregularidades com diferentes medidas no asfalto, onde alguns trechos eram de 1,4 centímetros, e em outros, 6,5 centímetros. "Trincamentos em malha (...), afundamentos e mesmo a desintegração, dentre outros, são defeitos permanentes relacionados à baixa espessura do revestimento asfáltico. Em casos mais graves observados, essa falta de espessura mínima fez com que o revestimento não resistisse e rompesse prematuramente em alguns pontos", completa o texto do documento.
A CGU aponta que a diferença de um centímetro e meio na espessura do material asfáltico pode representar que a empresa recebeu até R$ 767 mil acima do valor que de fato utilizou para realizar a obra. O relatório aponta que fragilidades na fiscalização e na gestão dos projetos pela Codevasf abrem espaço para este tipo de irregularidade.
Em nota, a Codevasf afirmou que "atua em permanente cooperação com órgãos de fiscalização e controle. Apontamentos e recomendações desses órgãos são observados pela Companhia para fins de controle e contínuo aperfeiçoamento de procedimentos". Além disso, a companhia alega que "obras que apresentem imperfeições ou inconformidades são objeto de notificação às empresas responsáveis, com vistas à correção" e que "todas as obras contratadas pela Codevasf devem atender a requisitos de qualidade estabelecidos em contrato".