A direção do PT e seu GTE (Grupo de Trabalho Eleitoral) bateram o martelo e decidiram que o partido não vai financiar campanhas de petistas nem de aliados de outras legendas que não tenham viabilidade eleitoral, ou seja, que não reúnam chances de vitória no pleito de outubro. Após o fracasso em 2020, seu pior resultado em eleição municipal, a sigla definiu que não vai pulverizar recursos de seu fundo eleitoral de R$ 620 milhões, o segundo maior, e repassar para nomes sem condições de serem competitivos.
O GTE e dirigentes do partido se reúnem nesta semana para mapear e definir o rumo do PT em todos os municípios com mais de 100 mil eleitores, e também os acima de 200 mil e capitais. O PT vai fazer uma espécie de peneira e avaliar cada caso. Os dirigentes entendem que há grande quantidade de pré-candidatura na praça, mas que muitas delas precisam provar ser viáveis. O partido, hoje, não administra nenhuma capital, quer reverter esse cenário e vai escolher a dedo suas apostas.
Em 2020, o PT elegeu 183 prefeitos. Chegou a 241 em 2022, após eleição de Lula — com novos filiados —, e, após a janela eleitoral, atingiu 265 gestores municipais. Desses, 88% estão em primeiro mandato, e quase a totalidade vai tentar a reeleição. E contarão com apoio de recursos por serem potencialmente fortes, já que estão com o domínio da máquina.
O partido estima eleger entre 300 e 400 prefeitos em outubro, mas não quer estabelecer meta para conviver com uma frustração nem alimentar noticiário negativo. O PT tem pré-candidatos em 14 capitais, e em outras 11 vai apoiar aliados. O comando nacional da legenda está à frente das definições de 215 municípios, todos acima de 100 mil eleitores, que representam 48% do eleitorado brasileiro.
O PT não pretende também repassar recursos para petistas que integrem a chapa como candidato a vice-prefeito. A exceção, até agora, é Marta Suplicy, em São Paulo, que se filiou novamente ao partido para disputar o pleito e compor a chapa ao lado do deputado Guilherme Boulos, do PSol.
Boulos tem o total apoio da legenda, o endosso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e foi fruto de acordo após as eleições de 2022, quando o deputado do PSol abriu mão de disputar o governo do estado em favor do hoje ministro Fernando Haddad, da Fazenda, que perdeu para Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Em duas outras capitais, o PT endossaria um candidato da legenda para vice e entraria com recursos. São os casos do Rio, que o partido gostaria de indicar o nome do companheiro de chapa de Eduardo Paes (PSD), e no Recife, onde os petistas queriam estar o lado de João Campos (PSB), que optou por um nome do PCdoB, Victor Marques, um antigo amigo de faculdade. O PT não tem mais ilusão de fazer o vice de Paes, que tem em mãos pesquisas apontando rejeição a seu nome nesse caso.
O desempenho do PT em 2020, quando não elegeu um prefeito de capital, foi definido pelo coordenador do GTE, o senador Humberto Costa (PT-PE), como o "fundo do poço" para o partido. Depois desse resultado, a legenda quer evitar novo fiasco num momento em que Lula preside o país e que nova dura eleição se avizinha em 2026 contra a direita e a extrema-direita. O próprio presidente já declarou que o PT só deve ter candidatos onde houver chance de vitória.
Capitais
Prioridades certas na campanha da sigla para recuperar prefeituras de capital são duas no Nordeste: Fortaleza, com o deputado estadual Evandro Leitão, e Teresina, com o nome de Fábio Novo, também deputado estadual.
Dado o enfrentamento político com o Jair Bolsonaro e seu grupo, o PT está investindo em alianças com os aliados nas prefeituras e decidiu que não vai "bancar aventuras". O partido admite, até mesmo depois de aprovado algum nome em convenção, que precisa ocorrer até o próximo domingo, não levar adiante se avaliar que o escolhido não é competitivo ou não serve aos interesses do partido. Nesse caso, o candidato não seria registrado na Justiça Eleitoral, prazo que vai até o próximo dia 15.
O PT enxerga a candidatura de Maria do Rosário, em Porto Alegre, como uma promessa. O nome da deputada federal cresceu nas pesquisas após as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul e que desgastaram a gestão do prefeito Sebastião Melo, do MDB, candidato à reeleição.
Em Belo Horizonte, ainda que não desponte como favorito, o partido vai bancar a candidatura de Rogério Correia, deputado federal, que tem convenção marcada para o domingo.