O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve esperar o retorno do assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, enviado por ele à Venezuela, para se pronunciar nos próximos dias sobre o reconhecimento ou não do pleito presidencial ocorrido no país no último domingo (29), analisa Rubens Barbosa, presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice) e ex-embaixador do Brasil em Londres e em Washington.
Ele ressaltou ainda que o Brasil levará em conta a reação dos observadores da ONU e do Carters Center e o recebimento das atas. “O Brasil deve levar alguns dias ainda para se posicionar. Não acho que o país vá reconhecer ou se pronunciar em qualquer sentido antes disso. Desde o momento em que começou a campanha até a votação não houve transparência. Teve a inabilitação de candidatos, perseguição, proibição dos venezuelanos que estão no exterior que não podiam votar, alegações de invasão de hackers”, apontou.
Barbosa destacou ainda o conflito de narrativas entre a oposição e Maduro. “Não foi dado o conhecimento das atas como a oposição pediu, temos um conflito de narrativas. Creio que teremos um período muito difícil na Venezuela nesses próximos meses porque a posse vai ser feita só em janeiro. Tem o prazo de contestação e hoje já começaram protestos contra o Maduro”, analisou.
A expectativa é de que Amorim retorne ao Brasil na terça ou quarta-feira.
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Nesta segunda-feira (29/7), o governo brasileiro afirmou que aguarda a divulgação de dados oficiais sobre a eleição presidencial na Venezuela para se posicionar sobre o resultado. Nicolás Maduro, atual presidente, foi reeleito ontem (28) com 51% dos votos, segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano. A oposição, porém, contesta o resultado e o acusa de fraude.
Também hoje, o governo venezuelano expulsou todo o corpo diplomático de sete países que contestaram o resultado das eleições presidenciais, nesta segunda-feira (29/7). Foram expulsos os embaixadores e diplomatas de Argentina, Uruguai, Chile, Costa Rica, Peru, Panamá e República Dominicana.