O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se manifestou pela primeira vez sobre as eleições da Venezuela, nesta terça-feira (30/7). Em entrevista à TV Centro América, afiliada da TV Globo no Mato Grosso, o mandatário criticou a cobertura das eleições na Venezuela e diz que imprensa brasileira trata o assunto como se fosse a "Terceira Guerra Mundial". O presidente afirmou ainda que não há nada de "anormal" na disputa eleitoral do país vizinho.
"O Tribunal Eleitoral reconheceu o Maduro como vitorioso, e a oposição ainda não. Então, tem um processo. Eu vejo a imprensa brasileira tratando como se fosse a Terceira Guerra Mundial, mas não tem nada de anormal. Não tem nada de grave, não tem nada de assustador. Tem uma eleição, tem uma pessoa que disse que teve 41%, teve outra pessoa que disse que teve 50%, entra na Justiça e a Justiça faz", afirmou o presidente.
“É normal que tenha uma briga. Como se resolve essa briga? Apresenta a ata. Se a ata tiver dúvida entre a oposição e a situação, a oposição entra com um recurso e vai esperar na Justiça o processo. E vai ter uma decisão, que a gente tem que acatar. Eu estou convencido que é um processo normal, tranquilo", completou Lula.
Segundo o Comitê Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, o atual presidente Nicolás Maduro foi o vencedor do pleito com 51,2% dos votos, enquanto o opositor Edmundo González teria recebido 44% dos votos. Contudo, a coalizão contrária a Maduro aponta para uma fraude no processo.
O Palácio do Itamaraty ainda não reconheceu a vitória de Maduro, uma vez que espera a apresentação dos documentos que comprovem a reeleição do governante. Em nota, o Partido do Trabalhadores (PT) reconheceu a vitória de Maduro e defendeu que ele continue o diálogo com a oposição.
Segundo Lula, o resultado será reconhecido apenas com a apresentação das atas. "Na hora que tiver apresentado as atas, e for consagrado que a ata é verdadeira, todos nós temos a obrigação de reconhecer o resultado eleitoral da Venezuela", disse.
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Logo após a divulgação dos resultados, o grupo opositor se reuniu para anunciar que iria tomar as medidas cabíveis e provar que as eleições foram fraudadas. A líder da oposição, Maria Corina Machado, que teve a própria candidatura cassada pela Justiça, disse que González venceu com 70% dos votos.
Em meio às dúvidas que cercam o pleito, a tensão cresceu no país. Venezuelanos foram às ruas protestar já na noite de domingo. Pelo menos cinco pessoas foram presas na capital Caracas, segundo as autoridades locais.