Dois militares deixaram o Ministério da Defesa nesta semana após serem denunciados internamente por suposto assédio sexual contra uma funcionária terceirizada.
O caso teria ocorrido durante uma viagem oficial a Manaus, entre os dias 15 e 19 de julho. Em jantar de comemoração no último dia da viagem, os dois militares teriam passado as mãos nas partes íntimas da mulher. A vítima levou o caso à cúpula do Ministério da Defesa na última semana, e uma investigação interna foi aberta.
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Os dois suspeitos foram afastados. São eles o general Ubiratan Poty, diretor do programa Calha Norte, e o coronel Armindo Nunes de Medeiros Júnior, coordenador-geral de engenharia do Calha Norte.
A reportagem ainda tenta contato com os militares. Em nota, o Ministério da Defesa confirmou que recebeu a denúncia contra os oficiais e disse que "repudia qualquer ato de assédio moral ou sexual".
"Em razão do recebimento de denúncia, o fato foi informado à unidade responsável pela investigação, garantindo o sigilo das apurações e a preservação dos dados pessoais dos envolvidos, na forma da lei. Se comprovadas irregularidades, serão aplicadas as sanções cabíveis", afirmou a Defesa.
Manaus
A viagem para Manaus tinha como foco a realização de vistorias em convênios do programa Calha Norte com os municípios do Amazonas. O assédio teria ocorrido no dia 18, véspera do retorno dos militares para Brasília.
O general Ubiratan e o coronel Armindo, ambos na reserva do Exército, foram exonerados após a denúncia de abuso sexual. Eles tiveram a exoneração confirmada "a pedido", ou seja, quando o demissionário pede para deixar o cargo.
Apesar da formalidade, os militares foram afastados por orientação do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro. O caso foi revelado pelo Metrópoles e confirmado pela Folha.
O general de divisão (três estrelas) Ubiratan Poty estava no Ministério da Defesa desde setembro de 2019. Na ativa, ocupou cargos de chefia no Centro de Inteligência do Exército e no Estado-Maior do Comando Militar da Amazônia e foi adido militar no Uruguai.
O coronel Armindo foi para a reserva do Exército em março e assumiu o cargo de chefia no Ministério da Defesa logo após não ser promovido a general. Antes, ele trabalhou com Ubiratan no Centro de Inteligência do Exército, como analista, e comandou a base administrativa do Quartel-General.
O programa Calha Norte foi criado para ajudar no desenvolvimento e na segurança da região ao norte das calhas dos rios Solimões e Amazonas. No governo Jair Bolsonaro (PL), porém, o projeto acabou desviando sua finalidade e se tornou um operador de obras na região Norte.
O programa virou um dos focos de recebimento de emendas parlamentares no Congresso Nacional, já que a execução das obras em redutos eleitorais dos políticos é mais rápida que por outros meios.