BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente Lula (PT) não vai a Itajaí (SC) nesta semana, para um evento que aconteceria praticamente ao mesmo tempo e a poucos quilômetros da conferência conservadora em Santa Catarina que vai reunir o ex-presidente Jair Bolsonaro e o argentino Javier Milei.

 

A avaliação do Palácio do Planalto é que havia risco de desgaste político e hostilidade contra o presidente, considerando a força do bolsonarismo localmente e a realização do evento da direita.

 

A viagem ao estado era mencionada nos bastidores do Palácio do Planalto e por políticos catarinenses do PT. Toda a mídia local publicou reportagens sobre a visita.

 



 

A Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom) afirma que a viagem nunca esteve na programação, que é divulgada semanalmente - a mais recente, ressalta, tendo sido divulgada antes da confirmação da vinda de Milei.

 

 

A pasta acrescenta que Lula pretende visitar o Porto de Itajaí, mas sem mencionar datas. "Não está definida (a viagem), nunca entrou em previsão nem foi acionado Escav ou qualquer forma de avançado", afirma, em relação à unidade que viaja antes para os locais que serão visitados pelo presidente.

 

"Conforme consta nas divulgações realizadas pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República encaminhadas para a imprensa semanalmente, trata-se de uma programação prevista para o presidente Lula. Os comunicados sempre ressaltam que mudanças podem ocorrer", disse ainda na nota.

 

Lula alterou a sua agenda de viagens para o final desta semana, retirando do roteiro para esta quinta-feira (4) Goiânia e substituindo a cidade por Campinas, no interior de São Paulo.

 

 

Também a Presidência da República também confirma que o mandatário não irá a Santa Catarina, estado considerado como uma das bases bolsonaristas e governado por um aliado próximo ao ex-presidente, Jorginho Mello (PL).

 

Segundo divulgação anterior de veículos de imprensa locais, Lula participaria de uma cerimônia no Porto de Itajaí, para onde ele iria na sexta (5) ou no sábado (6).

 

Haveria, portanto, o risco de coincidir com a conferência conservadora que será realizada no fim de semana, em Balneário Camboriú, reunindo líderes da direita. A distância de Itajaí a Balneário Camboriú é inferior a 20 quilômetros.

 

 

Nesta segunda-feira (1), a Casa Rosada confirmou que Milei virá ao Brasil para participar da Cpac (Conferência de Ação Política Conservadora).

 

O porta-voz da Casa Rosada, Manuel Adorni, disse que o presidente deve viajar ao Brasil no sábado, retornando à Argentina no dia seguinte. Ele não detalhou, no entanto, a agenda do presidente e não confirmou o encontro com Bolsonaro. Ainda segundo Adorni, Milei cancelou sua participação na cúpula do Mercosul por problemas de agenda.

 

Filho do ex-presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) disse que o argentino teria um encontro com o pai.

 

Lula e Milei vêm mantendo uma relação conflituosa desde a campanha eleitoral argentina. O atual presidente fez diversos ataques ao brasileiro na campanha eleitoral e seguidas vezes o chamou de "corrupto".

 

Depois enviou uma carta por sua chanceler Diana Mondino, na qual defendeu a manutenção de uma boa relação bilateral entre os dois países.

 

Na semana passada, Lula disse que aguardava um pedido de desculpas de Milei como uma condição para que os dois pudessem se reunir. "Não conversei com o presidente da Argentina porque acho que ele tem que pedir desculpas ao Brasil e a mim. Ele falou muita bobagem. Só quero que ele peça desculpas", afirmou o presidente.

 

Milei negou o pedido de desculpas e voltou a chamar o petista de corrupto e comunista.

 

Essa não será a primeira vez que Milei viaja a um país ignorando as autoridades locais. No mês passado, o argentino viajou para a Espanha e não se encontrou com nenhum membro do governo de esquerda do premiê Pedro Sánchez, tampouco se reuniu com o rei Felipe 6º, como costuma acontecer em visitas de chefes de Estado estrangeiros. No discurso, Milei ainda voltou a criticar a esposa de Sánchez.

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