SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A mais recente pesquisa do Datafolha sobre a disputa pela principal prefeitura do país, São Paulo, aponta um cenário de estabilidade em que seguem à frente Ricardo Nunes (MDB), com 24%, e Guilherme Boulos (PSOL), com 23%.

 

O segundo lugar é disputado por um pelotão de nomes embolados tecnicamente, dentro da margem de erro de três pontos para mais ou menos.

 

Abre esse grupo o apresentador José Luiz Datena (PSDB), com 11%, o ex-coach Pablo Marçal (PRTB), com 10%, a deputada federal Tabata Amaral (PSB), com 7%, e Marina Helena (Novo), com 5% -essa última descolada de Datena, já que estão no limite máximo da margem de erro, em um empate improvável.

 



 

Mais atrás do grupo está o deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil), com 3%. Por fim, há na lanterna, com 1%, João Pimenta (PCO), Fernando Fantauzzi (DC) e Altino (PSTU). Declaram votar em branco, nulo ou em ninguém 10%, e 3% afirmaram não saber ainda a quem vão apoiar.

 

Numericamente, o prefeito Nunes trocou de posto com o deputado federal Boulos, em relação ao levantamento anterior do instituto, feito no fim de maio.

 

Na atual pesquisa, foram ouvidos 1.092 eleitores de terça (2) a quinta-feira (4). A pesquisa, encomendada pela Folha de S.Paulo, foi registrada na Justiça Eleitoral sob o número SP-001178/2024.

 

O quadro permaneceu estável neste mês, com algumas outras variações dentro da margem de erro. Datena e Marçal, por exemplo, oscilaram três pontos para cima, enquanto Tabata e Kim foram um para baixo, e Marina, um para cima.

 

Na pesquisa espontânea, há também estabilidade. Nela, quando o eleitor indica em quem vai votar sem ter os nomes de postulantes à disposição, Boulos tem 14%, Nunes, 8%, "o atual prefeito", 3%, Marçal, também 3%, Datena e Tabata, 2%. Kim vem com 1%. Um total de 55% diz não saber ainda em quem votar.

 

 

As posições irão acirrar as discussões acerta das candidaturas agora em julho. No dia 20 é aberta a temporada de convenções partidárias para definir nomes, que se encerra em 5 de agosto.

 

Dos nomes colocados, os de Datena e de Kim são os vistos como mais incertos. O apresentador, por seu histórico de desistências na última hora. O deputado, porque seu partido deverá apoiar Nunes, salvo uma reviravolta envolvendo o cacique da sigla, o presidente da Câmara Municipal, Milton Leite.

 

 

Assim, o Datafolha questionou os eleitores acerca de um cenário sem os dois. Nele, a ordem dos fatores não se altera, apenas a pontuação nominal: Nunes tem 26%, Boulos, 25%, Marçal, 12%, Tabata, 9% e Marina Helena, 7%.

 

Os votos de Datena migram principalmente para Nunes (20%), Boulos (15%), Marina (10%) e Marçal (8%). Sem Kim, Marçal é o principal beneficiário, chegando a liderar a corrida entre os mais jovens (22%) ao lado do psolista e do prefeito.

 

 

Os olhos se voltam assim para o apresentador, que em pesquisas internas do PSDB tem aparecido mais bem colocado. Sua filiação ao partido fazia parte de um jogo em que Tabata o queria como vice, mas ao fim a deputada está ficando isolada, já se queixando de traição enquanto mantém a opção de uma aliança.

 

Desde a rodada de março do Datafolha, que não é comparável numericamente porque a cartela de candidatos era outra, Tabata tem patinado, apesar do esforço de promoção por parte de seu padrinho, o ex-governador paulista e hoje vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).

 

Na liderança, Nunes e Boulos estudam opções. Uma novidade desde a pesquisa do fim de maio foi a escolha do vice do prefeito, o ex-comandante da Rota (tropa de elite da PM-SP), coronel Ricardo Mello Araújo (PL).

 

O nome foi indicado pelo PL de Jair Bolsonaro, visando a captura do voto associado a ele na capital. Com efeito, Nunes é apoiado por 43% daqueles que votaram no ex-presidente no segundo turno de 2022, em que triunfou Lula (PT).

 

Há, por evidente, o temor de que a rejeição ao bolsonarismo contamine a candidatura de Nunes, mas por ora a tática parece ter auferido bons resultados. Marçal, visto como uma ameaça nessa disputa específica a ponto de sua postulação estar sob ataque especulativo do PL, recebe o voto de 25% dos eleitores do ex-presidente.

 

Do lado do deputado do PSOL, a associação de largada com o PT de Lula lhe rende 44% dos votos daqueles que escolheram o atual presidente em 2022. O petista tem feito eventos com Boulos e lhe indicou a vice, a ex-prefeita Marta Suplicy.

 

Do ponto de vista de perfil do eleitorado dos líderes não há novidades significativas. Boulos segue dificuldade de penetração entre os mais pobres, com 15% entre os que ganham até 2 salários mínimos. É um problema, já que o grupo responde por 42% da amostra populacional do Datafolha.

 

Também tem menos apoio entre os menos instruídos (16%, numa fatia de 21% dos ouvidos) e com ensino médio (16% entre 45% do eleitorado). Seu pior desempenho, 13%, está nos 24% de evangélicos, estrato associado ao bolsonarismo que apoia majoritariamente Nunes (27%).

 

Na mão inversa, tem intenção bastante acima da média só entre quem tem diploma universitário (38%, 34% da amostra) e mais ricos (37%, 16% dos entrevistados).

 

O prefeito tem um eleitorado mais homogêneo, com o pior desempenho registrado entre jovens (12% de intenção de voto, 12% do eleitorado) e na faixa populacional imediatamente acima dessa, daqueles que têm de 25 a 34 anos (17%, entre 19% dos ouvidos).

 

No período entre as pesquisas atual e anterior, Nunes apostou fortemente numa agenda de inaugurações de obras, até porque o prazo legal para que ele possa fazer isso sem ser acusado de uso da máquina acabou nesta sexta (5).

 

Volta a chamar a atenção a pontuação da pré-candidata do Novo, conhecida por apenas 39% do eleitorado --o que leva à hipótese de que haja confusão com o mais conhecido nome da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Isso poderá ser dirimido quando começar a campanha na TV.

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