ASSUNÇÃO, PARAGUAI (FOLHAPRESS) - Em busca de diminuir o tom de confrontos públicos com a Argentina, o presidente Lula (PT) afirmou nesta segunda-feira (8/7), após o encerramento da cúpula do Mercosul no Paraguai, que seu homólogo argentino, Javier Milei, perde em não comparecer ao fórum.

 

O petista foi questionado pela imprensa brasileira sobre a ausência do ultraliberal, que dispensou o bloco sul-americano para ir a uma conferência conservadora em Santa Catarina com bolsonaristas. Ele estava prestes a deixar a capital Assunção para voar rumo à Bolívia.

 

"A ausência do presidente não atrapalha se um país está presente. Quem perde por não comparecer é quem não vem. Sempre que tem uma reunião, eu faço questão de participar porque aprendo", afirmou Lula. "É uma bobagem imensa o presidente de um país como a Argentina não participar da reunião do Mercosul. É triste para a Argentina."

 

Após um fórum no qual ficaram claras as direções opostos de Argentina e Brasil em alguns temas, ele colocou panos quentes. "Estamos trabalhando o fortalecimento do Mercosul com a Argentina."

 

Antes de Lula, também o presidente do Paraguai, Santiago Peña, e o do uruguai, Luis Lacalle Pou, comentaram a ausência de Milei. O primeiro foi questionado por jornalistas e disse que insistiu com seu homólogo argentino, mas não o convenceu. Lacalle Pou por sua vez trouxe o tema voluntariamente e afirmou que, se o Mercosul era tão importante quanto diziam, todos deveriam estar ali.

 



 

O petista também comentou a ida de Milei à Cpac, o principal evento anual da direita brasileira, em Santa Catarina. Sem nomear o argentino, disse que esse é o "tipo de reunião que não o interessa". "Não se deve perder tempo fazendo uma coisa de extrema direita tão desagradável, antipovo, antidemocrática."

 

 

Diplomatas dos dois países temiam que Milei fizesse alguma menção a Lula, criticando-o, em território brasileiro. O argentino em todo o seu discurso criticou o socialismo, mas não mencionou o petista, o que ficou por conta da plateia de apoiadores.

 

Antes de assumir a Casa Rosada, Milei chamou Lula de corrupto e comunista e disse que não teria relações com o petista. Lula, por sua vez, manifestou apoio a quem enfrentava o ultraliberal nas ruas, o ex-ministro da Economia Sergio Massa, peronista.

 

A troca de farpas escalou nas últimas semanas quando eles voltaram a manifestar que não havia chance de um encontro entre os dois, ainda que os chanceleres dos dois países mantenham bom contato. Lula disse que Milei deveria lhe pedir desculpas, o que o argentino negou.

 

Ainda sobre a agenda internacional, Lula voltou a celebrar a vitória da esquerda nas eleições parlamentares da França, a despeito das previsões.

 

"A gente não quer fascista, nazista, extrema direita na França. Estou muito feliz. Tudo que acontece na França é sempre muito importante porque todos nós somos um pouco filhos da Revolução Francesa."

 

 

E, perguntado sobre a situação de Joe Biden nos Estados Unidos, frente à pressão democrata para que ele desista da candidatura, disse que não opinaria sobre o tema. Mas reforçou seu apoio. "Se eu fosse eleitor americano, votaria no Biden. Mas não sou, sou brasileiro, então continuo votando em mim."

 

Lula chega a Bolívia ainda nesta segunda para nesta terça-feira (9/7) cumprir agenda oficial ao lado de seu homólogo Luis "Lucho" Arce em Santa Cruz de La Sierra. A Bolívia acaba de se tornar membro do Mercosul.

compartilhe