O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que o ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel teria prometido ajuda para blindar o senador Flávio Bolsonaro (PL-SP) na investigação das rachadinhas. Em troca, ele queria ser indicado por Bolsonaro para o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

 

A revelação ocorreu em gravação obtida pela Polícia Federal no inquérito que apura uso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para espionagem ilegal durante o governo Bolsonaro — a chamada "Abin Paralela". O sigilo foi derrubado nesta segunda-feira (15/7), pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

 



 

"O ano passado [2019], no meio do ano, encontrei com o [Wilson] Witzel, não tive notícia [inaudível] bem pequenininho o problema. Ele falou, resolve o caso do Flávio. 'Me dá uma vaga no Supremo. […] Sede de poder’”, relatou Bolsonaro.

 

O ex-presidente complementou: “Então, você sabe o que que vale você ter um ministro irmão teu no Supremo”.

 

Na gravação obtida pela Polícia Federal, o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno e Alexandre Ramagem, então diretor da Abin, participam da conversa com as advogadas de Flávio.

 

 

Após a revelação de Bolsonaro, as mulheres se surpreendem e Bolsonaro diz que a vaga seria para o juiz Flávio Itabaiana, responsável por julgar a suspeita de rachadinha cometida no gabinete do filho.

 

A conversa de 1 hora e 8 minutos teria sido feita pelo próprio Ramagem, em 25 de agosto de 2020. Ele propõe abrir procedimentos administrativos contra os auditores fiscais que investigaram Flávio para anular as investigações, e Bolsonaro concorda. A estratégia foi colocada em prática, e o processo contra o parlamentar foi arquivado em 2022.

 

 

Confira a íntegra do áudio da reunião

 

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