A deputada federal e pré-candidata à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) Duda Salabert (PDT-MG) defende a unificação da esquerda em torno de seu nome para a disputa das eleições municipais da capital mineira. Em sua defesa, Duda alega a “viabilidade eleitoral” de alcançar o segundo turno. 


O posicionamento da parlamentar ocorre após a divulgação das recentes pesquisas eleitorais, que apontam que Duda está empatada na segunda colocação, levando em consideração a margem de erro. “Tem quase vinte anos que a esquerda não vai para o segundo turno em BH. E de acordo com as pesquisas, neste ano nós temos chances reais de ir para o segundo turno e de vencer as eleições. Na pesquisa Quaest, o nosso nome aparece com 9% e, considerando a margem de erro, nós estamos empatadas em segundo lugar”, defendeu Duda em vídeo publicado na rede social, na noite dessa terça-feira (16/7).

 

 

Segundo o levantamento Genial/Quaest, divulgado ontem, o deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos) está na frente na disputa eleitoral pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) com 25% das intenções de voto. No segundo lugar, levando em conta a margem de erro de três pontos percentuais, há um empate técnico entre seis candidatos: Bruno Engler (PL), João Leite (PSDB), Duda Salabert (PDT), Fuad Noman (PSD), Carlos Viana (Podemos) e Rogério Correia (PT).


A pesquisa também buscou analisar uma possível unificação da esquerda por meio da simulação de três cenários. De acordo com o levantamento, com a unificação ocorrendo em torno do nome de Rogério Correia, a esquerda aparece com 11% das intenções de voto, enquanto em torno de Duda, projeta 14% das intenções de voto. Já a unificação em torno do atual prefeito Fuad Noman (PSD), que tenta a reeleição, garante 12% das intenções de voto. 


Para o diretor da Quaest Pesquisa e Consultoria, Felipe Nunes, a viabilidade eleitoral para os três pré-candidatos é difícil. "Com muitos pré-candidatos na disputa, o desafio da esquerda é decidir se continua fragmentada ou unificada (...). Em nenhum desses cenários a esquerda tem vida fácil para chegar ao segundo turno. Os três pré-candidatos aparecem empatados com outros nomes, mesmo se a unificação ocorrer", disse Felipe Nunes ao divulgar a pesquisa. Apesar disso, a parlamentar mantém o otimismo e acredita nas chances de ir para o segundo turno. 


Duda ainda cita a pesquisa Datafolha em que aparece com 10% das intenções de voto, novamente empatada em segundo lugar. “Por isso eu faço, novamente, um convite público para a unificação da esquerda tendo como viabilidade eleitoral, ou seja, chance de ir para o segundo turno e também de vencer as eleições”, afirma a parlamentar.



A deputada federal também relembra que na eleição municipal anterior desistiu de sua pré-candidatura à Prefeitura de Belo Horizonte para apoiar a unificação da esquerda. "Eu estava pré-candidata à prefeitura, pontuava bem nas pesquisas, e retirei minha pré-candidatura na época para apoiar a unificação da esquerda, que em princípio estava se construindo em torno do nome da Áurea Carolina e do Rogério Correia. Mas naquele momento, o PT achou melhor lançar outra candidatura e ocorreu uma unificação de um setor da esquerda, que era da Áurea Carolina, candidata à prefeitura, e do Leonardo Péricles, do UP, como vice”, disse.


“Agora, em 2024, o que mostram as pesquisas é que a esquerda, pela primeira vez nos últimos vinte anos, tem chances reais de ir para o segundo turno e, como eu disse, vencer as eleições. Por isso, a unificação do campo é importante, não só levando em consideração o programa apresentado, mas também, como eu disse, a viabilidade eleitoral, que significa chance de ir para o segundo turno. Essa é a nossa posição”, finalizou. 

 




União da esquerda


O posicionamento da parlamentar vai na contramão do que vem sendo defendido pelos outros políticos de esquerda envolvidos no pleito municipal. Nas últimas semanas, a deputada estadual Bella Gonçalves (Psol) e Ana Paula Siqueira (Rede) desistiram de suas pré-candidaturas para apoiar o nome do deputado federal Rogério Correia, pré-candidato do PT, apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

 

 

 

Em conversa com o Estado de Minas, o deputado federal Rogério Correia disse que “unidade se constrói com todas e todos, jamais solitariamente”. O petista destaca que já conta com o apoio de cinco partidos progressistas, incluindo seu próprio partido, o PCdoB e o PV, que fazem parte da federação com o PT, além do Psol e Rede, partidos de Bella e Ana Paula Siqueira. “Agradeço o gesto e compreensão política da Bella e Ana Paula neste momento decisivo para os rumos de BH e do Brasil”, pontuou.


“Além disso, já tenho o apoio do presidente Lula e da imensa maioria dos movimentos sociais, sindicais e populares de Belo Horizonte, garantindo uma militância que será decisiva para irmos ao segundo turno e vencer as eleições. As pesquisas me colocam em empate técnico no segundo lugar e teremos tempo de TV precioso para divulgar nossas ideias e compromissos”, completou. 


“Pré-candidatura histórica”


Também nessa terça-feira, entidades ligadas ao movimento trans, como a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), assinaram uma carta em apoio à candidatura de Salabert. “Nunca tivemos uma pessoa trans ocupando um cargo de prefeita ou vice-prefeita em uma capital em nosso país”. No documento, elas defendem que é a primeira vez que uma pessoa trans se lança a uma prefeitura de capital com viabilidade eleitoral: “Conte com nosso apoio incondicional”.

 

A pré-candidatura de Duda foi comparada pela ANTRA com os lançamentos de outras mulheres trans que tentaram o cargo executivo da prefeitura municipal. “Linda Brasil se lançou pré-candidata à prefeitura de Aracaju, possuiu uma votação expressiva na eleição para Deputada, [mas] ainda assim seu nome foi preterido. Letícia Lanz venceu a barreira da pré-candidatura à prefeitura de Curitiba em 2020, mas infelizmente terminou a eleição com apenas 0,43% dos votos”. E completam: “A pré-candidatura de Duda Salabert é histórica!”, pontuou a carta da associação. 

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