ARACAJU, SE (FOLHAPRESS) - A repórter Renata Varandas foi demitida da Record na manhã desta quinta-feira (18/7). Responsável pela cobertura política em Brasília (DF), Varandas foi desligada após vazar para o mercado financeiro trechos de entrevista que fez com o presidente Lula para o Jornal da Record na última terça (16) antes dela ir ao ar.

 

Divulgado pela corretora BGC, o texto foi atribuído à Capital Advice, uma agência de análise política da qual Renata Varandas, a autora da entrevista, é uma das três sócias.

 

A empresa repassou aos investidores a declaração de que Lula dizia que ainda precisava ser convencido sobre a necessidade de cortes de gastos e que a meta fiscal não necessariamente precisava ser cumprida, embora tenha se comprometido com o arcabouço fiscal.

 



 

Na terça, o dólar teve salto e a avaliação de analistas do mercado foi de que falas do presidente teriam provocado ruídos de incerteza fiscal.

 

Os efeitos das declarações no câmbio começaram por volta das 12h20, quando a cotação do dólar começou a acelerar. Às 12h43, a moeda americana passou a registrar alta ante o real, subindo até atingir a máxima da sessão, às 13h40, a R$ 5,462 --valorização de 0,33% em relação ao fechamento do dia anterior.

 

Às 13h48, a Record divulgou o trecho da entrevista que gerava ruídos no mercado, e o dólar voltou ao sinal negativo. No final do dia, a moeda fechou em baixa de 0,31%, a R$ 5,428. Em dia de volatilidade, a Bolsa também se firmou no campo negativo após declarações do presidente.

 

Renata Varandas foi afastada já na quarta-feira (17). A Record se sentiu incomodada com o vazamento por dois motivos. O primeiro, claro, foi a quebra de confiança de uma jornalista que estava no auge de seu prestígio na Record. Além de repórter, Renata era apresentadora do Jornal da Record quando a titular, Christina Lemos, não estava.

 

 

O segundo foi que o vazamento criou ruídos fortes na relação da Record com o governo Lula, que tem sido reconstruída nos últimos meses após problemas que as partes tiveram antes de Lula vencer as eleições de 2022. A equipe do Ministério da Fazenda, liderada por Fernando Haddad, foi a mais incomodada com o caso.

 

A demissão só ocorreu nesta quinta (18) porque executivos que gostavam do trabalho de Renata Varandas tentavam uma reviravolta no caso, o que não foi conseguido.

 

Procurada pela reportagem, a Record Brasília confirmou a demissão. "A Record informa o desligamento da repórter Renata Varandas, que, a partir desta quinta-feira (18/07/2024), não faz mais parte da equipe de jornalismo da emissora". Renata Varandas também foi procurada, mas não respondeu as mensagens.

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