O espectador da Rede Minas se deparou com novidades. A segunda-feira (22/7) marcou a estreia de uma nova grade em uma programação que mostra as tendências da nova gestão das emissoras do estado, tanto a televisão como a Rádio Inconfidência. Sob o comando de um ex-coordenador do Movimento Brasil Livre (MBL) e atual filiado do Novo de Romeu Zema, o conteúdo veiculado nos canais abraçou o neopentecostalismo até nos materiais infantis e aposta numa estética policialesca para o jornalismo.

 

Às 8h, a Rede Minas passa a transmitir “Danizinha protetora”. O desenho animado de traços arredondados e coloridos oferece à criançada doses cavalares de proselitismo religioso. No site da própria Rede Minas, a trama do programa é descrita assim: “a garotinha e sua turma têm, como propósito, proteger as crianças contra as ameaças que podem tirá-las da sua infância. Ela encarna a defensora dos valores cristãos e ensina a importância da confiança em Deus e como reconhecer situações que podem comprometer seu bem-estar”. Em um site oficial da personagem, lê-se mensagens como: “nosso lema é que Deus não erra! Menino é menino, menina é menina e os dois gêneros têm muito valor como nasceram”.

 

A “Danizinha” é uma personagem de Daniela Linhares, pastora e vice-presidente da Igreja Batista Getsêmani, palco da imiscuição entre religião e política de discursos do então candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) em passagem por Belo Horizonte em 2022.

 

Semanas antes do desenho evangélico entrar na grade, a Rede Minas já fazia extensa cobertura do evento privado “Ore Comigo”, festival de música gospel. Às 11h, a emissora passa a transmitir o “Minas em Ação”, programa de notícias policiais nos moldes “datenescos”. Segundo funcionários ouvidos pela coluna, o jornal é a menina dos olhos do governo Zema na nova programação.

 



 

As mudanças de programação são concomitantes à chegada de Leonardo Vitor para assumir as redações da Inconfidência e da Rede Minas. Ex-MBL e atual membro da juventude do Novo em Minas, ele tem uma atuação intensa nas redes sociais compartilhando conteúdos contra o governo Lula e figuras da esquerda de forma geral, além de outros comportamentos como críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF).

 

Funcionários da rádio e da televisão relatam que o ambiente na redação é de constante menção à orientação ideológica dos trabalhadores. À coluna também foi relatado que, sob Zema, a Empresa Mineira de Comunicação empilha cargos comissionados e que estes contratados atuam na mudança do conteúdo emitido na Rede Minas e Inconfidência.

 

As alterações já geram reações nas redes. Nos canais oficiais da Rede Minas, espectadores criticaram as mudanças. As deputadas estaduais Bella Gonçalves (Psol) e Lohanna França (PV) já anunciaram que estudam medidas jurídicas contra o que foi chamado de “puxadinho da extrema direita” nas emissoras estatais.

 

“Diante de um desmonte, agora a Rede Minas traz em sua programação um programa sensacionalista à la Balanço Geral, conteúdo gospel no noticiário e desenhos infantis com ideologias de caráter LGBTfóbico. É grave, gente! Estamos falando de uma emissora pública, em um estado laico”, escreveu Gonçalves em seu perfil no antigo Twitter. A coluna pediu um posicionamento do governo estadual, mas não recebeu resposta.


Deputada questiona programação

A deputada estadual Lohanna França (PV) foi às redes sociais questionar o caráter homofóbico da programação religiosa na nova grade da Rede Minas. Ela também levantou dúvidas sobre a constitucionalidade do uso de recursos públicos.

 

“Precisamos discutir o papel das emissoras públicas na promoção de conteúdos religiosos e como garantir que essas plataformas respeitem a diversidade de crenças de toda população e não de apenas um grupo específico e próximo ao governo de Minas”, disse a parlamentar.

 

Álvaro Damião entre a PBH e a Câmara

O futuro de Álvaro Damião segue indefinido. O vereador é um dos nomes cotados para ser vice na chapa de Fuad Noman (PSD). Cabe ao União Brasil indicar o nome que acompanhará o atual prefeito na corrida pela reeleição.

 

À coluna, o parlamentar disse estar à disposição do partido para seguir na Câmara Municipal ou integrar a disputa pela PBH. “O mais importante é a reeleição do prefeito Fuad. Deixo o meu nome a disposição para vice, mas deixo também o meu partido e o prefeito escolherem o que é melhor pra vitória dele”, afirmou.

 

 

Correia relativiza pesquisas

Pré-candidato à Prefeitura de BH Rogério Correia (PT) afirma que a posição em pesquisas não é o único critério para definição da cabeça de chapa na unificação do campo progressista. Este é o principal argumento da também pré-candidata Duda Salabert (PDT) para não aderir à aliança progressista em torno do nome do petista. Correia alega que as pesquisas indicam um empate técnico entre os dois, mas que a capacidade de aglutinar siglas, o tempo de TV, militância e o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) devem ser levados em conta na definição da chapa. (Thiago Bonna)

 

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