Perto das definições que as negociações e convenções partidárias impõem, a mais aguardada é a do ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD) a 22 dias dos registros dos candidatos a prefeito de BH. Com o distanciamento dos outros cabos eleitorais, o presidente Lula (PT) e o ex-presidente Bolsonaro (PL), Kalil voltou a ser o apoiador mais cobiçado. Ainda que tenha perdido o timing, o ex-prefeito tem influência para levar um candidato ou candidata ao segundo turno e até garantir eventual vitória na final.
A constatação tem movimentado as lideranças políticas mineiras desde a semana passada. O prefeito da capital, Fuad Noman (PSD), que é candidato à reeleição, deixou de pressionar, mas insiste e faz apelos para que o antecessor anuncie logo o apoio. Fuad sabe que, sem Kalil, sua campanha será muito dura e que, com ele, chegaria ao segundo turno.
Em meio ao movimento, há um mistério no ar por meio de uma manobra intensa para afastar Kalil de Fuad. O presidente nacional do Senado, Rodrigo Pacheco, uma das maiores lideranças do PSD, convidou Kalil para encontro em Brasília, na semana passada, quando lhe fez apelos para juntar-se a Fuad.
Já nos bastidores, atua para que o vereador e jornalista Álvaro Damião (União Brasil) aceitasse a vaga de vice de Fuad. Paralelamente, a rádio Itatiaia, onde Damião trabalha, e lideranças políticas associadas retomaram a “campanha” para emplacar o vereador na chapa. O meio político passou a perguntar “será que Rubens Menin, o dono da emissora, estaria apoiando a indicação também”?
Tudo somado, enxergaram na estratégia, com a indicação de Damião a vice, uma maneira de afastar Kalil de Fuad, já que esses articuladores e o ex-prefeito são desafetos declarados. Nenhum deles quer ver Kalil fortalecido para as eleições de governador em 2026.
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Kalil é visto como foguete
Ao serem questionados, os aliados de Fuad se esquivaram, afirmando apenas que a prioridade número um da campanha de reeleição é garantir o apoio do ex-prefeito. Eles avaliam a adesão de Kalil como um foguete na campanha. Por isso, já têm duas campanhas prontas na mesa: uma com o ex-prefeito, outra sem ele.
Tempo do ex-prefeito
À distância, e cortejado por muitos, o ex-prefeito mantém-se atento, diz que seu momento está chegando, mas que pode esperar mais um pouco. Kalil já descartou uns cinco pré-candidatos. Hoje, tem três nomes que poderiam receber sua aliança: Duda Salabert (PDT) e Mauro Tramonte (Republicanos), além do próprio Fuad.
Boataria está fervendo
Numa campanha eleitoral, a central de boatos é tão poderosa quanto a de fake news. Nos últimos dias, ela já espalhou que Fuad desistirá da disputa por pressão da família em função do tratamento de saúde. E mais, que Duda Salabert ganharia um ministério para apoiar o petista Rogério Correia e que João Leite (PSDB) seria traído pelos tucanos. Faltou só adiantar o nome do prefeito de BH eleito. Todos os alvos das intrigas contestaram as versões.
Vexame tucano
Em um ponto a central de boatos parece ter razão. O tucano João Leite foi fritado pela direção do PSDB e pela federação formada com o partido Cidadania. Num dia e hora imprópria, manhã da segunda (22), a federação fez sua convenção e homologou a chapa de vereadores, mas não o candidato a prefeito. O máximo que a direção da aliança aceita é indicá-lo para ser vice de Fuad ou de Gabriel Azevedo (MDB).
Cabeça desejada
Outra manobra vem de Alagoas para derrubar o pré-candidato a prefeito do MDB e presidente da Câmara de BH, Gabriel Azevedo. Liderado pelo ministro dos Transportes, Renan Filho, e por seu pai, o senador Renan Calheiros, o MDB alagoano pressiona a direção nacional para que o partido apoie Rogério Correia em BH. Em troca, os petistas apoiariam seu candidato a prefeito de Maceió. Gabriel consultou Baleia Rossi, presidente nacional do MDB, que admitiu a manobra. “Nunca vi uma cabeça ser tão desejada, mas aqui, eu garanto, você é o nosso candidato. Não mudo minha palavra”.
Calma com as pesquisas
Por conta das especulações, os pesquisadores estão receosos de entrar em campo ante a permanência da indefinição do quadro. O mais seguro é aguardar a definição que o fim das convenções partidárias poderá trazer no próximo dia 5 de agosto.
Irritação de Fuad
A boataria e a indefinição de Kalil têm deixado o prefeito Fuad um tanto quanto tenso. Durante encontro com lideranças do comércio, na CDL/BH, na terça (23), o candidato à reeleição reagiu mal a uma questão sobre o engessamento provocado pelo Plano Diretor em BH. Não quis saber de conversa, mas transferiu a responsabilidade para a Câmara Municipal, que já estaria com os projetos em mãos, mas não os vota.