O Movimento Democrático Brasileiro (MDB) fez neste sábado (27/7) sua convenção mirando as eleições municipais deste ano. O partido formalizou o nome do presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), Gabriel Azevedo, como concorrente à prefeitura da capital tendo Paulo Brant (PSB) como vice. A legenda também apresentou seus 42 pré-candidatos a vereador.

 

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Após mais de três horas de convenção preenchidas majoritariamente pelos discursos das dezenas de pré-candidatos a vereador, Gabriel Azevedo foi ao microfone no plenário da Câmara, onde foi sediado o evento. Em seu discurso, exaltou a história do MDB, partido que integra há poucos meses, e comparou Fuad Noman (PSD) aos prefeitos biônicos que comandaram Belo Horizonte durante a Ditadura Militar.

 

Gabriel recordou a gênese do MDB (então PMDB) para servir como oposição à ditadura que vigorou no país entre 1964 e 1985. Em parte do período, BH foi governada por nomes escolhidos pelo regime, situação que o vereador e pré-candidato comparou ao momento atual da cidade. Fuad assumiu a prefeitura em 2022, quando Alexandre Kalil deixou o cargo para concorrer a governador de Minas pelo PSD.

 



 

Na sexta-feira (26/7), foi noticiada a saída de Kalil do PSD rumo ao Republicanos. O movimento incluiu negociações para lançamento do ex-prefeito como candidato ao governo estadual. A manobra também significa que o apoio do antigo mandatário ao pleito deste ano ficará com o deputado estadual Mauro Tramonte e não com seu antigo companheiro de chapa Fuad Noman, o que Azevedo classificou como “abandono” em seu discurso.


“Belo Horizonte progrediu até os anos 60 e, nos anos 70 e 80, à sombra da ditadura, conviveu com prefeitos biônicos indicados por interesses que não eram os do povo. Anotem: hoje nós temos um prefeito biônico, uma criatura cujo criador abandonou. Vocês conseguem compreender a clareza da mensagem que é o fato do ex-prefeito dessa cidade, eleito e reeleito já sabendo que deixaria o cargo para tentar ser governador, ter deixado de estorno, de entulho para nós, um homem que não consegue andar com as próprias pernas? Um homem que ontem viu ser deixado de lado por aquele que nos delegou, tal como na ditadura? Hoje, temos um prefeito que não existe por conta própria”, afirmou Gabriel.

 

Mais ataques


Por quase 40 minutos, Gabriel discursou para encerrar a convenção na Câmara Municipal. O vereador falou já com tom de campanha citando o que considera problemas na cidade. O foco das falas coaduna com pronunciamentos já proferidos pelo parlamentar e guia o nome da coligação feita com o PSB para a formação da chapa: teto, trabalho e transporte.


Mas a tônica do discurso foi mesmo questionar a administração atual. Além de Fuad e Kalil, sobrou uma referência para Marcelo Aro (PP), secretário de Estado da Casa Civil do governo de Romeu Zema (Novo). Ao dizer que trabalhará para que a Câmara atue de forma isenta e autônoma, o pré-candidato disse que ele e o MDB não querem “vereadores biônicos". "Aqui não tem família Azevedo, aqui não tem um estilo familiar e autocrático de fazer política”, proferiu em referência à Família Aro, como é chamado o grupo político sob influência do braço-direito do governador.


Antes próximo de membros do grupo de Aro, como a ex-presidente da Câmara Nely Aquino (Podemos), Azevedo experimentou uma ruptura que lhe rendeu percalços na Casa. A própria Nely, hoje deputada federal chegou a pedir seu afastamento. A vereadora Professora Marli (PP), mãe de Marcelo Aro, deu parecer favorável a um processo de cassação do parlamentar em setembro do ano passado. O processo se referia a suposto abuso de poder e intimidação de colegas.


Mais farpas

 

Em entrevista coletiva concedida depois da convenção, Gabriel não abandonou a retórica beligerante. Ele voltou a falar de Fuad e Kalil, e sobrou até para o presidente do PSD mineiro, o deputado estadual Cássio Soares. O vereador disse que o parlamentar tentou prejudicar sua candidatura e atacou sua gestão como líder do partido.


“Cássio Soares é o homem que só leva bolada nas costas. Quando entrei no MDB, ele descobriu pela imprensa. Agora, quando Kalil saiu do PSD, ele descobriu pela imprensa. É o homem das bolas nas costas, sabe por quê? Porque enquanto ele fica preocupadinho com coisas menores, o mundo político, com quem sabe fazer política, vai acontecendo. Todos aqueles que tentaram colocar obstáculos no meu caminho ou pedras, lancem mais. Vou transformá-las num belo Castelo”, disse.


Ainda assim, questionado sobre quais serão os candidatos mais desafiadores para uma eleição à Prefeitura de Belo Horizonte, Gabriel preferiu dizer que o principal obstáculo a ser vencido é a desconfiança e que guiará sua campanha por esse caminho. As pesquisas de intenção de voto publicadas até aqui, de fato, mostram que ao menos metade do eleitorado belo-horizontino ainda está indeciso sobre a escolha nas urnas em outubro. Nos cenários projetados, o vereador aparece atrás de nomes como Tramonte e Fuad, mas também do deputado estadual Bruno Engler (PL), da deputada federal Duda Salabert (PDT) e do deputado federal Rogério Correia (PT).


Ofensiva na Câmara

 

Gabriel Azevedo foi eleito em 2020 pelo Patriota. Quando se tornou presidente da Câmara em 2023, já estava sem partido. Só em março deste ano se filiou ao MDB vislumbrando a corrida pelo Executivo.

 

Com o prazo eleitoral nas últimas voltas do ponteiro, o MDB foi o partido que mais se movimentou na Câmara de BH. O fim da janela partidária, em abril, marcou a quintuplicação das cadeiras da legenda na Casa.

 

Reinaldo Gomes Preto Sacolão era o único emedebista entre os vereadores e migrou para o Democracia Cristã em abril. Por outro lado, além do próprio Gabriel, o MDB recebeu Cleiton Xavier, Loíde Gonçalves, Sérgio Fernando Pinho Tavares e Henrique Braga, todos pré-candidatos à reeleição. Com os movimentos, a legenda tornou-se, junto com o Republicanos, a maior bancada da Casa.

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