Os rumos da candidatura líder nas pesquisas de intenção de voto para a Prefeitura de Belo Horizonte foram traçados em almoço nesta quarta-feira (31/7) na capital. O deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos) se reuniu com o governador Romeu Zema (Novo) e Luísa Barreto (Novo) para dar os últimos pontos no acordo costurado para que a ex-secretária de Planejamento e Gestão integre a chapa como vice do parlamentar.


A aproximação de Tramonte com Zema deve ser oficializada no fim de semana, quando Republicanos e Novo têm convenções partidárias marcadas. Fontes ligadas à candidatura confirmaram à reportagem que o acordo está encaminhado e conta com a aprovação de caciques das duas legendas.




 

Caso confirmada, a união colocará no mesmo palanque os dois rivais na disputa pelo Governo de Minas em 2022. A chegada de Zema no cenário se dá uma semana após o anúncio de que o ex-prefeito Alexandre Kalil deixou o PSD para se filiar ao Republicanos para apoiar Tramonte e ser o nome do partido na eleição para o Executivo estadual em 2026.


Kalil não participou do almoço. Conforme apurado pela reportagem, ele entendeu que não lhe competia integrar a construção da chapa para a prefeitura, uma vez que as negociações já estavam em curso no momento de sua adesão ao partido. Antes de aportar no Republicanos, o ex-prefeito foi consultado sobre Luísa Barreto e aquiesceu com a escolha por considerá-la um bom quadro técnico.


No sábado (3/8), o Republicanos realiza sua convenção para homologar os pré-candidatos a vereador pela legenda e o nome de Mauro Tramonte na corrida pela prefeitura. No dia seguinte é a vez do evento do Partido Novo. A expectativa é que a chapa formada pelo deputado e a ex-secretária já esteja formada e eles participem juntos dos eventos.


Movimento na liderança

Desde as primeiras pesquisas de intenção de voto, o nome de Mauro Tramonte aparece na liderança entre os belo-horizontinos. Todas elas também indicam um cenário em que, ao menos, metade do eleitorado ainda não definiu uma escolha para comandar a cidade. Apresentador de telejornal há décadas, a popularidade do deputado estadual pode ser um dos fatores que o alçaram ao topo dos levantamentos feitos até aqui.


Inicialmente apontada como nome do Novo para a disputa, Luísa sempre esteve à mercê do que Zema descreveu como “viabilidade” da candidatura.  Na última eleição, ela disputou como cabeça de chapa do PSDB e terminou o pleito com apenas 1,39% dos votos.


Barreto é especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental pela Fundação João Pinheiro e integra o governo Zema desde 2019, quando assumiu como secretária adjunta de Planejamento. No fim de 2020 ela assumiu a presidência da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater–MG) e, posteriormente, chefiou à Seplag até ser licenciada do cargo neste ano.. 



Cenário indefinido

O alinhamento entre Novo e Republicanos joga um pouco mais de luz em um cenário ainda nebuloso das chapas concorrentes na eleição para a Prefeitura de Belo Horizonte. A própria Luísa Barreto iniciou o período de pré-campanha como nome de seu partido para encabeçar uma chapa.


A três meses da eleição e duas semanas do prazo para oficialização das candidaturas, as negociações de bastidores ainda podem mudar o quadro da disputa pela PBH. Na última semana, o atual prefeito Fuad Noman (PSD) formalizou Álvaro Damião (União Brasil) como seu vice. O senador Carlos Viana (Podemos) também já fechou sua chapa com o empresário Fred Aisc (Democracia Cristã).


O presidente da Câmara Municipal, Gabriel Azevedo (MDB) já anunciou que terá como vice Paulo Brant (PSB). Todavia, o cenário pode ser alterado em caso de concretização de aliança com o PSB. Os tucanos pretendem lançar o ex-deputado estadual João Leite na disputa em chapa formada com o Cidadania, mas ainda se envolvem em negociações para possível apoio a Fuad ou Azevedo.


À direita, o deputado estadual Bruno Engler (PL) ainda não tem um vice definido. À esquerda, as negociações para construção de uma candidatura unificada se arrastam há meses. A deputada estadual Bella Gonçalves (Psol) abdicou de sua pré-candidatura para integrar a coordenação do deputado federal Rogério Correia (PT). 


A chapa petista ainda não tem um vice definido, cargo que pode ser, inclusive, de Bella. O nome da deputada federal Duda Salabert, pré-candidata pelo PDT, também é ventilado em uma possível junção progressista para a disputa. Publicamente, a parlamentar não abre mão de encabeçar uma chapa na corrida pela PBH. Os dois partidos realizam convenções eleitorais no próximo domingo (4/8).



A história se repete…

Com um enredo muito diferente, Kalil, Zema e Luísa Barreto voltam a se encontrar no cenário de disputa eleitoral. Então filiada ao PSDB, a ex-secretária de Planejamento e Gestão concorreu à Prefeitura de Belo Horizonte em 2020. No pleito em questão, o novo rosto do Republicanos foi eleito em primeiro turno.


Hoje aliados, Zema e Kalil encarnaram a polarização entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) na disputa pelo governo estadual em 2022. A mudança de barco colocou o ex-prefeito de BH sob a mesma legenda de lideranças bolsonaristas como o senador mineiro Cleitinho Azevedo; da  senadora pelo Distrito Federal Damares Alves; do senador pelo Rio Grande do Sul, Hamilton Mourão; e do governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas.

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