A prefeita Andréia Wagner:

A prefeita Andréia Wagner: "Seja qual for a decisão, nós vamos acatar, mas sempre estaremos de portas abertas"

crédito: Seduc, Mário Mário, Amanda Cardoso

Nem se encerrou o período de convenções e definições de chapas para disputa de prefeituras, que termina no próximo dia 5, e alianças entre políticos de partidos de esquerda, como o PT, e de direita, caso do PL, estão provocando problemas para suas direções regionais e nacionais. Dirigentes têm levantando mapas de coligações no país e vetaram parcerias entre as legendas de Luiz Inácio Lula da Silva e de Jair Bolsonaro. 

 

Acordos municipais entre esses dois extremos da política nacional, em especial em cidades pequenas e do interior do país, estão movimentando as direções estaduais de ambas as siglas.

 

Em Jaciara, em Mato Grosso, cidade com 29 mil habitantes, a prefeita Andréia Wagner, do PSB, costurou um apoio que juntava na chapa o PT e o PL para tentar a reeleição. Tudo combinado com os diretórios locais e acordo confirmado em convenção já realizada. Bastou o assunto ganhar publicidade e as direções estaduais das duas legendas vetaram. 

 

 

"PL e PT juntos? Nem pensar", postou o deputado estadual Gilberto Cattani (PL), de Mato Grosso, amigo de Bolsonaro. 

 

De seu lado, o presidente do PT no estado, o também deputado estadual Valdir Barranco, barrou a composição em torno da prefeita, já que o PL estava junto. "Essa coligação não vai acontecer. Existe uma resolução do PT Nacional vetando qualquer aliança com o PL do Jair Bolsonaro. O PT de Jaciara vai se enquadrar à diretriz partidária", declarou. 

 

Indignada com as querelas entre PT e PL, que já tinham aprovado a coligação, Andréia Wagner se posicionou nesta quarta-feira. Ela informou, em nota, que os dois partidos sempre foram seus aliados no local e que "muito contribuíram para o momento que estamos vivendo agora na cidade".

Portas abertas

 

A prefeita lamentou a posição das legendas e a rixa nacional entre elas. A composição deverá ser desfeita. "Essa questão de alianças com partido A ou B é uma questão interna do PL e do PT. Construímos uma aliança pensando no melhor para Jaciara, independentemente da conjuntura nacional", frisou. "Agora, se o PL e o PT entendem que não devem marchar juntos, é uma prerrogativa deles e, seja qual for a decisão, nós vamos acatar, mas sempre estaremos de portas abertas", complementou. 

 

 

A 1.500 quilômetros de distância de Jaciara, em Carmópolis de Minas (MG), de 19 mil habitantes, estava tudo pronto para ser selado hoje um acordo que envolveria o oposicionista PL e os governistas PSD e Rede, partido que integra federação ao lado do PSol. Mas a direção do PL vetou, e os comandos do PSol e da Rede também iriam proibir.

 

Presidente do PL de Carmópolis, Breno Lima contou ao Correio Braziliense que estava tudo pronto para que a coligação fosse consumada. "Mas foi descartada, até já encaminhei ofício ao pessoal da Rede e do PSD. Cogitamos um candidato a prefeito do PSD e o vice do PL, mas decidimos seguir diretriz do partido de não se coligar com partidos de esquerda. Ainda que na cidade não tenha PSol ou PCdoB", disse Breno Lima.

 

Ele afirmou também que o presidente estadual do PL, deputado federal Domingos Sávio (PL-MG), tem acompanhado esses acordos nas cidades. "A todo momento, chega orientação, que é bem forte. E temos que acompanhar", acrescentou. 

 

As presidências nacionais do PL, do PT e do PSol definiram seus arcos de alianças, que não contemplam composição com adversários políticos nacionais nas disputas municipais. 

 

O partido de Bolsonaro barrou a presença do PL em outra coligação em Minas, na cidade de Gouveia, de 12 mil habitantes, no Vale do Jequitinhonha. Essa chapa é multipartidária e agrega legendas dos espectros mais distintos. Além do PL, que abandonou, a coligação Coragem para enfrentar novos desafios juntava 10 partidos (PL, Republicanos, PP, MDB, União Brasil, PSD, Avante, PT, PCdoB e PV).

 

O PL Mulher, presidido pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, se manifestou, nesta quarta-feira, contra as coligações do partido com as legendas de esquerda e estimula até que sejam feitas denúncias onde houver acordo dessa natureza. Ainda pede que sejam enviados fotos e vídeos demonstrando essas alianças e nomes dos dirigentes locais envolvidos.