09.08.2024 - Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante cerimônia de inauguração do Contorno Viário da Grande Florianópolis. Florianópolis - SC.

 

 -  (crédito: Ricardo Stuckert / PR)

09.08.2024 - Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante cerimônia de inauguração do Contorno Viário da Grande Florianópolis. Florianópolis - SC.

crédito: Ricardo Stuckert / PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reclamou da ausência do governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), na inauguração de uma obra na Grande Florianópolis e disse que "tem gente que pensa pequeno". O gestor, por sua vez, acusou o chefe do Planalto de ter entregado uma obra "que o governo não colocou um centavo".

 

A cerimônia de inauguração do Contorno Viário da Grande Florianópolis ocorreu na manhã desta sexta-feira. Em discurso, Lula afirmou que Mello, governador aliado de Bolsonaro, perdeu a oportunidade de entregar a obra mais importante para seu estado.

 

"Não é todo dia que se inaugura uma obra dessa qualidade. Esse governador que está aqui, eu não o conheço. Portanto, não posso falar mal dele. Ele perdeu a oportunidade de participar da inauguração da obra mais importante do estado de Santa Catarina", frisou.

 

 

Lula garantiu que Mello seria tratado com respeito se comparecesse e que poderia falar o que quisesse em seu discurso. "Lamentavelmente, tem gente que pensa pequeno, que age pequeno e não enxerga as necessidades do povo brasileiro", acrescentou.

 

Santa Catarina é considerado um dos estados mais bolsonaristas do país. Em 2022, o ex-presidente Jair Bolsonaro angariou 62,21% dos votos na região. Jorginho Mello, inclusive, está entre os mais ferrenhos opositores de Lula. Ele nunca se reuniu com o petista, enquanto outros aliados de Bolsonaro, como Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, e Cláudio Castro, do Rio de Janeiro, até trocaram elogios com o chefe do Planalto.

 

Siga o nosso canal no WhatsApp e receba em primeira mão notícias relevantes para o seu dia

 

O presidente aproveitou o discurso para alfinetar o antecessor. "Em apenas 18 meses, a gente fez quase metade desta obra aqui. Numa demonstração de que eu gosto de trabalhar, e não gosto de jet ski. Eu gosto de trabalhar, e não gosto de motociata", disparou.

 

Jorginho Mello, por sua vez, já havia feito críticas à ida de Lula ao seu estado. Ele foi, nesta sexta-feira, ao Espírito Santo para participar de reunião do Consórcio de Integração do Sul e Sudeste (Cosud).

 

 

No vídeo divulgado nas redes sociais, justificou sua ausência na cerimônia na Grande Florianópolis e criticou a decisão de Lula de inaugurar o Contorno Viário, atrasado há 12 anos.

 

"Eu gostaria muito que o governo federal viesse aqui inaugurar obras federais. Essa lenga-lenga da (BR) 470 e tantas outras obras federais, isso, sim, precisa ter aporte de recursos do governo federal. Agora, inaugurar uma obra que o governo não colocou um centavo, para mim, não tem sentido", rebateu.

 

Segundo o governo federal, o investimento na obra, considerada uma das maiores já entregues em infraestrutura viária, foi de R$ 3,9 bilhões. Inclui aportes feitos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

 

Não é a primeira vez que Lula reclama da ausência de governadores opositores em suas agendas. A Presidência sempre convida o gestor do estado que o petista visita, mas aliados de Bolsonaro passaram a evitar a presença nos palanques, após críticas que receberam de suas bases. Essa postura se tornou mais comum com a proximidade das eleições municipais.

 

Tarcísio, Romeu Zema (Minas Gerais), Eduardo Leite (Rio Grande do Sul) e Ratinho Jr. (Paraná) já se recusaram a participar de solenidades com Lula, mesmo quando os eventos representam investimentos federais em seus estados. Há exceções, porém. Na semana passada, em Mato Grosso, o presidente discursou ao lado do governador Mauro Mendes (União) e o defendeu de vaias da plateia.

 

 

Forças Armadas

Também nesta sexta-feira, Lula participou do lançamento da primeira de quatro fragatas previstas no programa Fragatas Classe Tamandaré (PFCT), desenvolvido pela Marinha do Brasil em Itajaí (SC). O presidente comentou sobre a importância estratégica geopolítica e tecnológica da medida.

 

"O lançamento desta fragata é mais um passo do Brasil rumo à modernização tecnológica de nossas Forças Armadas e o fortalecimento de sua base industrial de defesa. Esse projeto é uma iniciativa estratégica dos mais diferentes pontos de vista, da defesa à economia, da tecnologia à cooperação internacional", disse.

 

Ao citar as riquezas naturais do Brasil, Lula destacou ser necessário soberania na área da defesa e que, se o país busca paz, precisa estar preparado para a guerra.

 

 

"Com as coisas importantes que este país representa, a gente não pode ficar desprovido de ter as Forças Armadas bem estruturadas e preparadas para alguma insinuosa tentativa de nos atacar", argumentou. "Tem um ditado que os militares conhecem bem: 'Se você quer paz, esteja preparado para a guerra'. Eu quero que esta fragata represente que queremos paz, e muita paz, porque a guerra não nos interessa."

 

O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, afirmou que a entrega do navio ampliará a defesa nacional, mas reforçou que o Brasil continua sendo um país pacífico.

 

"Viabilizar a substituição de navios com mais de 40 anos de operação, materializando a inadiável renovação da nossa esquadra e essa exigência de tornar a Marinha mais apta a defender os interesses do Brasil no mar, coincide com a confirmação do imenso volume de riquezas a serem protegidas para o povo brasileiro na nossa Amazônia Azul e será ainda maior com a exploração de petróleo e gás do nosso novo pré-sal na Margem Equatorial", mencionou.

 

Múcio citou a escalada de conflitos mundiais. "Observamos ocorrências de agressões e tensões nos mares em diferentes regiões do mundo motivadas por cobiça ou interesse geopolítico. Além disso, ao testemunhar uma verdadeira escalada armamentista no cenário internacional, é fundamental esclarecer que o fortalecimento da nossa Marinha, bem como as forças coirmãs, não muda em nada a tradicional postura do Brasil na condução de sua política externa pautada na solução pacífica dos conflitos", concluiu.