O registro da candidatura do senador Carlos Viana (Podemos) à prefeitura de Belo Horizonte, nesta segunda-feira (12/8), revelou uma crise interna no partido. O nome da vice-prefeita registrado foi o de Renata Rosa (Podemos), enquanto o candidato reafirma sua preferência por Kika do Aglomerado da Serra (Podemos) para o cargo.
O imbróglio teve início quando a legenda aprovou o nome de Renata Rosa em convenção partidária. A escolha conta com o aval da deputada federal Nely Aquino, presidente da sigla em Minas Gerais, que é uma das principais lideranças do grupo conhecido como Família Aro, composto por parlamentares ligados ao secretário de Estado da Casa Civil, Marcelo Aro (PP).
Em nota, Aquino afirmou que Viana precisará "abrir mão de suas vaidades pessoais se realmente deseja ser candidato a prefeito". Segundo a deputada, a desfiliação do senador da legenda seria o melhor caminho, questionando ainda se ele está verdadeiramente disposto a disputar as eleições.
"Enquanto ele for filiado ao PODEMOS, partido presidido por uma deputada federal que se orgulha de integrar a Família Aro, terá que abrir mão de suas vaidades pessoais se quiser mesmo ser candidato a prefeito. Além disso, sua postura levanta dúvidas sobre sua real disposição em disputar as eleições ou se está buscando uma saída honrosa. A vice-prefeita da chapa, escolhida em convenção e por todos os representantes da coligação, será Renata Rosa Viana Comini, conforme registrado hoje na Justiça Eleitoral", escreveu Aquino.
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Em resposta, Viana criticou o "destempero" da deputada federal e afirmou que, "se ela quiser dar um golpe, que o faça". O candidato também ressaltou que a vice-prefeitura não é um "cabide de emprego" para que Nely Aquino possa "colocar parentes". "Minha escolha, Kika da Serra, vai dar voz àqueles que sempre votaram, mas nunca foram ouvidos ou participaram das decisões", declarou.
A aliança com a Família Aro foi firmada em maio deste ano, quando o Podemos lançou a pré-candidatura de Carlos Viana. Na ocasião, o senador assumiu a liderança do diretório municipal do partido e afirmou que as divergências internas haviam sido resolvidas, destacando que o grupo era um dos mais "competentes" para eleger vereadores na Câmara Municipal.
“Eu posso ter todas as diferenças em relação a quem quer que seja do grupo, mas eu não posso questionar a competência deles em relação a fazer vereadores dentro da Câmara. Eles vêm para apoiar a minha campanha e o objetivo é ganhar. Como pré-candidato quero mostrar que eu não vim para fazer discurso, eu vim para ser vitorioso", disse o senador.
Em um sinal de afago ao grupo, em julho Viana se afastou da sua cadeira no Senado e deixou o cargo para o suplente, Castellar Guimarães Neto (PP), aliado do secretário Marcelo Aro. Segundo o candidato, essa era uma das decisões “mais difíceis” de sua vida, mas não achava “correto” continuar ganhando o salário de senador enquanto faz campanha.