Quem passou em recente visita por Belo Horizonte foi o cientista norte-americano David E. Nichols, mundialmente conhecido por suas pesquisas com as moléculas psicodélicas, com as quais trabalha desde 1969. Embora tenha se aposentado da Universidade de Purdue, em 2012, o farmacólogo e químico permanece em atividade pesquisando a ação anti-inflamatória das drogas psicodélicas, que num futuro próximo, modificadas para neutralizar sua psicoatividade, prometem ajudar pacientes que sofrem de glaucoma, asma (mata sete brasileiros por dia), moléstias dermatológicas, entre outras.



O poder destas substâncias sempre fascinou o cientista, ávido em descobrir quais outros efeitos elas teriam sobre o organismo e psiquismo humanos. Ele foi um dos fundadores do Instituto de Pesquisa Heffer, que custeou estudos pioneiros sobre os efeitos terapêuticos da psilocibina (aquela mesma, a dos cogumelos mágicos) na depressão, ansiedade e vícios. Os resultados até agora são promissores, tanto na seara da saúde mental como das doenças inflamatórias. Surge um novo campo na medicina e o vanguardismo de David Nichols nessa área teve fundamental importância para que isso acontecesse. Milhões em todo o mundo lutam com problemas de saúde mental e orgânica. As pesquisas trabalham com compostos naturais e químicos na criação de novas terapias. Os efeitos colaterais como náuseas e longas “viagens” ainda são uma preocupação, daí a busca pela eficiência em microdosagens.

 





Os psicodélicos incluem drogas como dietilamida do ácido lisérgico (LSD), ayahuasca, mescalina e outras substâncias que alteram a consciência. Elas estimulam conexões entre neurônios, porque agem no sistema nervoso central, com efeitos na percepção, cognição e emoção. Os jovens hippies dos anos 70 já percorriam os pastos em Minas Gerais, após o período chuvoso, para coletar os cogumelos alucinógenos, que brotavam junto às fezes bovinas. Serviam-no em infusão por recreação. E tinham conhecimento dos fungos venenosos.



FICOU PARA TRÁS



O compositor e exímio violonista Paulinho Nogueira (1927-2003) é autor de discografia fabulosa. Uma de suas belas músicas se chama “Simplesmente”. O samba-canção, de 1974, a certa altura exalta: duvidar então do que querem fazer você olharfazer você ouvirfazer você pensar. O histórico do artista paulista se encontra quase escondido na enciclopédia virtual. Em compensação, o astro pop Samuel Rosa ali brilha como cometa em canção de nome idêntico, lançada em 2017.



SAUDADES DA PROFESSORINHA



Faleceu no mês passado a professora Leniza Ignês Seabra, a quem rendemos homenagens. Ela lecionou no grupo escolar Barão do Rio Branco por muitos anos, sendo responsável pela formação de várias gerações de belo-horizontinos. Um seu aluno passou no educandário, criado em 1913, para saber sobre uma possível missa de sétimo dia. Ali eram dois os desconhecimentos: do fato e da personalidade. Quem ensina o beabá e as primeiras operações de aritmética a uma criança se torna sua maior influenciadora. A intimidade com letras e números, ainda mais se aprofundada civilizadamente, servirá por toda uma vida.



ESTRANHOS NO NINHO



Foi durante o reinado de Dom Pedro I, isto é, há exatos 200 anos, que aportou no Brasil a primeira leva de imigrantes alemães, em 1824, com destino à zona rural de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. Poucas décadas depois, um visionário de nome Theophilo Benedicto Ottoni fundou um povoado à margem do rio Todos os Santos, no Vale do Mucuri, a que denominou de Filadélfia, por conta de cidade homônima dos EUA. Atraídas por anúncios publicados na Alemanha e vítimas de extrema pobreza, várias famílias estrangeiras vieram para aquelas paragens em Minas. Nomes estranhos, recheados de consoantes, ganharam familiaridade na região, infestada de índios botocudos: Marx, Tomich, Friche, Haueisen (da saudosa prefeita e deputada Maria José), Roedel, Rudolph, Hollerbach (primeiro pastor da cidade, em 1862), Bamberg, Schlobaech, Zimer, Bielefeld,  Achutschin. Hoje disseminados pelo país por seus descendentes. Com cerca de 140 mil habitantes, Teófilo Otoni é tratada por capital mundial das pedras preciosas. A Praça Germânica homenageia a gente da colônia alemã, austríaca e suíça.



JÁ ERA TEMPO



Polemista educado, embora submisso à banalidade do senso comum, o motorista de táxi, no intervalo de uma e outra corrida pela cidade, rendeu-se à realidade da participação brasileira na Olimpíada de Paris: “Benditas as mulheres!”





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