O Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) já tem cerca de 10 mil chapas cadastradas em sua base de dados para as eleições municipais de outubro. Em quatro cidades especificamente, as alianças partidárias chamam a atenção por reunir apoios do PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro; e da federação PT/PCdoB/PV, ligada ao atual chefe do Executivo federal, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

  

As coligações foram registradas em Cantagalo e Itabirinha, na região do Vale do Rio Doce, Gouveia e Santa Bárbara, na região Central de Minas Gerais. O número de alianças ainda pode aumentar ou diminuir até o dia 15 de agosto, data limite para que os partidos façam o registro das candidaturas no sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

 



 

A maior dessas cidades é Santa Bárbara, onde Ezequiel Geraldo de Magela, o Kelinho do Partido Renovação Democrática (PRD) tentará se eleger prefeito com Lelena do Esporte (PSD) como vice. Eles também contam com apoio do MDB, além da federação petista e do PL. Contudo, o candidato adiantou à reportagem que a participação do partido do ex-presidente Bolsonaro na coligação vai ser retirada.

 

Uma normativa do PL impede a coligação com os petistas, mas segundo Kelinho sua candidatura ainda vai ter o apoio de aliados filiados ao PL. “Eu consegui o apoio nos diretórios municipais e com alguns deputados (estaduais), no caso Gustavo Santana (PL) e o Leleco Pimentel (PT), alinhei tudo, porque aqui é Santa Bárbara que nos interessa e queremos fugir dessa polarização”, disse.

 

 

Em Cantagalo, por exemplo, o mesmo caso já motivou reações do diretório municipal do PL, como antecipou o portal O Fator. O atual prefeito Roberto da Toca (PSD) registrou a sua candidatura à reeleição com apoio do Avante, do MDB, do PRD, do PL e da federação PT/PCdoB/PV. No entanto, a costura caiu por terra, após o diretório liberal desfazer o acordo. O vice dele, Werlen Medeiros de Carvalho, conhecido como Relinha, também é do PSD.

 

A postura das legendas reforça a polarização entre elas, mas para Kelinho, esse cenário é estimulado pelas direções nacionais. “A polarização está vindo mais verticalizada, a gente vê que vem de imposição das nacionais. Nas bases a gente consegue dialogar bem, inclusive sou um agente de construção de convergências. (...) Eu tenho a turma de convicções mais à direita que me apoia, e a turma de convicções mais à esquerda, tudo para colocar a construção de um plano de governo a frente de qualquer limite ideológico”, completou.

 

 

Em Gouveia, a curiosa aliança envolve o empresário Alberis de Oliveira (MDB), que concorre a uma eleição pela primeira vez na vida. Ele e o vice Dr. Márcio (PT) ainda recebem o apoio do Progressistas, do PRD, do PSD, do Republicanos e do União Brasil, além do PL.

 

Já em Itabirinha, o prefeito Dr. Lucas Donadia (PSD) busca a reeleição com o apoio dos partidos antagônicos e do Republicanos, além do MDB, legenda a qual o vice da chapa, José Ademir de Oliveira (Dudu), está vinculado.

 

Na semana passada, o presidente da executiva nacional do PL, Valdemar Costa Neto, assinou uma resolução para proibir as alianças com as federações de esquerda. Além da petista, ele citou a formada pelo Psol e pela Rede Sustentabilidade. "A Comissão Executiva Nacional do Partido Liberal poderá [...] intervir e/ou promover a dissolução de Comissões Executivas Estaduais e Municipais, podendo ainda revogar a condução do processo eleitoral de 2024, que contrariem as diretrizes", lê-se no documento.

 Pelo lado do PT, a executiva nacional permitiu tais arranjos em votação interna realizada em 28 de agosto do ano passado. A resolução, que passou com 29 votos favoráveis e 27 contrários, não citava o PL. Apenas tentava proibir os acordos com legendas identificadas com o bolsonarismo.

 

PL e Psol/Rede

Ainda em Minas Gerais, duas chapas reúnem o PL e a federação esquerdista Psol/Rede, também vedada na resolução da legenda bolsonarista publicada na semana passada.

 

Em São Gonçalo do Sapucaí, no Sul do estado, Eloi Radin (União) tentará voltar ao comando da cidade a partir da curiosa coligação, que ainda tem apoios do Novo, do PRD, do Podemos e do PSB, essa última sigla vinculada à candidata a vice-prefeitura, Valéria Moreira.

 

Radin governou o município entre 2017 e 2020, mas não concorreu à reeleição no pleito passado, após o TSE considerar a chapa inapta. Ele respondia, na ocasião, por uma condenação de improbidade administrativa com suspensão de direitos políticos.

 

Em Rio Paranaíba, no Alto Paranaíba, PL e a federação Psol/Rede também estão juntos para tentar eleger Adriano, vinculado à legenda bolsonarista. Em sua primeira eleição, ele ainda conta com apoio do Republicanos, do Avante e da federação PSDB/Cidadania. O candidato a vice, Lucas Silva, também é do PL.

 

Calendário eleitoral

Até esta segunda-feira (5), partidos e federações podem realizar convenções para deliberar sobre coligações e escolher candidatas e candidatos aos cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador. Os registros das chapas acontecem até 15 de agosto junto à Justiça Eleitoral. A propaganda eleitoral tem início em 16 do mesmo mês.

 

Portanto, novas alianças entre partidos antagônicos podem ser registradas no TRE até 15 de agosto. O contrário também pode acontecer, a partir da exclusão das citadas pela reportagem.

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