As alianças eleitorais feitas na última semana das convenções partidárias ainda repercutem e deixaram estragos a serem gerenciados. A que teve maior impacto foi a união entre o governador Romeu Zema (Novo) e seu maior desafeto, o ex-prefeito Alexandre Kalil. Apesar de desafetos, os dois irão apoiar a candidatura a prefeito de BH, de Mauro Tramonte (Republicanos). Para isso, Kalil trocou o PSD pelo Republicanos.

 

A primeira crise, registrada na semana passada, balançou o próprio partido do governador, o Novo, que classificou o ingresso de Kalil como oportunismo eleitoral. Kalil devolveu e disse que, além de ter chegado primeiro, “permitiu” a aliança com os rivais. Ainda nessa coligação, o senador Cleitinho (Republicanos) também chiou e questionou a coerência de seu partido. “O Republicanos virou de esquerda ou o Kalil, agora, é de direita?”.

 

Enquanto o fogo amigo é gerenciado pelas lideranças da coligação, fora dela, os efeitos políticos são mais graves para a base de Zema na Assembleia Legislativa. Em vez de manter o distanciamento, Zema escolheu apoiar Mauro Tramonte, que integra o grupo aliado no Legislativo. Resultado: dois partidos, o PL e o PSD, que detêm 22 votos, mandaram avisar que suas bancadas ficarão liberadas na hora de votar projetos do governador.

 



 

O mais indignado é o deputado Bruno Engler, candidato a prefeito da capital pelo PL, que adotará tom crítico e implacável contra a gestão em sua campanha. Zema se meteu em outra confusão em Governador Valadares, ao optar pelo candidato do Republicanos, Renato do Samaritano, contra o do PL, Coronel Sandro, que é deputado estadual. Nesse imbróglio, o vice-presidente do Republicanos, Alex Diniz, deixou o partido.

 

Quem conhece, avisa

Na reunião que decidiu o apoio de Zema e do Novo a Tramonte, o único dissidente foi o secretário da Casa Civil, Marcelo Aro. O vice-governador Mateus Simões foi o articulador da aliança, que ainda contou com o aval de Zema, de Luísa Barreto e do secretário de Governo, Gustavo Valadares (PMN). Ficou acertado também que Luísa será candidata a vice-prefeita. Ao se manifestar contra, Aro advertiu a todos dos riscos de crise na base política.

 

Desentendimento antigo

Há muito, os correligionários Cleitinho, senador, e Mauro Tramonte, deputado estadual, não se falam. A trombada entre eles vem do mandato anterior, o primeiro de Cleitinho, como deputado estadual. Ao entrar no plenário trajando jeans e camisa do América Futebol Clube, Cleitinho recebeu advertência por contrariar o rito parlamentar. No bate-pronto comum de suas reações, ele subiu à tribuna e contra-atacou dizendo que tinha deputado que, na hora de reuniões, estava apresentando programa de TV. Ao tomar conhecimento, Tramonte reagiu e pesquisou a atuação dele e provou que tinha produtividade maior. A relação azedou de vez.

 

 

Bolsonaro provoca briga

Em Governador Valadares (Leste de Minas), onde o Republicanos vai brigar com o PL, a disputa maior não é pela conquista da prefeitura, mas de quem é mais bolsonarista.

 

 

PT ajuda rival em Contagem

O PT de Contagem comemorou vitória judicial pela qual conquistou tempo de televisão na campanha eleitoral municipal deste ano. Por não haver emissora de TV na cidade, a campanha ali não dispõe desse importante canal de comunicação direta com o eleitorado. Em política, os ganhos vêm acompanhados dos riscos. No caso em registro, o rival e inimigo petista também terá direito, por isonomia, a tempo de TV. Vai ganhar visibilidade conquistada pelo adversário.

 

PSDB: opção de menor dano

O prefeito e candidato à reeleição, Fuad Noman (PSD), não retucanou quando recebeu o apoio do PSDB estadual. Fuad foi até generoso ao receber os antigos aliados, porque eles não tinham mais pra onde ir. Chegaram a desejar o posto de vice de Gabriel Azevedo (MDB), que já tinha vice, e até de Tramonte (Republicanos), que ficou inviável após a adesão do governador. O PSDB sempre quis ser vice, embora tenha o bem lembrado João Leite em seus quadros. Com todas as portas fechadas, optou por apoiar Fuad. É lógico que o prefeito também ganhou com a adesão, afinal, o tempo de TV tucano não irá mais engordar o programa de seu maior rival.

 

Despedida do 78º deputado

O deputado Betinho Coelho (PV) subiu à tribuna da Assembleia ontem para homenagear o destacado servidor Sabino Fleury. Ele foi gerente-geral da Consultoria Temática da Assembleia e diretor de Processo Legislativo na casa, além de vários outros cargos de assessoramento técnico-legislativo. Foi durante muito tempo considerado o 78º deputado diante de sua capacidade legislativa e até política, mas nunca entrou em bola dividida. Após décadas de serviço prestado, irá se aposentar no Legislativo mineiro. “Nosso timoneiro, Sabino, contribuiu desde a década de 90 em projetos importantes de organização do Estado. Mas, talvez, seja no assessoramento direto aos deputados – sempre com maestria, retidão, correção, ética e incomparável conhecimento técnico – que Sabino Fleury deixa sua marca não só em cada um de nós; mas para o fortalecimento do Legislativo e da nossa Minas Gerais”, reconheceu Betinho Coelho.

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