O governador Romeu Zema e seu partido, o Novo, têm se aliado a candidatos ligados a adversários dos deputados de sua base na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, gerando desconforto e ameaças de revanche em votações futuras de interesse do Executivo. Para um deputado da base governista, Zema age como “um elefante em uma loja de cristais” e corre o risco de implodir sua base, que já não é tão coesa, em função de suas escolhas neste pleito.


Nesta semana, ele declarou apoio ao empresário Paulo Sérgio Ferreira (PP), candidato a prefeito de Uberlândia. O anúncio foi feito através de um vídeo publicado nas redes sociais, onde Zema aparece ao lado de Paulo Sérgio, candidato do atual prefeito Odelmo Leão (PP). O apoio desagradou o deputado estadual Leonídio Bouças (PSDB), aliado fiel de Zema nas votações, e presidente da Comissão de Administração Pública, por onde passa, necessariamente, grande parte dos projetos do Executivo.


Um dos partidos mais insatisfeitos com as escolhas eleitorais de Zema e do Novo é o PL que, tirando assuntos que envolvam as forças de segurança, é um dos partidos mais aliados do governo no Legislativo e tem também a maior bancada: 11 parlamentares.

 

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Em Juiz de Fora, Zema vai apoiar a deputada federal Delegada Ione (Avante), o que desagradou a deputada estadual Delegada Sheila (PL) que, além de disputar base com a colega de profissão, é casada com o também candidato a prefeito na mesma cidade, Charlles Evangelista (PL).


Em Governador Valadares, outro aliado de Zema no Legislativo, o deputado estadual Coronel Sandro (PL) também não vai contar com o apoio de Zema nem do Novo na disputa pela prefeitura. O partido decidiu em convenção se manter neutro, mas após uma intervenção do comando estadual, o Novo foi obrigado a embarcar na campanha de Renato Fraga (Republicanos), contrariando o PL e até mesmo integrantes da legenda na cidade, mais simpáticos a uma aliança com o Coronel Sandro. Um dos principais responsáveis pelas articulações do Novo nas eleições é o vice-governador Mateus Simões (Novo), que já gravou um vídeo de apoio a Fraga.


A aliança do governador com Mauro Tramonte (Republicanos) para a disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte também desagradou os deputados do PL, que sonhavam com o apoio do Novo em torno da candidatura do deputado estadual Bruno Engler (PL) à PBH.


Também apoiador do governo na ALMG, o PSD ficou insatisfeito com a jogada do Republicanos com o Novo que colocou Luísa Barreto (Novo) como vice na chapa de Tramonte. 



MG pode ganhar um deputado

 

Minas Gerais pode ganhar um deputado federal a mais. Hoje são 53. A mudança na distribuição das vagas para deputado por estado é alvo de um projeto de lei de autoria do deputado federal Pezenti (MDB-SC) que pleiteia a mudança e um representante a mais para seu estado. O PLP está em análise na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados. Caso não seja apreciado pelo Congresso Nacional até junho do ano que vem, a alteração poderá ser feita pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que estabeleceu um prazo até junho do ano que vem para que o parlamento faça essa redistribuição.

 

 

Quem perde deputados

 

O projeto defende que a distribuição, a mesma desde 1993, seja feita com base no Censo de 2022. O Supremo Tribunal Federal (STF) deu prazo até o dia 30 de junho do ano que vem para que o Congresso faça a redistribuição das vagas. Se esse prazo não for cumprido, caberá ao Tribunal Superior Eleitoral tomar a medida. Não haverá aumento de cadeira, somente redistribuição das vagas. A proposta não altera nem o número total de deputados (513) nem o número mínimo e o máximo, 8 e 70 respectivamente – apenas redistribui as vagas. Pará e Santa Catarina podem ganhar quatro deputados cada, Amazonas dois e Ceará, Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso um cada. O Rio de Janeiro perde quatro, Paraíba, Bahia, Rio Grande do e Piauí perdem dois e Pernambuco um.

 

Sem prestígio

 

Um dos mais fiéis integrantes da base zemista, o deputado estadual Zé Guilherme (PP), carimbador geral dos projetos do governo na Assembleia Legislativa, pediu uma audiência com a secretária de Planejamento, Camila Barbosa Neves, para tratar de assuntos que envolvem, entre outras coisas, problemas na implantação da vistoria de veículos, terceirizada para empresas privadas desde o ano passado. Conseguiu agenda somente para o dia 11 de setembro.

 

Sargento Rodrigues para vereador

 

Sargento Rodrigues (PL) disputa uma vaga na Câmara Municipal de Belo Horizonte. Mas não é o deputado estadual, liderança classista das forças de segurança dentro da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Também filiado ao PL, o sargento da Polícia Militar mineira, Sérgio Rodrigues Godinho (PL), escolheu como nome nas urnas o mesmo do deputado estadual. O legítimo Sargento Rodrigues disse desconhecer a candidatura de seu homônimo e colega de partido. “Com certeza vai ter gente votando nele achando que sou eu”, disse o deputado estadual. Ele disse não se importar com a escolha, só lamenta não ter sido procurado pelo candidato para tirar uma foto.

 


A todo vapor

Enquanto a Assembleia Legislativa de Minas Gerais segue em ritmo lento de votações – ontem não houve quórum para a sessão plenária e as comissões seguem esvaziadas –, a Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) aprovou, de uma tacada só, 11 projetos na reunião plenária de ontem. Três deles são de autoria do Executivo, sendo dois de empréstimos e um que cria a Política Municipal do Cuidado. Este último, aprovado por unanimidade, entra em segundo turno na pauta de hoje. É que, diferentemente da ALMG, as reuniões da CMBH se concentram na primeira quinzena do ano. Já as da ALMG acontecem toda semana, geralmente de terça a quinta-feira. E em tempos de eleição, os deputados acabam ficando em suas bases para trabalhar pela eleição de prefeito.

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