Vencedor das duas últimas eleições municipais em Belo Horizonte, Alexandre Kalil chega ao pleito deste ano novamente como um protagonista na corrida pela prefeitura da capital mineira. Após ser reconduzido ao Executivo da cidade pelo PSD em 2020 e ter se licenciado do cargo para malograda tentativa de chegar ao Governo de Minas dois anos depois, o ex-presidente do Atlético deixou o partido, rompeu com seu antigo vice, Fuad Noman (PSD), e aportou no Republicanos para apoiar Mauro Tramonte na disputa.

 

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Em entrevista exclusiva ao Estado de Minas, Kalil falou sobre o novo partido, rasgou elogios ao deputado estadual Mauro Tramonte, não poupou críticas a Fuad Noman e projetou o trabalho na campanha que o coloca ao lado do antigo rival Romeu Zema (Novo). O ex-prefeito ainda fez um balanço sobre sua gestão à frente da cidade, endossou sua escolha por Luiz Inácio Lula da Silva na corrida presidencial de 2022 e comentou sobre os atuais pretendentes à Prefeitura de Belo Horizonte.

 





 

Entrevista com Alexandre Kalil


Estado de Minas - O senhor chega para apoiar a candidatura de Mauro Tramonte trazendo na bagagem uma experiência de seis anos de Prefeitura de Belo Horizonte. De que maneira isso pode contribuir para a campanha?

Alexandre Kalil - O que nós notamos até antes de formalizar o apoio ao Tramonte é que existe uma ânsia muito grande dele de aprender, estudar e querer saber. Nós tivemos uma facilidade muito grande para embarcar na campanha do Tramonte com todos os técnicos que estão em volta dele. Porque na Prefeitura de Belo Horizonte é o seguinte, se não quiser saber e achar que sabe fazer, vai acontecer o que aconteceu nesses últimos dois anos, na hora que houve a debandada do corpo técnico da prefeitura. Não ficou praticamente nenhum secretário e caminhamos de mais de 75% de aprovação, que era o que tinha na prefeitura, para uma de 30% hoje. O candidato é que vai mandar, ele é o prefeito de Belo Horizonte, mas quando ele se interessa por saber o que deu certo e o que deu errado nos dá muita esperança de que Belo Horizonte pode voltar a ser o que já foi.

 

 

O senhor ficou magoado com as mudanças?

Eu acho que é muita arrogância. Porque não adianta dizer que existe secretário mais importante que o outro, porque não existiam. Você falar que nomes como Maria Caldas, André Reis, Jackson Pinto, Ângela Dalbem e Maíra Colares não são importantes para administração da prefeitura é ser um cego absoluto e não ter menor sensibilidade do que é o atendimento de uma prefeitura do tamanho de Belo Horizonte.


Então, não tenho mágoa nenhuma não. Eu tenho decepção, sim. Eu tenho uma decepção porque, não quero nem falar isso aqui, porque não cumpre, não tem responsabilidade com a palavra, não tem nada disso. Mas o maior prejudicado é o Centro de Saúde, a UPA. Não é o político A, B ou C, ou o empresário A, B ou C. Quem se danou nesses dois anos foi quem precisa. Quem pega ônibus, precisa de investimento na saúde e na educação, quem tem que ir lá na ponta para saber que salsicha não é carne, quem precisa de professora. Tem que trazer as universidades para dentro da prefeitura como nós fazíamos para não faltar médicos. Se debandou quem sabia fazer e aconteceu o que aconteceu.

 

O senhor avalia que o desempenho das secretarias atuais é pior do que na sua gestão?

Não tenho a menor dúvida, inclusive elas foram entregues para políticos. Os números estão aí. Quando nós fizemos os projetos, como quando inauguramos a internet grátis na Vila Bandeirantes; quando nos tornamos a capital que mais investiu per capita na saúde; obrigamos os ônibus a ter suspensão eletrônica e ar condicionado. O povo não esquece. Será que o povo esqueceu que largaram um buraco aberto por 15 dias no Belvedere? Um buraco que era só fechar? “Ah porque o Ministério Público…” , chega lá e fecha o buraco e me prende se eu estiver errado. Acharam que não iam pagar a conta. Existe um negócio que é o seguinte, o povo é pobre e o povo não é burro, e o Mauro Tramonte está olhando como ajudar esse povo pobre de Belo Horizonte. Ele está se informando e se cercando de gente que sabe fazer. É por isso que eu acho que ele será uma grande prefeito em Belo Horizonte.

 


Como se deu a aproximação com Tramonte e o Republicanos? O partido o procurou ou o senhor teve a iniciativa?

Eu não tive iniciativa de me reunir com ninguém. Eu não procurei ninguém. O candidato que mais pediu reunião comigo foi o prefeito de Belo Horizonte. Foram três ou quatro e, na oportunidade, eu falei com ele que meter a motosserra nas árvores todas não vai dar certo para ter corrida de carro. Eu sou a favor da corrida de carro, mas tem que conversar com a universidade federal. Isso eu falei para ele na minha casa e com testemunhas. Falei que fazer ciclovia na Afonso Pena não dá, prefeito. Temos que reconhecer que tem coisa que não dá. Não dá para entregar limpeza urbana para deputado. Mas ele respondeu que tinha que ser assim e eu falei: “então tá bom, toca o barco”. O candidato que mais me procurou foi o prefeito e eu fui procurado, com exceção de dois, por todos e não procurei nem candidato e nem partido. 

 

O prefeito te procurou fora da campanha?

Ele só me ligou em tom de campanha. Nunca me deu um telefonema para trocar meio secretário, nem para mandar sete carguinhos que eu tinha lá de R$ 10 mil que foram pinçados só para me perseguir. Nunca me telefonou para mandar ninguém embora ou para pegar apoio de ninguém. O prefeito foi atrás da presidente da Câmara, Nely Aquino (Podemos), e não conseguiu. Depois foi atrás do Gabriel [Azevedo] (MDB) e também não conseguiu, virou tudo briga. Depois ele tentou Marcelo Aro e também não conseguiu; foi atrás do PSD e parece que não entraram na campanha. Foi atrás do Kalil, também não conseguiu. Existe um mistério aí, não é? Nós temos que saber qual é.

 

O senhor considera esse arco de candidatos de bom nível? 

Considero, aliás mostraram isso no debate. Considero que a eleição está sendo levada em um ótimo nível, apesar de quem está em torno tentar abaixar de um ou outro, inclusive do prefeito, mas foi levado em ótimo nível, tranquilamente melhor que em outros anos.

 


Nesse cenário de ter sido procurado por todos, como foi o processo de decisão?

Nós começamos uma conversa e fui surpreendido. Todo mundo acha que o Tramonte é aquele apresentador de televisão, mas ele está na política há 6 anos. É curioso e humilde. Olha, 80% do tempo do Mauro Tramonte é sentado com gente de cada ramo, mas gente do ramo mesmo. Ele está se preparando mesmo. Eu até brinquei que ele, provavelmente, vai ser o prefeito que vai sentar na cadeira com o detalhamento das áreas importantes de Belo Horizonte. Então, eu fiquei absolutamente surpreso. Tenho certeza que vai ser um bom prefeito porque ele tem uma coisa que eu tive quando entrei na prefeitura, que é conversar com gente que entende. Eu não conhecia 90% do meu secretariado quando assumi, mas eu sabia que eles tinham o estofo para assumir as pastas.

 

O Tramonte tem uma carreira na televisão falando sobre os problemas da cidade e o senhor disse que ele quer aprender e conhecer mais a cidade. A gente não conhece a cidade pela tela da TV, é diferente sendo prefeito?

Não. Ninguém conhece por nada, porque uma coisa é você saber que existe o problema. Outra coisa é saber como você pode tentar resolver um problema. Quando você entrega a limpeza urbana de Belo Horizonte para um deputado federal, não tem chance de dar certo. Saúde, educação, limpeza urbana, transporte público são áreas de uma sensibilidade doida. Eu lembro bem da pandemia. Eu não acredito que ninguém aqui acha que eu tirei fechar a cidade da minha cabeça. Ninguém acha que eu tinha conhecimento para fechar uma cidade do tamanho de Belo Horizonte. Aquilo foi um ato absolutamente técnico. Uma equipe estava comigo e online com o mundo. O Dr. Unaí Tupinambás, o Dr. Doutor Carlos Starling e o Dr. Estevão Urbano, juntos com o secretário Jackson Pinto, estavam online sabendo o que estava chegando no Brasil. Hoje nós vimos que Belo Horizonte continua sendo a terceira capital do país, como sempre foi, e a que menos matou proporcionalmente [de COVID-19]. Por isso recebemos 13 prêmios internacionais de combate à pandemia.

 

O senhor caracterizou Mauro Tramonte como alguém curioso e que procura as pessoas para poder aprender. Além do Senhor, ele também está cercado pela Luísa Barreto, candidata a vice, e também pelo governador Romeu Zema. Como o senhor pretende se aliar a Zema durante a campanha?

Eu não vou me aliar ao Zema durante a campanha porque eu não tenho que fazer isso. O Zema tem que se aliar ao Tramonte. A Luísa é uma candidata e preparada, tinha um cargo técnico e é uma técnica. O lado oposto não desqualifica ninguém. Só porque você foi adversário político, não se desqualifica a outra pessoa. Alguém duvida da inteligência do governador para ganhar a eleição? Alguém duvida da capacidade técnica da Luisa? Agora, eu apoiar o Zema e o Zema me apoiar? Isso não. Ele acha que minha administração foi ruim e eu acho a dele muito ruim também. Temos que apoiar o Tramonte. Quando um cara é curioso e humilde, ele atrai todo mundo porque Belo Horizonte é muito importante não só para os belo-horizontinos, mas para Minas Gerais inteira.

 

 

O senhor criticou o governo de Zema, mas a Luísa fez parte dele.

Tá bom, mas obrigatoriamente o Zema pode não achar a Ângela Dalben uma má secretária de Educação ou o André Reis um mal secretário de Planejamento, não é? Eu acho que o global dele é ruim e ele acha que o meu global é ruim. Mas eu não pego pessoas. Eu acho que o responsável por boa ou ruim administração é o líder, o prefeito ou o governador.

 

Como o senhor pretende atuar na campanha do Mauro Tramonte? Vai fazer um trabalho mais focado em bastidores, ou em palanques dos comícios?

Eu acho que todo mundo superestima a importância de todo mundo. O compromisso do Mauro comigo e o meu com ele é que nós temos que ajudar quem precisa, nós temos que voltar com a política de receber todo mundo, de estar todo dia com alguma comunidade seja ela mais pobre, mais rica, patronal. Até pelo programa dele na televisão, Tramonte é muito focado em gente pobre. O que eu posso colaborar com ele é compartilhar o que fazer para ajudar esse povo. Esse povo quer pouco, não quer é descaso. Não quer rato andando no Centro de Saúde, ele quer a internet lá no lugarzinho dele, quer a rua limpa para poder transitar com tranquilidade, quer a filha na creche. É isso que eu estou colaborando com ele, porque é o que eu sei fazer. Então ele me pergunta, eu respondo; eu pergunto, ele responde. Mauro Tramonte vai voltar a olhar para esse povo que ficou largado por dois anos

 

O senhor é um empresário que pertence às classes mais abastadas, mas tem uma penetração com os cidadãos mais pobres. Como é essa interação, como isso funciona?

Eu disse que na minha campanha me aproximei muito dessa gente. Essa gente é que manda na cidade e essa gente é que elege. Temos que cuidar dela. Não adianta cuidar de empresário, tem que cuidar do povo. O Tramonte já sabe que quem vai eleger ele é o povo pobre de Belo Horizonte, porque ele vai cuidar desse povo. Falam que eu tive a maior votação da história dessa cidade, mas eu cuidei desse povo por quatro anos. Não adianta vir agora e falar que está cuidando sem receber, inaugurar quadrinha ali, fazer coisinha aqui. Esse povo tem que ser cuidado de manhã, de tarde e de noite que, na hora que chegar na sua reeleição, você vai lá e esmaga todo mundo. É isso que eu estou conversando dentro do comitê, nós vamos ter uma política de ajudar o pobre e o Tramonte tem esse compromisso. Vamos voltar e melhorar o que era, porque nós perdemos muito nesses dois anos.

 

 

Então podemos entender que a campanha do Tramonte será focada no eleitor mais pobre?

Não é a campanha focada, é quem precisa mais. Todo mundo precisa da prefeitura, desde o malandrão querendo fazer empreendimento de R$ 11 bilhões dentro de parque, que eu vetei, até o cara que precisa do posto de saúde para levar a mãe. O Tramonte sabe disso porque ele via no programa dele e agora está sabendo como resolver isso. Não é focar em pobre para ganhar eleição, é cuidar de gente pobre e aí você vai ganhar a eleição. Eu sei porque aconteceu comigo.

 

Depois das eleições de 2022, o senhor foi formalmente se afastando do PSD, não foi a eventos do partido com Fuad. Como se deu esse processo?

Eu não fui convidado para nenhum evento. Houve reuniões e o PSD nunca me chamou. Não teve atrito, eu não brigo com ninguém. Tive uma boa conversa com o Rodrigo Pacheco e vou ter uma boa conversa com o (Gilberto) Kassab, que nós já combinamos de tomar um café da manhã e ponto final. Apresentei meus argumentos, que foram muito bem aceitos pelo presidente do Congresso e o presidente do partido, que é com quem eu converso lá. Então, não teve atrito nenhum, porque os partidos são muito próximos. Estão falando aí do Republicanos, mas os dois têm ministérios lá com com o Lula, os dois são de centro. Não tem uma grande ruptura, só os fofoqueiros querem falar nisso.


Você não liga muito para essa questão de legenda?

Eu já liguei menos, mas hoje sei que isso tem muito valor. A decisão de ir para o Republicanos foi pessoal, porque eu nem teria necessidade. Eu poderia participar da eleição como freelancer era só eu ter me desfiliado do partido e participar, não tenho cargo eletivo.

 

E qual a pretensão do senhor dentro do partido? Caso Tramonte seja eleito, o senhor pretende participar do governo? E tentará o governo de Minas em 2026?

Participação em governo a gente dá quando é chamado. Como eu estive à disposição antes dessa lambanceira que está aí e nunca fui consultado, estarei também à disposição do Tramonte. Agora, sobre 2026, eu vou repetir o que eu falo todo dia em toda entrevista: tem que ter número. Eleição tem que ter número. Para governador tem que ser competitivo, se o partido entender que tem alguém melhor, vai ele. Não tem problema, eu não tenho essa ambição política desmedida. Por isso até que eu demorei tanto e mais do que devia para definir esse apoio. Porque eu queria que fosse uma coisa consistente. O Tramonte é curioso, é estudioso e eu estou absolutamente surpreso com isso.


O que o senhor queria muito ter feito na sua gestão, mas que por algum motivo não conseguiu? Ficou alguma coisa faltando?

Ficou, claro. Um monte. Acho que esse projeto de encosta que nós começamos não pode parar. Acho que nós temos que universalizar o cadastro de crianças para por na escola, nós temos que colocar professora e não é fácil. Eu participei de uma aula que a professora Ângela (Dalben, ex-secretária de Educação) deu para todos nós – que saiu agora porque veio um baiano. Veio da Bahia e virou secretário em Belo Horizonte. Ela me lembrou que quando entramos falaram um número muito menor porque não cadastravam e a nossa administração criou o cadastro para as escolas. Nós temos uma carência de quase dois mil professores, que não é fácil preencher, mas se tiver uma pessoa do ramo melhora a possibilidade de resolver.


Quais outros assuntos o senhor não conseguiu atacar?

O próprio preenchimento de médicos com faculdades, é um problema. Tiraram quem era do ramo (ex-secretário de Saúde, Jackson Machado Pinto), que atua na Santa Casa de Misericórdia desde 1982, que conduziu uma pandemia em Belo Horizonte e te garanto que ele não saiu porque ele quis. 


O senhor tem falado muito dos quadros técnicos a frente da sua gestão. É possível que algum desses quadros retorne em uma eventual governo do Mauro Tramonte?

Quem escolhe o secretário é o prefeito e a partir do momento que deixa alguém escolher, está totalmente desqualificado para ser prefeito. Ele está estudando, vai saber quem por. Te garanto que não precisa de ninguém arrumar ‘cabidinho de emprego’. Eu nunca botei ninguém em secretaria nenhuma. Eu escolhia o meu secretário e ele enchia a secretaria dele. Eu falava: ‘Só converso com o secretário’. Eu fazia assim e acho que quem não fizer, não está qualificado para ser prefeito. 

 


Sempre tem uma indicação…

O governador (Zema) já indicou. Você quer uma indicação mais importante que (o candidato) a vice-prefeito (Luísa Barreto)? E eu não quero indicar ninguém. Se eu quisesse indicar alguém eu tinha indicado com o Fuad. Eu tinha deixado secretário com a bunda colada com ‘Super Bonder’ na cadeira. Era tudo meu. Então, da minha parte, ele (Tramonte) não tem compromisso de botar nenhum secretário. 


E o partido… 

Não estou radicalizando. O partido fala “acho que fulano é bom para isso” e o prefeito vai pegar e falar “é bom, não é bom, esse não serve, me dá outro nome”, isso é natural. O que não pode é entregar a Prefeitura de Belo Horizonte para político, Limpeza Urbana para político, Educação para partido. Isso que não pode. Para ter tempo de televisão. Botar o cara na secretaria de Educação – onde a mãe leva a criança para merendar, estudar, aprender a ler e escrever – para ter não sei quantos spots no programa eleitoral. Um inferno, aí não. 


O senhor disse que esta campanha está em alto nível. Poderia dar um panorama sobre os concorrentes do Mauro Tramonte? Quem que o senhor acha que vai ser um concorrente mais forte?

Pode vir o que quiser. Nenhum deles tem o preparo, hoje, que o Mauro Tramonte tem. Isso eu te garanto. Pode ser professor, autodidata, técnico, pode ter trabalhado na África. Nem um deles tem o preparo que o Tramonte tem, está tendo e terá. 


Como o senhor avaliou a participação do Tramonte no primeiro debate? Ele falou muito desta questão dos médicos…

Ele está afiado, está estudando o assunto, preparado. Se você olhar o programa do Mauro Tramonte, que eu passei o olho, não tem nada que não seja factível lá dentro. Tudo que tá lá dá para fazer. 


No início você disse que o Tramonte está interessado em aprender e agora disse que é o mais preparado de todos…

Não é porque os outros estão mais preparados não, é porque eles não estão interessados em aprender. Ele está se preparando, o que eu não sei se os outros estão fazendo. Assunto de que Venezuela é democracia, banheiro de escola, aborto e maconha ninguém está olhando lá no comitê do Tramonte. Lá só se fala em Centro de Saúde, UPA, escola, ônibus. O papo lá é esse. Eles estão muito preocupados com banheiro, nós estamos preocupados é com quadro negro, com merenda. É isso que o bicho está pegando de dois anos para cá e eu não sei porquê. Talvez, seja essa dinheirada que eles empurraram nos ônibus e deve está faltando para a merenda. 

 


Nós podemos deduzir que vai ter segundo turno?

Eu não acho nada. Uma coisa que o povo que estamos trabalhando não tem é arrogância. A pesquisa que saiu hoje (14/8) ele (Tramonte) já subiu e todo mundo ficou parado. Além de liderar, subiu quase quatro pontos. E cada vez que ele falar e puder transmitir isso que ele está lá engolindo de manhã, de tarde e de noite (vai subir) mais, porque ele é um cara de palavra, com credibilidade e vai fazer o que tem que ser feito. Então, se vai ter segundo turno, o eleitor vai resolver. Eu que ganhei com quase 65% não acreditava que iria ganhar no primeiro turno.


Alguns concorrentes criticaram o seu apoio ao Lula em 2022 e agora o seu apoio ao Tramonte ao lado do Zema. Qual a avaliação da equipe sobre este impacto?

Se eu tivesse que votar de novo entre Lula e Bolsonaro, eu votava no Lula de novo. O apoio foi uma coisa política, o meu voto como cidadão. Eu não voto na terra plana. Eu não voto em quem arranca máscara de menino. Eu não voto em quem acha que a cloroquina vai curar. Nós não tínhamos opção. Agora, vamos esclarecer uma coisa, não existe democracia na Venezuela, o que tem lá é um sanguinário. A terra é plana? Não, a terra é redonda. Cloroquina cura? Não, o que cura é a vacina. Então não me põe nem aqui e nem lá. Não estou preocupado nem com o Rogério e nem com o Bruno Engler. Estou preocupado com posto de saúde e Mauro Tramonte. 


E com a Duda, o senhor está preocupado?

Minha amiga, assim como o Rogério. A Duda é uma concorrente duríssima e tem que ser muito respeitada. 


E o Gabriel?

Não, esse não tem não.

 

O senhor falou do Lula, que votaria nele de novo. Poderia fazer um balanço da gestão do presidente até aqui. 

Eu sou um ex-prefeito de Belo Horizonte, um merdinha. Eu vou interpretar o governo do Lula? Presidente da República, eleito. Com um monte de problema, um monte de coisa certa e um monte de coisa errada. Daqui dois anos nós vamos poder ver se foi um bom ou mau governo. E tem que ver, porque o Bolsonaro não vai ser mais. Aí nós vamos poder, o que nós nem tínhamos, uma opção de escolher. 

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