A candidata à Prefeitura de Belo Horizonte pelo PCO, Lourdes Francisco, avaliou que o identitarismo é o que divide a esquerda. Segundo ela, essa é a única razão para que a capital de Minas tenha tantas candidaturas no campo político.
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Lourdes iniciou a série de sabatinas que serão realizadas pelo Estado de Minas nas próximas duas semanas. Questionada se abriria mão de sua candidatura caso a união de Rogério Correia (PT) e Duda Salabert (PDT) se concretizasse, Lourdes afirmou que não.
"O PCO não abre mão da candidatura, nem com o Lula nem com ninguém. O partido tem uma política própria e não faz concessões nesse sentido. Para destacar, o PCO é uma esquerda que alguns podem considerar radical, mas eu não acho que seja tão radical assim”, afirmou. “Algumas pessoas chegaram a nos chamar de extremistas, mas, na verdade, não somos extremistas. Somos extremamente solidários com todos. Portanto, não faríamos essa aliança de jeito nenhum”, seguiu.
Em seguida, a candidata afirmou ser amiga de Correia, mas ter dúvidas sobre o Partido dos Trabalhadores, que, segundo ela, faz alianças com partidos ligados à direita.
“Tenho uma grande amizade com o Rogério Corrêa e trabalhamos juntos na rua. Aprecio o trabalho dele e considero seu projeto dentro do PT importante. No entanto, tenho minhas dúvidas porque estamos enfrentando dificuldades, e o PT fez alianças que nós jamais faríamos. Nós não fazemos alianças com a direita, de maneira nenhuma, e também não com o centro, mesmo que sejam de esquerda.”
Sobre Duda, Francisco foi mais enfática e disse não se identificar tanto com as pautas de Salabert, por ela usar a pauta do LGBTIA+ para impulsionar suas ideias. De acordo com Lourdes, essa seria uma estratégia identitária. Duda Salabert é uma mulher trans e foi a primeira eleita para o Congresso Nacional.
"Atualmente, a Duda está se posicionando como uma figura de esquerda, mas seu enfoque no programa identitário me preocupa. Como já mencionei, o identitarismo tende a dividir, e nós não podemos apoiar candidatos que dividem os trabalhadores ou a população em geral. Portanto, eu não concordo com essa abordagem. Não sou identitária, e o partido também não adota essa perspectiva. Embora eu reconheça qualidades importantes na Duda, não concordamos com essa linha de atuação", afirmou.
Ela também afirmou que Salabert precisa focar em questões fora do universo LGBTIA+, já que, para Lourdes, essa pauta pode ser usada para polarizar a esquerda.
"Estamos enfrentando um problema sério com o crescimento do identitarismo no mundo, no Brasil e em Minas Gerais. Pensamos que a Duda é uma pessoa importante, independentemente de sua identidade LGBTQI+. No entanto, não queremos que ela foque em divisões que possam polarizar ainda mais. Respeitamos a diversidade, mas acreditamos que o conservadorismo tem seu lugar em uma sociedade justa. A questão LGBTQI+, assim como outras identidades, não é uma política nossa e sentimos que está sendo imposta a nós”, concluiu.