Na corrida para a eleição, os 10 candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e os concorrentes a uma das 41 vagas na Câmara Municipal devem se atentar às questões relacionadas à locomoção na cidade para chamar a atenção do eleitor. É o que revela a pesquisa realizada pelo Instituto Opus e divulgada com exclusividade pelo Estado de Minas. Segundo o levantamento, um terço dos entrevistados citou temas relacionados à mobilidade urbana quando questionados sobre o principal problema da cidade. Serviços de saúde e segurança pública também figuram entre as respostas mais frequentes.

 

A pesquisa mostra que os dois problemas mais citados pelos belo-horizontinos são o transporte público e o trânsito, recordados por 17% e 15% dos entrevistados, respectivamente. Soma-se aos dois temas a mobilidade urbana em si, apontada por 1% dos eleitores que responderam ao questionário aplicado entre 13 e 15 de agosto para 600 pessoas na cidade.

 

O terceiro problema mais recordados pela população da capital mineira é o serviço de saúde, citado por 12% dos entrevistados. A segurança é a maior mazela da cidade para 7% dos questionados, seguido pela população em situação de rua e os assaltos, com 4% cada. A infraestrutura e a limpeza das ruas foram lembrados por 3%.

 

 

Apontados como maior problema de BH por 2% dos entrevistados estão a conservação das ruas, desemprego, carestia, alagamentos e violência. Cerca de 1% dos questionados respondeu, cada um, os seguintes temas: uso de drogas; falta de administração; rede de água e esgoto; mobilidade urbana; falta de opções de lazer; escolas públicas; e assistência social.

 

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Nas ruas da cidade, as reclamações mais comuns refletem os dados mostrados pelo levantamento. Basta puxar assunto em um ponto de ônibus, como fez a reportagem do EM, para recolher relatos sobre as mazelas do transporte público na capital mineira e outros problemas citados no levantamento.

 

“Fizeram uma cidade pequena e não sabiam que ia ter tanto carro e não tem mais espaço como tem em outros lugares. O serviço de saúde também é ruim, demora muito para ser atendido. Eu não preciso votar mais, mas eu sempre voto. Se eu votar ou não, alguém vai ganhar e governar”, afirmou o vigilante Vilson Rodrigues, que se diz atento à campanha para votar em outubro, mesmo não sendo mais legalmente obrigado.

 

Trânsito e a qualidade de serviço dos ônibus lideram a lista da pesquisa do Instituto Opus e se misturam nas críticas feitas nas ruas. Laíne Martins, de 29 anos, esperava o coletivo em um ponto na Avenida Afonso Pena enquanto falava sobre a diária rotina desgastante de depender deste modal para trabalhar e voltar para casa: “A gente que pega ônibus todos os dias sabe bem. Eu saio da minha casa para o Shopping Estação, de lá para o Minas Shopping e depois venho para o Centro. Eu pego três ônibus porque não tem uma linha direta. Eu saio de casa todos os dias às 5h e chego no serviço às 7h”.

 

No mesmo ponto de Laíne, o agente administrativo Mauro Santos coaduna com as reclamações e se diz disposto a guiar seu voto em pouco mais de dois meses de acordo com as melhores propostas para o tema da mobilidade urbana. “O número de veículos cresceu consideravelmente e não tem um escape como tem em São Paulo, por exemplo, com o metrô. O metrô em Belo Horizonte ajudaria a desafogar esse trânsito caótico de BH. Eu costumo pegar um ônibus até a Estação São Gabriel e outro até minha casa, eu gasto cerca de uma hora e vinte minutos só para sair do trabalho até minha casa. São quase três horas perdidas por dia. O candidato que largar na frente discutindo questões de mobilidade vai ganhar muito voto, com certeza”, afirmou.

 

A pesquisa do Opus foi feita a partir de entrevistas realizadas presencialmente nas nove regionais da capital e tem uma margem de erro de 4,1 pontos percentuais para mais ou para menos. O levantamento foi registrado no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MG) sob a designação MG-01355/2024.

 

 

Gestão da capital

 

A pesquisa também mediu a avaliação da gestão atual da prefeitura, hoje nas mãos de Fuad Noman (PSD). Para 38% dos entrevistados, o governo é regular; para 31% é ótimo ou bom; e para 23% é ruim ou péssimo. Não souberam ou não responderam 7% dos entrevistados.

 

A evolução da avaliação se mantém estável e dentro da margem de erro em comparação com o último levantamento realizado pela Opus, que foi às ruas da capital em março deste ano. No cenário global, no entanto, há uma queda na aprovação da gestão municipal nos últimos dois anos. Em março de 2022, 58% dos belo-horizontinos consideravam a administração da cidade ótima ou boa e apenas 12% ruim ou péssima.

 

Para o diretor do Instituto Opus Matheus Dias, o critério de avaliação do governo municipal é um aspecto importante de percepção do cenário eleitoral, uma vez que a disputa pela administração da cidade é um tema recorrente nas campanhas. “Com a proximidade do período eleitoral, o governo como um todo vai passar por um escrutínio maior por parte dos candidatos sendo alvo de ataques e críticas, mas também recebendo uma atenção do eleitor em relação à cidade. Daqui a pouco mais de 50 dias, nós vamos poder escolher o próximo administrador, então é claro que a campanha acaba virando um funil de atenção para o para o governo como um todo”.

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