FOLHAPRESS - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abriu na manhã deste sábado (7/9) as celebrações do Dia da Independência, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. O segundo 7 de Setembro do atual governo tem como slogan "Democracia e Independência - É o Brasil no rumo certo" e busca mais uma vez transmitir uma mensagem de respeito aos Poderes e contra os extremismos.
A celebração deste ano também carrega um componente político em particular. O Palácio do Planalto articulou para garantir a presença do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, alvo de bolsonaristas e do bilionário Elon Musk, após ter determinado a suspensão da rede social X. O convite foi visto no meio político como uma forma de desagravo ao ministro.
Por outro lado, a concentração de membros do governo na tribuna de honra acontece em meio ao desconforto pela demissão do ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, nessa sexta (6/9), após denúncias de assédio sexual. Uma das vítimas seria a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.
Anielle Franco não compareceu à cerimônia. Também não estava presente a primeira-dama, Janja, que manifestou apoio à ministra, quando a denúncia veio à tona e antes da demissão do ministro dos Direitos Humanos.
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A assessoria de imprensa do Planalto, no entanto, argumenta que Janja vai participar na segunda-feira (9/9) de um evento no Catar, a 5ª Celebração do Dia Internacional para Proteger a Educação de Ataques.
Assim como na cerimônia do ano passado, Lula chegou à Esplanada dos Ministério em carro aberto. Estão na tribuna de honra ministros de seu governo e chefes de outros Poderes, como o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), o presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o presidente do STF, Luís Roberto Barroso.
O ministro Alexandre de Moraes também estava na mesma área destinada às mais altas autoridades, onde também estavam os comandantes militares.
Os ministros do STF Edson Fachin, Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Cristiano Zanin também participam do evento, mas ficaram em uma posição de menos destaque. Estão presentes ainda o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, e o do do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB). Uma parte do desfile homenageia o estado, atingido por uma tragédia climática no primeiro semestre.
Do lado do Executivo, estavam presentes pelo menos 30 dos 39 ministros do governo Lula. Compareceram à Esplanada ministros como Rui Costa (Casa Civil), Jorge Messias (Advocacia Geral da União), Ricardo Lewandowski (Justiça), Jader Filho (Cidades), Alexandre Silveira (Minas e Energia), Nisia Trindade (Saúde), Marcio Macedo (Secretaria Geral), José Múcio (Defesa), Marina Silva (Meio Ambiente), Simone Tebet (Planejamento), entre outros.
Além de Anielle, também não compareceu o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que participa de evento da campanha de Guilherme Boulos (PSOL) à Prefeitura de São Paulo.
Combate ao discurso de ódio
Apesar de focar a democracia, assim como em 2023, a cerimônia deste ano busca ter um enfoque diferente. No ano passado, o objetivo do governo Lula havia sido de reaproximação e apaziguamento com as Forças Armadas. A tentativa de relacionar os militares com a democracia se deu após o 8 de janeiro e a vinculação dessa classe com o antecessor Jair Bolsonaro (PL).
Dessa vez, a intenção é transmitir uma mensagem de combate ao discurso de ódio e respeito às instituições brasileiras.
Na noite de sexta, Lula fez pronunciamento em cadeia de rádio e televisão para comemorar o 7 de Setembro e aproveitou para criticar Musk. Sem citar o empresário nominalmente, Lula afirmou que o Brasil será sempre intolerante com qualquer pessoa, tenha a fortuna que tiver, que desafie a legislação.
"Nenhum país é de fato independente quando tolerar ameaças à sua soberania. Seremos sempre intolerantes com qualquer pessoa, tenha a fortuna que tiver, que desafie a legislação brasileira. Nossa soberania não está à venda", disse Lula.
O desfile na Esplanada dos Ministério foi estruturado em três eixos. Um deles será em referência aos eventos do G20 no Brasil, ressaltando a sua importância estratégica e apresentando as 21 bandeiras dos países que integram a cúpula.
O país preside o bloco que reúne as maiores economias do mundo. Em novembro, será realizado no Rio de Janeiro a cúpula dos chefes de Estado.
Em relação ao Rio Grande do Sul, haverá uma homenagem ao esforços para reconstrução do estado.
O último eixo será dedicado para a área da saúde, enfatizando as campanhas de vacinação e a ampliação dos serviços de atendimento em saúde, com a retomada do programa Mais Médicos. Um dos destaques dessa parte da cerimônia será o Zé Gotinha, assim como no ano passado.
Também vão participar do desfile atletas que competiram nas Olimpíadas de Paris, entre julho e agosto. Eles fazem parte do programa de incorporação de atletas de alto rendimento ou recebem o benefício do Bolsa Atleta.
Em relação ao desfile militar, participam representantes das três Forças. A programação prevê como destaque a formação da Pirâmide Humana do Batalhão de Polícia do Exército e a performance da Esquadrilha da Fumaça.
O governo Lula aumentou os gastos com o desfile cívico-militar deste ano para R$ 4,3 milhões. O valor é resultado da ampliação da estrutura montada na Esplanada dos Ministérios. Em 2023, foram destinados R$ 3,1 milhões para o evento.