FOLHAPRESS - A redução da velocidade nas vias expressas é uma medida útil para reduzir mortes no trânsito e, embora possa gerar impopularidade, precisa ser discutida com a população e implementada, dizem especialistas.
Em sabatina Folha/UOL na manhã dessa segunda-feira (9/9), o deputado federal e candidato à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) disse que, eleito, não reduzirá a velocidade das marginais como fez o ex-prefeito Fernando Haddad (PT).
"Isso não foi aceito pela cidade, houve uma rejeição da maior parte da cidade, embora a visão do Fernando Haddad tivesse uma consistência", disse. "Como não foi aceito, nós não retomaremos o debate de redução da velocidade na cidade de São Paulo."
É preciso buscar equilíbrio entre a visão do gestor e a da população, afirmou ainda o deputado. "O prefeito não pode ignorar o pensamento e o sentimento dos cidadãos pelos quais ele foi eleito para governar."
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Para Hélio Dias, integrante do Observatório Nacional de Segurança Viária, no caso da redução de velocidade nas vias, a política pública precisa se sobrepor à popularidade do governante. "Nem sempre a voz do povo é a voz de Deus", diz.
Com velocidade menor, cai também o risco de acidentes graves, afirma, e para garantir a fluidez do trânsito, é possível adotar soluções de engenharia -como alargamentos e construções de vias marginais.
Ex-coordenadora da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), Suzana Nogueira lembra que a redução da velocidade reduziu acidentes graves e fatais nas marginais durante a gestão Haddad.
Como noticiou a Folha de S.Paulo na época, a cidade registrou queda de 15% nos óbitos no trânsito em 2016, com 169 mortes a menos do que no ano anterior - a redução da velocidade nas marginais foi implementada em agosto de 2015.
A política foi revertida já em 2016, durante a gestão João Doria, que se elegeu criticando o que chamava de indústria da multa e usando o slogan "acelera SP".
Para a arquiteta, existe um conceito equivocado de que limites maiores de velocidade geram deslocamentos mais rápidos. "Não é fácil, mas é necessário trazer essa discussão para a população", argumenta. "Há uma rejeição inicial, mas depois a política pública é assimilada pela cidade."
Atualmente, a capital paulista vive alta no número de mortes no trânsito. Foram 520 no primeiro semestre de 2024, em comparação com as 395 do mesmo período de 2023 -aumento de 31,6%.