
Promotoria acusa 7 por 'rachadinha' em gabinete, mas livra Carlos Bolsonaro
A denúncia acusa Jorge Fernandes, chefe de gabinete de Carlos, de ter organizado o esquema com outros seis funcionários do vereador
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Siga noO Ministério Público do Rio de Janeiro denunciou sete pessoas sob acusação de promover um esquema de "rachadinha" no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (PL) na Câmara Municipal da capital fluminense. O filho do ex-presidente, também alvo da investigação, não foi alvo da denúncia.
De acordo com o promotor Alexandre Graça, responsável pela investigação, a apuração não identificou transação financeira irregular envolvendo o vereador. A possível existência de "funcionários fantasmas" no gabinete, para ele, não se configura como crime, mas uma infração administrativa.
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A denúncia acusa Jorge Fernandes, chefe de gabinete de Carlos, de ter organizado o esquema com outros seis funcionários do vereador. A investigação apontou que houve o desvio de R$ 1,7 milhão do gabinete.
De acordo com a acusação, "Fernandes, utilizando sua influência e proximidade com a 'família Bolsonaro', conseguiu a nomeação dos demais acusados, que repassavam parte de seus vencimentos a ele".
A investigação contra Carlos foi aberta após a Folha revelar em 2019 a existência de uma "funcionária fantasma" no gabinete do vereador.
A Justiça autorizou em maio de 2021 a quebra de sigilo bancário de 25 servidores ou ex-servidores da Câmara, e de cinco empresas, para apurar a prática de "rachadinha". Uma das suspeitas era o uso de dinheiro vivo para dificultar o rastreamento do esquema.
Como a Folha mostrou em maio, laudo feito pelo Laboratório de Tecnologia de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro do Ministério Público indicava uma movimentação financeira que dificultava as investigações.
Segundo o documento, Carlos sacou R$ 1,98 milhão de sua conta entre 2005 e 2021. O valor corresponde a 87% do total recebido em salário da Câmara Municipal no período.
A prática é distinta da do irmão Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que não sacou metade da remuneração recebida na Assembleia Legislativa entre 2007 e 2018.
O baixo volume de retiradas de Flávio junto com o constante uso de recursos em espécie foi uma das evidências usadas na denúncia contra o senador, em ação depois arquivada em razão da anulação das provas.
A movimentação de Carlos dava lastro para pagamentos em dinheiro vivo em patamar semelhante. Os investigadores precisariam de provas mais claras de que a origem de um gasto em espécie é um eventual esquema de "rachadinha", e não os saques realizados pelo próprio vereador.
Carlos declarou à Justiça, por exemplo, ter pago R$ 15,5 mil em dinheiro vivo a uma corretora de valores para cobrir prejuízos em investimentos feitos na Bolsa.
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Ele também informou à Receita Federal ter emprestado R$ 30 mil em espécie ao irmão mais velho, dinheiro usado para a aquisição de salas comerciais na Barra da Tijuca.
Havia também a suspeita de que o vereador tenha adquirido um imóvel com R$ 150 mil em espécie em 2003. Esse fato, porém, não entrou na investigação em razão do prazo de prescrição -a quebra de sigilo bancário começa em 2005.
A Folha de S.Paulo também revelou em setembro de 2020 que o vereador manteve ao menos entre 2007 e 2009 um cofre particular para guarda de bens no Banco do Brasil. De acordo com as regras do banco à época, eles eram destinados à guarda de papéis, moedas, documentos ou joias.