Arthur Lira com Lula: até agosto o deputado tinha a faca e o queijo para levar o jogo mais adiante e tentar fazer o sucessor com um centrão unido. Agora, as forças que o elegeram estão rachadas -  (crédito: EVARISTO SA/AFP)

Arthur Lira com Lula: até agosto o deputado tinha a faca e o queijo para levar o jogo mais adiante e tentar fazer o sucessor com um centrão unido. Agora, as forças que o elegeram estão rachadas

crédito: EVARISTO SA/AFP


Os erros e antecipações da disputa pela presidência da Câmara transformaram o grupo de partidos mais ligados ao governo Lula em uma força capaz de influir nessa corrida. Até agosto, Arthur Lira tinha a faca e o queijo para levar o jogo mais adiante e tentar fazer o sucessor com um centrão unido. Agora, as forças que o elegeram estão rachadas. E este era o plano da turma aliada de verdade ao Planalto, conforme antecipou esta coluna há mais de um mês.

 

 

Arthur ficou apenas com o queijo ou com a faca, ainda não sabe qual dos dois. E, dado o apoio do presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), ao líder do Republicanos, Hugo Motta (PB), o jovem e jeitoso parlamentar paraibano se viu muito cedo colado àquele segmento mais fiel a Jair Bolsonaro. Lula já foi logo dizendo que não apoia ninguém. Assim, passa a ter seus escudeiros como votos disputados por todos os postulantes.

 

A resultante dos movimentos de Hugo Motta terminou por aproximar o União Brasil de Elmar Nascimento do governo. O grupo mais afinado com Lula ainda não fechou oficialmente com ninguém, mas conseguiu ganhar uma importância que, até aqui, não tinha. As contas de alguns partidos indicam que Hugo tem hoje cerca de 140 votos. O outro grupo, de 130 a 150. O outro grande conglomerado que pode fazer a diferença é o dos governistas, em torno de 120. A corrida ainda está sob a fumaça da eleição municipal e só vai se dissipar de fato em dezembro. Até lá, seguem os ensaios do baile.

 

Bolsonaro perdeu

 

Numa conversa com o deputado Carlos Zaratini (PT-SP), o ex-ministro José Dirceu afirmou que “a novidade desta eleição é a derrota do bolsonarismo”. Referiu-se especificamente ao Rio de Janeiro, Recife (PE) e Belo Horizonte, onde os candidatos são bolsonaristas raiz. No Rio e em Recife, Alexandre Ramagem e Gilson Machado são bolsonaristas raiz e a tendência é que a eleição se encerre no primeiro turno. Em BH, a última pesquisa Quaest apontou o candidato do PL, Bruno Engler, em terceiro.


Corre aí, “tá ok”?

 

Recife nem chama tanto a atenção dos bolsonaristas assim, por causa dos 80% de popularidade do prefeito João Campos (PSB), candidato à reeleição. O que incomoda é o Rio. Por isso, o esforço de Michelle Bolsonaro e Carlos Bolsonaro nessa quase reta final de campanha.

 

Enquanto isso, em São Paulo...

 

O conselho de José Dirceu aos petistas e ao candidato Guilherme Boulos é que deixem Pablo Marçal para lá: “Não tem que debater nada com Marçal e sim com o Ricardo Nunes”, afirma, referindo-se a Marçal como o candidato do bolsonarismo na maior capital do país.

 

Por falar em debater...

 

Até José Dirceu reclama do preço da energia. “Brasil tem a energia mais cara do mundo, estamos invertendo tudo”, afirmou. Num tempo em que o mundo está voltado para robótica e inteligência artificial, ele acredita que o país precisa fazer uma reflexão sobre o assunto.

 

...as queimadas vão dominar

 

Assim que terminar a eleição municipal, o tema ganhará corpo no Congresso Nacinal. Faltando 20 dias para as eleições municipais, os parlamentares não querem largar suas bases para vir auxiliar na organização de um plano nacional voltado à mitigação dos efeitos do clima, embora determinem para onde vão os recursos públicos. E, diante da situação gravíssima em alguns biomas e até nas capitais, cada minuto conta. Vão chegar atrasados.

 

Dote cobiçado

 

De olho no cenário para 2026, os partidos observam com uma lupa os movimentos políticos do governador do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel. O estado ganhou o apelido de “tucanistão”, por ser um dos poucos onde o PSDB domina. A tendência é Riedel mudar de partido com todo o seu grupo no futuro, em busca da sobrevivência. Mas ainda não escolheu um destino.

 

Por falar em 2026

 

Dentro do PT, não há dúvidas: O presidente tem que ser o candidato do partido na próxima temporada eleitoral. Afinal, se o bolsonarismo raiz sair mesmo derrotado desta eleição e Jair Bolsonaro continuar inelegível, muita gente vai da centro-direita vai se apresentar.

 

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Um dia por aqui

 

Com os deputados e senadores dedicados às campanhas, o presidente Lula tem dedicado seu tempo às viagens de lançamento de projetos e solenidades fora de Brasília, como a de Manaus e do Rio de Janeiro na semana passada. Hoje, porém, volta às solenidades palacianas, com o lançamento do cartão do MEI (microempreendedor individual) no Palácio do Planalto, para auxiliar quem deseja empreender.