Coronel Claudia e Bruno Engler, a chapa puro-sangue do PL para a PBH em ato de campanha. No fundo está Vile dos Santos, apadrinhado do deputado e um dos nomes que mais recebeu verba de campanha do partido -  (crédito: Tulio Santos/EM/D.A.Press)

Coronel Claudia e Bruno Engler, a chapa puro-sangue do PL para a PBH em ato de campanha. No fundo está Vile dos Santos, apadrinhado do deputado e um dos nomes que mais recebeu verba de campanha do partido

crédito: Tulio Santos/EM/D.A.Press

Dono do maior fundo eleitoral do Brasil, o Partido Liberal (PL) vive seu principal momento de representação no Legislativo nacional sob a égide do bolsonarismo. A maior bancada do Congresso Nacional rendeu à legenda o poder de manejar quase R$ 890 milhões e distribuí-los de acordo com as estratégias pensadas para as eleições municipais deste ano. Em Belo Horizonte, a tentativa de ampliar a bancada na Câmara Municipal já fez o partido desembolsar quase R$ 3,6 milhões de forma concentrada: entre os 42 candidatos a vereador na capital mineira, apenas seis concentram quase 80% de toda a verba investida nas campanhas.

 


De acordo com levantamento feito pelo Estado de Minas no sistema de dados abertos do Tribunal Superior Eleitoral, até a última segunda-feira (16/9), a direção nacional do PL já havia gasto R$ 3.597.000 nas campanhas para vereador na capital mineira.  Do total de 42 candidatos, 15 não declararam nenhum centavo recebido do partido. Por outro lado, os seis líderes da lista somam R$ 2.805.000 em verbas direcionadas pela legenda.


 

A estratégia parece favorecer os dois únicos nomes do partido que ocupam uma vaga na Câmara e buscam uma reeleição, Marilda Portela, que puxa o ranking com R$ 830 mil recebidos do PL, e Cláudio do Mundo Novo, cuja campanha já obteve R$ 565 mil.


Nomes ligados aos principais cabos eleitorais locais da legenda também tiveram a campanha turbinada. Vile dos Santos é ex-assessor do deputado estadual Bruno Engler (PL), candidato pela segunda vez à Prefeitura de Belo Horizonte. Vile já recebeu R$ 350 mil do PL para o pleito deste ano.


Assim como seu padrinho mais próximo, o candidato a vereador é um inveterado seguidor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e figurinha carimbada nas passagens do principal nome do partido por Minas Gerais. Vile também acompanha boa parte das agendas de Bruno Engler em sua empreitada pelo Executivo da capital.



Ex-vereador de BH e deputado federal mais votado da história de Minas Gerais, Nikolas Ferreira (PL) também tem um apadrinhado na corrida pela Câmara Municipal. Ex-assessor do parlamentar, Pablo Almeida é o quinto na lista dos que mais receberam dinheiro do partido na briga pelo cargo de vereador, com R$ 250 mil registrados na Justiça Eleitoral até a última segunda-feira.


Almeida segue a cartilha do bolsonarismo digital e se associa umbilicalmente às figuras de maior projeção do partido, em especial o ex-presidente e Nikolas Ferreira. Nas redes sociais, o candidato soma vários conteúdos ao lado do deputado, vários deles no formato de esquetes e piadas e usa o nome do parlamentar até no jingle de campanha.


Sem padrinhos notabilizados, a advogada e consultora eleitoral Juliana Gallindo recebeu R$ 580 mil do PL em sua campanha e ocupa a segunda posição da lista. A sexta colocada é Dai Dias, também com histórico de atuação na Assembleia Legislativa, que recebeu R$ 250 mil da legenda.


A reportagem entrou em contato com a presidência do PL em Minas Gerais e com o responsável pela elaboração da chapa de candidatos a vereador do partido para questionar sobre a estratégia de concentração do valor destinado pela legenda em poucos candidatos. Até a última atualização desta matéria, não houve resposta.



Descontentamento


Partido historicamente fisiológico, o PL guinou à direita e à extrema direita a partir da entrada de Bolsonaro para concorrer à reeleição em 2022. Hoje a legenda abriga uma série de candidaturas ligadas não apenas ao ex-presidente como de igrejas neopentecostais e figuras relacionadas com as forças de segurança pública. O alinhamento ideológico somado às altas cifras disponíveis no caixa “liberal” deram a muitos aspirantes a vereador a expectativa de contar com uma grande estrutura para a realização de campanha.


Fontes que coordenam as campanhas de menor projeção no PL afirmaram à reportagem que há um clima de descontentamento no partido com a predileção na distribuição dos recursos. A duas semanas e meio do dia da votação, o cenário é de corrida contra o tempo para obter verbas da legenda e recuperar o prejuízo.


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As doações de pessoas físicas também são uma alternativa para quem tenta se viabilizar dentro da disputa e até se favorecer dos votos puxados pelos candidatos mais populares. Os nomes do PL para a Câmara já receberam mais de R$ 308 mil nessa modalidade. Uma das principais doadoras é a candidata a vice de Engler, Coronel Cláudia (PL), que é a principal financiadora de seis concorrentes pelo partido, todas mulheres.